capítulo 13 DELÍRIOS

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HAYDEN SCOTT

- Você não recebeu as cartas, não é? E seu avô não te contou da casa? - pergunto cabisbaixo, relembrando todo o meu desespero ao vê-lo levando-a embora, levando a minha garota para longe de mim. Eu escrevi cartas todos os anos em seu aniversário. Tinha um restinho de esperança de que ela voltaria. Mas no seu décimo sexto aniversário, eu desisti. Perdi as esperanças.

- Como assim, Hayden? - pergunta ela atordoada.

- Esse não é o momento certo, não quero estragar o nosso dia. Vamos. - seguro em sua mão, mando as lembranças para longe e vamos embora. Abro a porta do carro para ela entrar e vou para o banco do motorista.

- Quer beber algo? - pergunto para quebrar o silêncio, ao perceber que ela estava se perdendo em pensamentos, olhando as casas velhas através da janela.

Ela não responde, provavelmente não me ouviu. Tenho certeza de que as minhas palavras criaram uma lacuna de perguntas. Maldita hora para abrir a boca, Hayden.

- Kaylee? - pergunto tocando em sua coxa, coberta pelo tecido.

- Ah, oi, desculpe... eu estava... - ela abaixa a cabeça, tentando encontrar as palavras para dizer que eu estraguei seu dia, falando do passado.

- Tudo bem, você quer beber algo? - pergunto apertando sua coxa.

- Eu queria um milk shake de morango. - diz sorrindo e a animação toma conta de seus lindos olhos novamente.

Paro meu carro em frente a uma sorveteria e vou abrir a porta para ela.

- Obrigada, Hayden. Eu vou ficar te esperando aqui, ok? - seus olhinhos brilham. Dou um beijo estalado em sua bochecha e vou para dentro do estabelecimento.

- Um milk shake de morango e um chá gelado, por favor. - peço olhando para a senhora no balcão. A mesma senhora que me aconselhava quando eu era mais novo, quando os dias pareciam estar mais nublados que o normal.

- Está aqui, meu querido. - a senhora me entrega os dois copos. - Como você está, filho? Você cresceu bastante, e ficou muito bonito.

- Estou ótimo, muito obrigado. Tenha uma boa noite, Dona Maria. - sorrio e me distancio dela.

Vou caminhando para fora e escuto uma discussão. Me deparo com um homem tentando agarrar a Kaylee, enquanto ela esbraveja igual a um pinscher. Me aproximo, apertando os copos, já imaginando eu acertando meu punho em cheio no seu olho direito.

- Se eu fosse você, me afastaria dela agora mesmo. - falo com a voz baixa e calma.

- Eu sei me defender, Hayden, eu já falei que estou acompanhada e esse arrombado não desiste. - pela primeira vez, vejo ódio genuíno em seus olhos. Seria doentio falar que ela ficou extremamente atraente com raiva?

O homem se afasta dela para olhar em meu rosto. - Qual foi, garoto? Eu posso muito bem te mandar para o inferno agora mesmo. - diz olhando para mim, parado na frente da Kaylee, que nem se movia, olhando séria em seu rosto.

O homem mal termina a frase e o punho da minha garota acerta o seu rosto; não consigo conter uma gargalhada. O marmanjo passa a mão em seu rosto, ainda sem acreditar na audácia dela.

- Tente fazer algo com ele, e você morre. - diz apontando seu dedo no rosto do cara.

Me pergunto se ela realmente não sabe de nada. Analiso os movimentos do homem, tenho certeza de que atacaria ela nesse momento, e na velocidade da luz, apareço entre eles dois, assustando o homem, que dá um passo para trás. Entrego os dois corpos para Kaylee e mando ela me esperar no carro; a mesma obedece sem reclamar e olha para o homem com deboche. O homem me empurra e acerta um soco em meu rosto. Sorrio, sentindo o gosto de sangue em minha boca.

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