Capítulo 10.

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Acabei dormindo o resto daquela tarde, as imagens da minha irmã ainda me perturbavam quando Lalisa não estava por perto, me sentei na cama e vi que Lalisa não estava ali.

A porta do quarto se abriu mas não havia ninguém, escutei algumas batidas na janela, mas não me aproximei, a cortina estava fechada então não consegui ver quem estava ali.

Me levantei da cama e olhei se tinha alguém no corredor mas não havia ninguém e estava tudo escuro, desci as escadas e não tinha ninguém em casa, achei estranho, fui até o jardim mas lá também não tinha ninguém.

Subi para o quarto e fechei a porta, as batidas na janela continuaram, meus batimentos começaram a acelerar, algo iria acontecer, gritei quando a janela se quebrou.

Começaram a atirar dentro do quarto, eu gritava para pararem com aquilo, meus ouvidos doíam, rolei para fora da cama e saí correndo do quarto.

Todas as janelas se quebraram no segundo andar e eu podia escutar atirarem diversas vezes, desci as escadas chorando e corri até a porta da sala, eu precisava saber onde Lalisa estava, eu precisava dela.

Abri a porta da sala e vi aquelas três pessoas reunidas novamente e minha irmã estava ali no meio, bati em minha cabeça tentando acordar daquele pesadelo.

Ela caiu novamente na grama e disse meu nome, neguei com a cabeça chorando, aquilo não era real.

-Jennie, me ajuda..

-ISSO NÃO É REAL!! VOCÊ ESTÁ MORTA.

-JENNIE, ME AJUDA!

Minha irmã gritou de volta e tampei os meus ouvidos chorando, entrei para dentro da casa e fechei a porta, me virei e minha irmã estava parada na minha frente.

-Você não me ajudou mais uma vez.. talvez você goste, vamos testar se fosse o contrário.

Tudo ficou escuro e eu estava ajoelhada naquela grama, Lalisa bateu em meu rosto e caí na grama, minha irmã estava parada na porta da casa sorrindo malvada, não pedi sua ajuda.

-Não vai pedir pena?

-Você não teria coragem de fazer isso comigo.. desde o momento em que ela entrou na sua vida, ela sempre fingiu ser eu, você quer matar a mulher que te traiu, não a versão que você sempre amou.

Lalisa ficou em silêncio e se virou atirando em minha irmã, a vi morrer pela segunda vez, meu corpo se assustou, me levantei e impedi Lalisa de atirar novamente.

Mas ela atirou em mim.

{...}

Meu corpo acordou com o barulho do tiro e me sentei na cama, Lalisa abriu a porta do quarto e colocou um copo de água encima do criado mudo, ela se sentou ao meu lado e segurou minha mão.

-Foi apenas um pesadelo.. está tudo bem.

Ela beijou a palma da minha mão e passei para o seu colo, ela me abraçou e mostrou estar ali.

-Eu peço desculpas a você por ter te feito presenciar aquilo tudo, nunca foi sua culpa, foi minha, agi por impulso por atirar em sua irmã, confesso que estava irritada e chateada com ela, mas não sabia o quanto isso causaria em você..

Ela levou as mãos até meu cabelo penteando meus fios desalinhados.

-Não posso trazê-la de volta, mas posso te dar a sua liberdade de volta, você me mostrou confiança, empatia e nunca me culpou pelo o que eu fiz, é o mínimo que posso fazer por você.

-Eu não quero ir embora.

-Não quer?

Neguei com a cabeça a olhando.

-Eu me sinto bem com você, jamais me senti assim, não posso dizer que o que você fez foi certo, mas jamais te culparia pelos erros e mentiras da minha irmã, não é a mim que você deve pedir desculpas. Eu cheguei a pensar que minha irmã te amava.. mas ela se importava apenas com ela mesmo.

ANOS ATRÁS..

Me tranquei no quarto e gritavam na cozinha, eu podia escutar vidros serem arremessados, minha irmã estava sentada no canto do quarto, ela estava com a cabeça encostada no colo e eu a podia ouvir chorar.

Por mais que eu fosse mais sensível aos gritos eu ainda a ajudei, peguei meus fones de ouvido e liguei uma música calma e coloquei em seu ouvido, ela levantou a cabeça e piscou algumas vezes.

Os barulhos dos vidros aumentaram e começaram a gritar, os passos foram para o corredor e os gritos também.

-VOCÊ NÃO PODE FAZER ISSO!

-NÃO POSSO? VOCÊ NÃO MANDA EM MIM.

-SE VOCÊ FOR EMBORA.. EU MATO ELAS.

Mamãe gritou e socou a porta do nosso quarto e me assustei.

-Se você encostar um dedo nas minhas filhas, eu não vou responder por mim.

Papai usou o tom de voz alfa e escutei mamãe gritar, tampei meus ouvidos e naquela altura eu já estava chorando.

-Está me ameaçando?

-Sim.

-VOCÊ ESTÁ AGINDO ASSIM PORQUE VOCÊ PREFERE AQUELA GAROTA DO QUE EU, EU SOU SUA ESPOSA, EU DEVIA SER A SUA PRIORIDADE!

-Ela é minha filha, e eu não vou aceitar que você a trata com indiferença com esse ciúmes idiota, você não tem noção dos danos que você está a causando, você tem noção que o braço dela está roxo por sua culpa?

-ELA MERECEU!

Eu podia ouvir papai respirando fundo, mamãe socou a porta novamente do quarto, minha irmã estava entrando em crise, era minha culpa aquela briga, eu não gostava disso.

Eles continuavam a brigar, eu queria que eles parassem com aquilo, eu não estava aguentando mais aquelas brigas, a janela da sacada estava destravada, se eu me jogasse os problemas e as brigas acabariam.

Andei até a sacada e coloquei um banco para ficar mais alta, minha irmã começou a gritar e os gritos do lado de fora pararam.

-SAI DAÍ, JENNIE.

Escutei tentarem abrirem a porta, minha irmã tentou me tirar dali mas empurrei as mãos dela de mim, ela ainda gritava tentando me segurar, meu pai ficou desesperado no corredor.

-PAI, A JENNIE TÁ NA SACADA!

-JINA ABRE A PORTA!

-SE EU SOLTAR ELA, ELA VAI CAIR.

-MERDA, ISSO É CULPA SUA!

Tirei as mãos da minha irmã de mim e pulei do segundo andar, tudo ficou silencioso, minha cabeça doía e depois disso eu perdi a consciência.

{...}

Continua..

X - Jenlisa ABO. Onde histórias criam vida. Descubra agora