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   Capítulo 34

Wang Yibo

Depois do encontro com Peng e Autumn, voltamos para minha casa para uma maratona de
Game of Thrones
como tínhamos planejado
.
Eu já estava com tudo pronto — pipoca, refrigerante e o doce favorito dela: copinhos de manteiga de amendoim da Reese.
Era incrível que eu já soubesse o doce favorito dele.

Eu nunca tinha permitido que ninguém se aproximasse o suficiente para descobrir suas preferências.
Eu esperava que a distração ajudasse Xiao Zhan  a esquecer aquela interação com as duas pessoas que mais o magoaram na vida.

Depois de arrumar tudo na mesinha de centro, fui pegar o refrigerante na geladeira e, quando voltei, vi Xiao Zhan  olhando para a tatuagem no espelho. Havia um sorriso triste em seu rosto.
— Tudo bem?
— Tudo. É só... — Ele se virou para mim e encolheu os ombros. — Hoje é o aniversário.
— Ah, eu não sabia...
Senti um nó no estômago ao pensar naquilo. Eu vinha agindo de maneira estúpida... Permitindo que meus sentimentos por ele crescessem. Mas aquilo não adiantaria nada. Ele ainda era um ômega casado, e acabaria voltando para o marido quando cansasse do que eu e ele estávamos fazendo. Além disso, nosso caso de verão logo terminaria e ele voltaria para sua vida real em Atlanta.
Nós tínhamos feito um trato, e ele terminaria no final de agosto; ele seguiria o seu caminho e eu, o meu.
Xiao Zhan  não me devia nada.
Mesmo assim... Eu queria que ele tivesse tudo.

— Então, ver Peng na cidade com Autumn deve ter sido difícil para você — comentei.
— Não, Yibo. — Ele negou com a cabeça, colocando a mão no meu braço. — Não é o aniversário de casamento. É o aniversário do primeiro bebê que perdi.

— Ah, meu Deus. Sinto muito. — Eu me sento um idiota.

— Não. Está tudo bem. Na verdade, não está, mas está, sabe? É por isso que eu quis fazer a tatuagem hoje, para honrá-los. Mas não vou mentir: ver Autumn hoje e sua barriga crescendo, especialmente hoje, me atingiu em cheio.

— Não consigo acreditar que aquilo aconteceu — sussurrei, colocando uma mecha do cabelo dele para trás da orelha. — Eu não consigo compreender como eles dois tiveram a coragem de fazer aquilo com você.

— Ela deu a ele a única coisa que eu não consegui — comentou Xiao Zhan . — Aquilo era tudo o que eu queria ter feito por ele, sabe? Por mim. Tudo que eu sempre quis foi ter uma família, ser mamã e, por algum motivo, eu não consegui fazer a coisa que todos os ômegas deveriam ser capazes de fazer. Eu não consegui...
Ele respirou fundo e fechou os olhos. — Tudo que eu queria era dar uma família para Peng e, em vez disso, ele saiu de casa e criou uma para ele.
— Sinto muito, Xiao Zhan .
Ele abriu o sorriso mais triste e deu de ombros.
— Às vezes, a vida é tão injusta, mas acho que as coisas são como são. Acho que sou só o quase ômega, sabe?

— Quase ômega?

— Sabe... — Ele respirou fundo. — O ômega que quase consegue realizar todos os sonhos. Que quase consegue o amor eterno. Que quase teve um casamento eterno e foi um quase mamã. Mas, depois de sete perdas, eu finalmente percebi que aquilo não era para mim. Os médicos disseram que se eu continuasse tentando, o meu corpo não ia aguentar, mas, na verdade, eu estava mais preocupado com a minha mente. Eu sentia que estava enlouquecendo a cada dia que passava. E não tive tempo de resolver isso antes de Peng me abandonar. Minha mente estava tão frágil. Meu coração, partido. Eu estava farto de quase ser alguém, isso é tudo.
— Isso não existe — falei para ele, pegando sua mão. — Ser um quase mamã, não existe. Você teve sete filhos, tenham eles chegado aqui ou não, e isso não apaga o fato de que eles existiram. Eles eram seus filhos e tiveram o seu amor incondicional, mesmo que apenas por um pequeno tempo. Você é mamã, Xiao Zhan . E sinto muito por você nunca ter podido segurar seus filhos no colo, mas você é e sempre será mamã.

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