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Capítulo 39

Wang Yibo

— Vai fechar mais cedo hoje? — perguntou Haiukan, um pouco surpreso. — Você nunca fecha a oficina mais cedo.

— Eu sei, mas tenho planos esta noite.

Ele arqueou uma das sobrancelhas.
— Planos? Com um ômega chamado Xiao Zhan?
— Não faça isso — pedi.
— Fazer o quê?
— Sorrir.
— Eu sempre faço isso.
— Eu sei, mas é irritante — brinquei.
— Então, vocês dois estão... namorando?
— O quê? Não. Nós somos só.... amigos.
— Amizade colorida.
— Algo do tipo.
— Mas é mais que isso — comentou ele. — Tão mais que isso.
— Haiukan, vou precisar que você cale a boca agora.
— Tudo bem, mas só estou falando que não tem problema você gostar de alguém. Eu sei que você acha que tem, mas não tem. Faz parte da natureza humana.

Franzi a testa e encolhi um dos ombros, enquanto guardava as ferramentas.
— Eu não posso gostar dele, Hai. E, mesmo que eu gostasse, ele vai embora da cidade em algumas semanas.
— E daí? Vá com ele.

Revirei os olhos.
— Até parece.
— Cara, estou falando sério. Saia desse inferno e vá viver sua vida. Mesmo que não seja com Xiao Zhan, você pode ir embora deste lugar.

Eu bufei.
— Não é como se eu pudesse deixar o meu pai. O único motivo de eu ter conseguido ir para a reabilitação foi porque você entrou em cena, e eu jamais vou pedir para você fazer isso de novo.
— Cara, seu pai não é responsabilidade sua.
— Eu não vou deixá-lo aqui para morrer. Eu sou tudo o que ele tem..

— Tudo bem, vou parar de falar sobre isso, porque dá para perceber que você está ficando chateado. Só quero que você saiba que o mundo vai continuar a girar mesmo se você for viver a sua vida. Meu ponto aqui é que você tem permissão para ser feliz, talvez mais do que a maioria das pessoas, e acho que Xiao Zhan faz você feliz e que você o faz feliz também.

Engoli em seco.
— Você acha?

— Ele estava pronto para socar um ômega  que estava falando mal de você. Ele é tão protetor em relação a você quanto você é em relação a ele. Eu nunca vi uma coisa que fizesse menos sentido fazer tanto sentido até olhar para vocês dois juntos.

— Ele é tão... bom.

Ele riu, aproximou-se de mim e me deu uns tapinhas no ombro.
— Você também é. Agora vou dar o fora daqui. Divirta-se essa noite, está bem?
— Valeu. Boa noite.

Ele saiu da oficina e eu continuei arrumando tudo antes de voltar para casa e tomar banho. Eu tinha alugado um terno para o evento porque não tinha nada no meu armário que fosse bom o suficiente para o Baile dos Xiaos.

Eu queria ficar bonito para ele. Não queria decepcioná-lo.
O fato de Xiao Zhan me levar àquele evento, de permitir que eu o abraçasse, era mais do que um pequeno gesto. Ele estava fazendo uma declaração para a cidade inteira de que era livre para viver a vida do jeito que ele quisesse.

Eu amava isso e amava o fato de ser eu a entrar de mãos dadas com ele.

Xiao Zhan apareceu na minha casa às sete e meia da noite e, quando abri a porta, dei alguns passos para trás.
Ele estava deslumbrante.

Desde os cabelos  até o smoking , ele parecia um deus.

— Uau — ofeguei. Ele começou a ficar vermelho e eu amei.
— Uau — repetiu ele, olhando-me de cima a baixo. Ele estendeu a mão para mim. — Vamos?

Peguei a mão dela, e caminhamos pelas ruas de Chester. As pessoas nos viram e não nos importamos. As pessoas nos julgaram, mas não ouvimos.
Quando chegamos ao salão da prefeitura, todo mundo se virou para nos olhar. Senti os olhares como um soco no estômago e fiquei imaginando o que estariam pensando.
Que eu não era bom o suficiente para estar de mãos dadas com um dos membros da realeza de Chester.
Como eu era simplesmente um aproveitador.
Quando estava prestes a pedir a Xiao Zhan para irmos embora, ele apertou minha mão, me tranquilizando.
— Momentos poderosos — sussurrou ele, puxando-me para si.

Ele então aproximou os lábios dos meus e me beijou na frente de todo mundo. Eu retribuí, porque como seria possível não retribuir? Tudo que eu queria era sentir os lábios dele nos meus.

— Momentos poderosos — respondi, enquanto nos afastávamos devagar.
De algum modo, naquele exato instante, a opinião de todos ficou oficialmente nula porque Xiao Zhan tinha me escolhido.
Na frente do mundo, ele pegou a minha mão e não a soltou...

(....)

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