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Capítulo 51

Wang Yibo

Até onde eu sabia, meu pai estava se mantendo longe da bebida. Eu me sentia extremamente grato por aquilo. Nunca mais queria vê-lo do jeito que ficou no hospital. Eu nunca tinha sentido tanto medo em toda a minha vida.
Na tarde de quinta-feira, fui até a oficina e senti um nó no estômago ao ver meu pai em uma escada arrancando o letreiro da fachada.

— Pai, o que você está fazendo? — perguntei, indo até ele.

— Fechando a oficina — respondeu ele.
— O quê? Como assim, fechando a oficina?
— É exatamente o que acabei de falar. — O letreiro caiu no chão e meu pai desceu da escada. — Eu vendi a oficina — resmungou ele, entrando, deixando-me perplexo.

— Você andou bebendo? Você não pode simplesmente desistir de tudo — argumentei, entrando atrás dele.

— Na verdade — disse ele, dando de ombros —, eu posso fazer exatamente isso. Eu vendi a oficina, a casa, o terreno e todo o resto.

— Você está de sacanagem! Você vendeu a minha casa?

— Bem, não é mais sua.

— Para quem você vendeu? Eu vou pegar de volta. É óbvio que você não está bem. Você passou por muita coisa nessas últimas semanas, e você está confuso.
— Não. Pela primeira vez em muito tempo eu estou pensando de forma clara.
— Mas...
— Que tipo de arte? — perguntou ele, pegando-me de surpresa.
— Hã?
— Que tipo de arte você gostaria de estudar? Para onde você iria para aprender diferentes técnicas?
— Você precisa descansar.
— Eu já dormi o suficiente. Agora, venha aqui. — Ele fez um gesto para eu me aproximar, e eu hesitei. — Venha logo, filho, eu não tenho o dia todo. Venha aqui.

Ele me entregou um cheque de uma quantia absurda.
— O que é isso? — perguntei.

— A sua parte da venda. É claro que você ainda não vai ver a cor do dinheiro até o pagamento sair e a documentação for feita e essa merda toda, mas é o suficiente para você viver por um ano ou mais.
— Como assim?

— Você está livre Yibo — declarou ele, abrindo um meio sorriso. — Vá se encontrar.

— Pai, você está sendo ridículo. Sei exatamente quem está por trás disso, e vou resolver tudo. Não se preocupe.

Antes de ele ter a chance de responder, eu já estava a caminho da casa de Xiao Yu. Estava claro que ela estava por trás da compra da nossa propriedade. Ela vivia insistindo que queria ampliar a igreja. A situação tinha o nome dela carimbado.
Respirei fundo enquanto aguardava que ela abrisse a porta.

— Yibo? O que você está fazendo aqui? — perguntou, confusa.
— Você realmente não conseguiu se controlar, né? — gritei, sentindo a respiração ofegante.
— Eu não sei do que você está falando.
— Não banque a idiota. As nossas terras, a oficina do meu pai — expliquei. Ela arqueou uma das sobrancelhas.
— Ele vendeu tudo para você e para a igreja.
— O quê? — perguntou ela, pasma.
— Desculpe, mas eu não sei do que você está falando...
— Pare com esses seus joguinhos e seu fingimento.
— Ela não está fingindo — interveio Fengmian, indo até a varanda. — Ela não teve nada a ver com isso. O negócio foi feito entre mim e Qiren.
— O quê?
— Ele me procurou na igreja na outra noite e me perguntou se a oferta que Yu tinha feito ainda estava de pé — explicou-me ele.

— Por que ele faria uma coisa dessas? Por que você deixou que ele fizesse uma coisa dessas?

Fengmian baixou o olhar e cruzou os braços.
— Ele me procurou e me disse que estava cansado de sentir tanto ódio. Que estava farto de estar sempre zangado e que se continuasse naquela propriedade, o ódio ia continuar dentro dele. Então, ele queria se livrar de tudo. Mas queria se certificar de que você tivesse dinheiro suficiente para sobreviver sem a oficina. Eu entendi isso também. Querer se livrar de todo o sofrimento do passado. Eu só pedi uma coisa em troca de fechar o negócio.
— E o que foi?
— Reabilitação.
Senti um aperto no peito.
— Reabilitação?
— Isso. Ele vai passar um tempo em uma das melhores clínicas de reabilitação dos Estados Unidos. Vai receber o melhor tratamento feito pelos melhores médicos nos próximos meses. Vai ser difícil para ele, mas ele concordou. Seu tio disse que vai levá-lo à clínica nesta quinta-feira.

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