Chapter 20

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Barry precisou piscar algumas vezes, o traje o havia protegido, mas seu corpo estava dolorido devido ao impacto da onda enérgica. Suas palmas bateram no uniforme escarlate, limpando a sujeira ali alojada, e por fim, ele observa ao seu redor. O que antes era uma zona árdua de guerra que o mantinha ocupado desviando de ataques mágicos, agora era um vão de corpos que se decompunham em um pó escuro. Suas inúmeras batalhas compartilhadas com Diana e Bruce o haviam munido com uma tranquilidade ímpar, saber que eles sempre tinham um plano efetivo o deixava calmo para ofertar tudo de si, certo de que seus companheiros eram os mais competentes existentes, contudo, nenhuma destas vezes passadas, o preparou para a grandiosidade deste planejamento. O caos se transformara em um silêncio mórbido, e o cenário que antes estava repleto de inimigos, comportava apenas os mais fortes e resistentes, que mesmo abatidos tentavam se reerguer, tudo em fração de segundos, até para o homem mais rápido do mundo foi de difícil tangenciamento.

Kal pousara instantes depois, sua armadura havia cedido a maior parte da energia, e ele agradecia a Hefesto silenciosamente pela magnificência de funcionalidade do traje, este que havia ido juntamente com a explosão, fazendo-o voltar ao seu habitual de cor preta. Ele assistiu quando Diana e Hera sumiram de seu campo de visão, e sua agitação teve início quando não conseguiu acompanhar os batimentos dela, percebendo que todos os outros deuses também haviam ido.

- Diana? - Seu indicador se apoiou no comunicador em seu ouvido, a cabeça pendendo para aquele lado, um hábito adquirido em seus anos de convivência com os humanos.

Foram longos minutos sem resposta até que um brilho forte surgisse em sua frente. Athena e Hermes, ele reconheceu, se personificaram, mas o que chamou sua atenção foi o corpo desacordado nos braços do deus mensageiro.

- Diana. - A pronúncia saiu em um desespero enquanto ele se aproximava, tomando o corpo para si.

Seu coração se contorceu, e ele teve vontade de gritar. As pernas falhando, porém sua força de vontade o manteve sóbrio e forte para recolhê-la em seus braços. Seu uniforme fora profanado, na altura do epigástrio, era de onde o sangue parecia jorrar de maneira inadvertida. A pele pálida e gélida não contribuíram, e as manchas negras que começavam a se espalhar aos arredores do ferimento o elevaram a níveis inadvertidos de sensações ruins.

- O que fizeram com ela? - A voz ressoou em uma espécie de vociferação, os olhos tomados em um vermelho irracional sendo direcionados aos dois olimpianos em sua frente.

- Ela fez o que tinha de fazer. Precisa de cuidados agora. Agora, filho das estrelas. - Enfática, Athena olhou-o nos olhos sem o menor receio, embora ele notasse faíscas de preocupação.

Tudo ainda parecia turvo, e quando ele apareceu diretamente na Ilha da Cura, suas percepções demoraram mais que o comum para assimilar  que Hermes havia sido o responsável por tal. Indicando em um gesto silencioso que ele deveria colocá-la sobre a maca, a própria deusa se empenhou em virar o raio púrpura naquela direção. Relutante em deixá-la ir, ele a deitou a contragosto, embora seus dedos ainda buscassem contato com a pele alheia. Hermes se mantinha parado, os braços cruzados enquanto o corpo pendia contra o umbral do vão de entrada.

- Ela esteve fora por minutos, isso...

- O tempo no Olimpo é distinto do que vocês vivenciam aqui. Deve se lembrar de Asgard.

A solenidade com a qual Hermes pronunciara a fala o fez fechar seus dedos em punho, sua pele pinicando em uma raiva crescente. Sua mulher estava ferida a sua frente e ele agia como se não fosse nada demais.

- Respire, Kal-El.

Seu olhar se voltou para Athena, a mandíbula tremulando, e as lágrimas se misturando com o carmesim que voltara a ressurgir em seu olhar.

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