Capítulo 01 - Cirurgia

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Rafael.

Acabo de sair do meu carro e vou em direção ao hospital, sou médico cirurgião daqui. O quê? Surpresos? Qual é o jeito mais fácil de se ter sangue na hora que quer sem precisar atacar alguém ou sujar o meu jaleco? Simples, roubando da área de doações, lá eu tinha até escolha, que tipo de sangue eu queria no momento, A+ e A- eram bons, B+ e B- melhores mas o O - e o O+ eram de se empanturrar de tão bons.
Tinha apenas um tipo de sangue que eu nunca havia experimentado, eu e todos os vampiros da minha geração, o sangue "Golden", esse é um tipo de sangue especial e muito raro, ele tem traços leves de Dourado em meio ao vermelho, um dourado que só um vampiro pode identificar e tem mais uma maneira de saber se um Golden está por perto, o cheiro, o cheiro deles é extremamente forte e faz os extintos dos vampiros aumentarem na hora, é como sentir cheiro de um churrasco a quilômetros e querer se esbaldar, um Golden era o churrasco mais delicioso que um vampiro provaria no mundo mas pelo que sei, eles não aparecem a anos, estão extintos e embora eu seja um vampiro, envelheço como um humano e no auge dos meus 31 anos, nunca vi ou se quer sentir um Golden, até que um aparece na minha mesa de cirurgia aquela amanhã e se controlar vira meu foco principal, eu queria muito enfiar as presas nela imediatamente mas a sala de cirurgia contava com um anestesista e mais duas enfermeiras.
– Qual é o caso, não fui informado ainda.– Afirmo, pegando a ficha daquela mulher das mãos da enfermeira, a moça em questão estava desacordada e com muitos cortes, provavelmente a limparam porque há vestígios de sangue em seus corpo e principalmente no rosto, o que dificultava ainda mais o meu auto controle.
– Acidente de carro, não há feridos além dela.– A enfermeira afirma.
Começo a passar os olhos na ficha.
"Diana Elizabeth Castro, tem 26 anos e estuda jornalismo, trabalha meio período em uma lanchonete, seus parentes mais próximos moram no Rio Grande do Sul e só chegaram amanhã."
– Deram total autorização por telefone já que ela está inconsciente desde que chegou aqui.– Explica, a enfermeira.

Eu não podia operar uma Golden, ninguém ali tem idéia do que aquela sangue é pra mim, se apenas encostar na minha mão eu...eu vou atacar ela.
Respiro fundo, "se controla Luan.."
– Tudo bem, Doutor? É uma cirurgia simples no intestino, temos que parar o sangramento dela.– O anestesista afirma.
– Chamem outro cirurgião, eu vou coordenar a cirurgia e o que ele vai fazer ou não.– Digo, eu não posso encostar no sangue dela.
– Não há outros cirurgiões disponíveis agora, está passando mal? – A enfermeira questiona.
Vamos lá Luan, você faz isso a anos, consegue dar conta não é? Se a Golden morrer, você pode dissecar o corpo e ficar com todo o sangue por anos mas... você fez um juramento como médico, salvar qualquer pessoa, sem excessão.
– Tudo bem, vamos começar.– Digo, pegando o bisturi.
Seguro o ar várias vezes no decorrer da cirurgia, tentando segurar o cheiro dela fora das minhas narinas, também fico trocando de luvas a cada vez que seu sangue toca a minha mão e por isso a cirurgia demora mais tempo do que o necessário.
Ao terminar, eu praticamente corro para o banheiro no quarto que os médicos do hospital usavam para descansar e tomo um banho daqueles, se não apagasse o cheiro e o sangue dela do meu corpo...capaz deu atacar ela no meio da noite, a sorte dela é que eu sou o único vampiro do hospital, sorte ou azar, não é?

Horas depois eu ainda posso sentir o cheiro dela do refeitório, mas continuo segurando o fôlego, não sei como eu estava tendo tanto auto controle, ela estava inconsciente, talvez uma mordida saciasse essa minha vontade, ou faria eu querer mais depois de provar.
– Porque você nunca come aqui no hospital mesmo, Luan? – Helena, uma médica ortopedista que eu conheço desde que entrei no hospital me pergunta.– Há, lembre, a comida do hospital é horrível e você é alérgico a gosto ruim.– Diz, sorrindo.
Talvez a comida do hospital tenha melhorado, subido de nível desde que Diana chegou.
– Estou pensando em experimentar, talvez eu mude de idéia, não é? – Indago, sorrindo enquanto ela acena que sim.
Saio dali, totalmente disposto a "experimentar" a nova comida do hospital, caminho devagar até o quarto de Diana, nem preciso perguntar onde é, o cheiro do sangue dela me leva até lá.
Saber que beber apenas um pouco já me dá, dois ou três anos a mais de vida me alegra, se eu beber tudo, ou melhor, secar ela e guardar o sangue em uma garrafa, beber um gole a cada mês, quantos anos eu não ganharei? Dizem que um sangue Golden deixa um vampiro até mais forte, quero matar essa minha curiosidade.

(...)

Assim que abro a porta, me decepciono, a mulher está acordada, de costas para mim, olhando pela janela, ela ainda não me viu.
Talvez, eu devesse tentar, o quarto era particular, ela estava sozinha e os parentes só chegariam amanhã.
Antes que eu a toque, ela se vira de uma vez e toma um susto, eu estava ao lado de sua cama.
– AI MEU DEUS! – Grita, mas parece ficar aliviada quando vê meu jaleco.– O senhor me assustou, doutor.– Diz, sorrindo.
Os olhos dela era de um tom diferente do castanho, eram quase pretos mas dava para ver a diferença, o sorriso, mesmo estando aparentemente fraca e com pontos na barriga, ela sorria?
– Foi o senhor que me operou, não é? Disseram que foi um médico bonito.– Afirma.
– Fui eu, sim.– Admito.
– Obrigada por salvar a minha vida, mesmo sendo só uma garçonete, eu que sustento meus pais no outro estado e me mantenho aqui, eles precisam de mim, sabe? Não posso morrer até dar uma boa vida a eles.– Diz, porque ela continua sorrindo?
– Porque não faz algo que pague melhor? – Questiono.
– Doutor..– Ela olha para o meu jaleco e identifica o meu nome.– Luan Rafael, eu trabalho no que aparece, não dá pra ficar escolhendo.– Dá de ombros.– Como fez para pagar a sua faculdade de medicina? – Indaga.
– Minha família tem propriedades e elas são herdadas de pais para filhos a anos.– Admito.
– Sua família foi bem esperta em pensar no futuro.– Diz.
A verdade é que vampiros antigamente eram livres para matar abertamente, para rouba também e aproveitavam da força que temos sobre os humanos e sobre os vampiros de olhos pretos, mais fracos, ou seja, tudo que tenho foi ou roubado ou tirado a força num passado distante.

– Sejam bem vindos.
– Não esqueçam de comentar!!

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