THE GREAT WAR - f. odair

007. tragic love

HORAS SE PASSARAM desde o desfile dos tributos, Anastasia estava em seu quarto se preparando para o início do treinamento. A garota estava nua enquanto se olhava do enorme espelho que tinha no banheiro de seu quarto. Eram cicatrizes espalhadas por todo o corpo, de feridas profundas que foram feitas durante a sua participação nos Jogos. Uma específica a chama atenção e por mais que a ferida tenha sido dolorida, a história por trás era linda. A lembrava de seus pais, e era perto do seu quadril. Sua mão passou por cima e uma lágrima solitária caiu de seus olhos. Batidas na porta a tiraram de seu transe, ouviu alguém a chamar e rapidamente colocou a roupa planejada para seu treinamento.

— Já estou indo! — Anastasia gritou de dentro do banheiro enquanto terminava de pôr seus sapatos. Quando terminou, abriu a porta e Finnick estava lá, sentado em sua cama. — O que você quer?

— Conversar. Te explicar tudo. — Ele disse, com sua cabeça abaixada e um semblante triste.

— Pode começar.

— Quando eu ganhei os jogos, eu voltei pra casa sabendo que eu já teria que ir embora. — Ele pausou para olhar para a garota. — O presidente ameaçou matar minha família se não morasse na capital. Voltei para o seu aniversário, sumi no outro dia porque não aguentaria ver você chorar, me pedindo pra ficar. Porque eu juro, Ana, que eu fugiria com você pra qualquer lugar se você pedisse. — Finnick estava com sua voz embargada, Anastasia não tinha reação e só escutava tudo o que o rapaz a dizia. — Quando eu voltei pra Capital, Snow começou a me vender para os membros de alta classe de lá. E não era qualquer venda, eu era usado por eles e quando..

Finnick foi interrompido pela garota que correu para abraçá-lo. Um silêncio ensurdecedor consumiu o quarto e os garotos ficaram por minutos abraçados sem dizer uma palavra sequer.  Anastasia teve seu coração arrancado mais uma vez, ao ver todo o sofrimento do amigo. 

— Eu não quero que ele arranque você de mim. Porque eu te amo, Ana. — Ele disse, quebrando o silêncio e tomando toda a atenção da garota para si. — E ele tira tudo o que amamos. Ele é um sanguessuga.

— Você não vai me perder. Nunca.

Apresentação no Caeser.

— Então, Anastasia. Onde você esteve todos esses anos? — Ele perguntou para a garota em um tom brincalhão. — Todos pensaram que você estava morta!

— Bicho ruim não morre tão cedo, você deveria saber, Caeser — A garota estava rindo.

— Ah, Ana! — Todos ali presentes riram da "piada" da garota.  — Então, algum garoto que a espera?

— Tenho sim, Caeser — Ela deu uma pausa, uma tristeza falsa a invadiu.

— E quem seria, peixinha da capital? — Ele a perguntou, a plateia estava em silêncio.

— Ah, pra que dizer? Estaremos todos mortos.. — A plateia fez um barulho cabisbaixo.

— Queremos saber, Anastasia. Estamos ansiosos!

— É o Finnick.. — A plateia ficou chocada, mãos eram levadas até a boca e até lágrimas eram derramadas. Tão superficiais.

— Infelizmente nosso tempo acabou! Com vocês, Anastasia Atwood! — Palmas foram dadas e Anastasia se retirou do palco. Finnick se preparava pra entrar, com um sorriso em seus lábios. Ele queria acreditar que as palavras ditas naquele palco, naquela apresentação, eram verdadeiras.

— Uh, aquelas pessoas me enojam. — Anastasia disse ao chegar perto do estilista e do amigo, endireitando seu vestido.

— Sua vez, Finnick. Dê um show! — Corydon disse para o rapaz que foi bem recebido pela plateia. Com gritos eufóricos e palmas altas.

Anastasia se direcionou até a projeção mais próxima para ver a apresentação. Corydon estava do seu lado, observando com seus braços cruzados a apresentação de Finnick para Caeser.

O garoto tinha um sorriso nos lábios, seus braços estavam para trás e estendeu seu braço esquerdo para o público, acenando para os mesmos.

— Finnick Odair, que sortudos somos por estarmos com uma presença ilustre do querido da Capital! — O garoto tinha seu ego massageado, com um sorriso estonteante nos lábios. Suas covinhas apareciam encantando todos de Panem.

— Ah, Caeser! É um prazer e uma pena estar aqui hoje! — Finnick deu um olhar triste, mas superficial. Um olhar falso que ninguém reconheceria.

— Como você está em relação aos Jogos? Tem confiança? — Flickerman perguntou para o rapaz, com suas sobrancelhas arqueadas.

— Nem tanto, queria não estar nesta situação. — Finnick tentava sempre retornar a situação, ele queria parar tudo aquilo.

— E nesse coração? Tem alguém?

— Anastasia. Eu a amo, Caeser. É um amor tão puro quanto qualquer outro. — A garota suspirou, queria sentir a verdade em seu tom de voz. Mas Finnick estava em um personagem total em cima daquele palco. Era como um bestante.

— É um trágico amor recíproco! — Os espectadores estavam fazendo barulhos decepcionantes. Julius tinha razão, eles amam um amor trágico. — Nosso tempo acabou! Com vocês, Finnick Odair!

Finnick saiu andando do palco, dando suspiros pesados e assim que encontrou Anastasia, a garota deu as costas para o rapaz. Ele sentiu seu coração pesar, ele foi um personagem novamente e sentia pena de si mesmo naquele momento.

— Se eu morrer naquela arena.. — Finnick disse, de cabeça baixa, atraindo atenção de Corydon e de Atwood. — Minha última lembrança será seus lábios.

Anastasia o olhou, um suspiro triste saiu de seus pulmões e uma lágrima solitária saiu de seus olhos. Ela o viu sair, Corydon o acompanhou. Ela sentiu a raiva invadir seu corpo, como na arena e queria matar. Matar o Presidente e acabar com todos os Jogos. Queria acabar com a desigualdade e fazer Panem ser apenas uma. Uma nova Panem.

Ela sentiu a revolução entrar em suas veias, várias ideias a cercaram e um sorriso maléfico surgiu em seus lábios. Ela estava disposta e ela sabia quem procurar, sabia quem seria a máscara da revolução. Katniss Everdeen. Ela sabia quem procurar naquele momento, a garota correu até o mentor do Distrito 12 que se assustou com a garota.

— Tenho ideias. — Anastasia olhou para o mentor, que tinha um copo de bebida alcoólica em sua mão e entendeu o recado.

— Já sei quem procurar. Venha comigo, peixinha! — Haymitch pegou a mão de Anastasia, guiando-a pelos cantos do alojamento.

Era o início de uma revolução.