Eu aceito sair com você

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Yeosang

Yeosang sentia a brisa balançar seus fios e podia ouvir uma música dos anos 90 tocar no rádio, Kang não queria sair daquele carro nunca, o que era surpreendente pois estava do trancado naquele carro com Par Seonghwa, o cara que destruiu seu bebê. Mas a paz não durou muito, pois entraram na garagem do prédio da empresa. Yeosang saiu do carro preto ao lado do outro homem e precisou engolir todo o seu orgulho para dizer simples palavras:

— Muito obrigada.

— O que você disse? — a pergunta foi feita e Kang pode notar o sorrisinho presunçoso que Park tinha, com certeza ele havia escutado e fazia aquilo apenas para deixar Yeosang com raiva.

— Eu disse obrigado! — revirou os olhos, falando com uma voz mais alta naquele momento — você é um chato!

— Eu sou o chato, mas quem está agradecendo é você, gatinho, não eu.

Yeosang não sabia que seus olhos pudessem se revirar tanto, aquele cara era tão irritante e tão bonito, por quê uma pessoa tão chata receberia tanta beleza? Isso não era nem um pouco justo. Fazia com que cidadãos bons e humildes como Kang Yeosang tivessem sonhos eróticos com pessoas que elas odiavam. Yeosang sonhava com aquela voz suave em seu ouvido e aquelas mãos grandes tocando todo o seu corpo e depois...

— Vai andar ou vai ficar parado aí que nem um besta? — estava no estacionamento e ele ainda era um idiota.

— Merda — sussurrou, estava realmente na seca.

Seonghwa

Seria mentira dizer que Seonghwa não notou as bochechas de Yeosang se tornando vermelhas do nada e seu corpo enrijecer, porque notou sim e ficou curioso sobre o motivo de toda aquela reação, pois não era a primeira vez que usava o apelido "gatinho" para se referir a ele, então sabia que isso não era. O problema era que estava tão cansado devido a discussão com aquela modelo e com tanta vontade de voltar a sua sala e tomar um café forte, que nem quis pensar muito sobre, aquele menino era estranho e uma mudança assim não era grande coisa.

Em sua sala, se serviu de um café preto e ligou seu computador, estava odiando esse trabalho, não fazia quase nada, mas o pouco que andava fazendo lhe deixava cansado, ainda não sabia o porquê ter batido em alguém havia afetado tanto seu pai, mas aquilo estava sendo bom, estava recebendo seu primeiro salário e seu pai não falava mais sobre como Seonghwa não fazia nada para ter seu dinheiro, pois agora estava fazendo sim. Ouviu seu telefone tocar e quando viu, era seu pai quem estava ligando.

— O que aconteceu pra você me ligar agora? Não costuma me ligar assim — dizia com o celular na mão.

— Como você pode demitir uma das nossas melhores modelos dessa forma para proteger um mero funcionário? — ouvia os gritos do pai.

— Você deixou que eu cuidasse as coisas, não foi para defender um funcionário, foi para defender a empresa! Imagine se ele postasse algo sobre isso? É o nosso maior estilista, pai, você mesmo disse quando pagou o conserto do carro dele — olhou alguns papéis que estavam em sua mesa. Sim, havia se precipitado defendendo ele assim e demitindo a moça, mas ficou cheio de raiva quando ela falou daquela forma com ele.

— Não precisava demitir ela! As modelos são o rosto da nossa empresa Seonghwa,estilistas podem ser substituídos ou mandados de volta para Seul, você realmente não entende como os negócios funcionam! Resolva esse problema, traga Cho-ah de volta e suma com esse menino! Eu realmente não deveria ter deixado você sozinho na empresa...só faz coisa errada

— Sumir com ele? Como assim sumir com ele? — deixou o papel em cima da mesa e apertou o celular nas mãos — papai, você não estava lá para ver como aquele garoto foi tratado pela modelo, ele não estava errado em nada

— Não estava errado em nada? O traje laranja? Quem arranjou aquele traje?

— Erros acontecem, provavelmente tá assim por causa do carro. — por que estava defendendo tanto aquele menino? — eu cuido disso, não precisa tirar ele da empresa ou sumir com ele, vou fazer uma ligação a Cho-ah — desligou o telefone antes que seu pai respondesse.

Seonghwa não podia deixar as coisas assim, estava se importando demais, sabia disso, mas não podia simplesmente fechar seus olhos para a injustiça que acontecia com o aquele menino. Seonghwa era o único quem deveria deixa-lo irritado. Assim como disse ao pai, foi ligar para a Cho-ah. Se levantou e desceu para o andar logo abaixo do seu onde havia uma sala apenas com as pastas cheias de informações sobre as modelos, seguiu até a inicial da modelo e pegou sua ficha, voltando para a sua sala, discando o número dela em seu telefone e então ligando.

A modelo não demorou a atender, falava com uma voz baixa, parecendo ter chorado a um tempo e estar cheia de expectativa, afinal Seonghwa estava ligando em nome da empresa.

— Ah! Eu sabia que vocês iriam mudar de ideia! Sou a melhor modelo da Étoile, não é? Não me perderiam!

Park Seonghwa odiava saber que apesar de tudo, Cho-ah estava certa em um ponto, estava ligando para pedi-la de volta, tentar mudar sua cabeça sobre Kang Yeosang e impedir que ela fizesse ainda mais a caveira do menino para o seu pai. Já  havia estragado seu carro, não iria ser cúmplice de sua queda.

— Na verdade... — soltou um longo suspiro — vim pedir um favor, não ficou tão irritada por causa de um vestido não é? Eu imagino que não, isso é coisa boba e — Seonghwa foi interrompido por um grito estridente do outro lado da linha

— Boba? Como isso é bobo? Nunca fui tão maltratada assim por ninguem, ainda mais por causa de alguem como ele...da ralé! Irei embora da França e irei assinar com a Alda Entertainment na Coreia do Sul! Me ofereceram milhões e não aceitei devido a minha lealdade com a Étoile, mas pelo que eu estou vendo, apenas eu sou leal e dou importância aos anos em que trabalhamos juntos! Como podem simplesmente me trocar para ficarem com um estilista? Meu Deus!

— Senhorita Cho-ah, veja se entende hm? O senhor Kang tem feito trabalhos ótimos desde que chegou a empresa, este erro...— Seonghwa não acreditava no que estava fazendo — foi meu. Eu disse a ele para levar o vestido laranja a você, pois pensei que a cor laranja seria mais atrativa durante esse desfile. Eu fui irresponsável e o fiz assumir a culpa de um erro que não foi dele. Eu peço que me perdoe e se possível retire suas reclamações sobre ele e me deixe pagar um jantar como um pedido de desculpas.

— Então foi você? Bem...acho que tudo bem... ainda estarei no desfile, com meu vestido roxo e terei um jantar com um homem gato como você, uh, estou tão animada! Se desejava tanto assim sair comigo, deveria ter sido mais direto senhor Park! Eu aceito sair com você a qualquer hora

Yeosang

Soltou um longo suspiro, os cotovelos em suas pernas e a cabeça apoiada em suas mãos. Nunca havia sido chamado na sala do chefe assim e após discutir com Seonghwa e depois daquela briga toda com Cho-ah, sabia que iria ali para ouvir sobre sua demissão, ou talvez um aviso, nunca havia passado por nada disso. Na escola sempre foi um bom aluno, não possuia um único problema com a direção de seu colégio, além de ser aluno destaque, na faculdade era a mesma coisa, seu único problema era em fazer amigos, era sozinho até conhecer Wooyoung, Jung Wooyoung era uma luz em sua vida,  chegou para mudar tudo, era seu melhor amigo desde a época da faculdade e sendo honesto, sem ele Yeosang não seria estilista e talvez nem tivesse entrado na Étoile sem ele, Wooyoun quem havia colocado o seu currículo naquela empresa, pois sempre trabalhou ali. Agora estava estragando todo o esforço de seu melhor amigo por causa de um vestido laranja, Yeosang não queria ver a cor laranja nunca mais.

 — Senhor Kanng, o senhor Park está esperando você  — ouviu a voz de Francine, uma mulher pequena com cabelos loiros e um nariz pontudo, ela era a secretaria do senhor Park.

Respirou fundo mais uma vez e se levanto, retribuindo o sorriso de Francine e seguindo para a sala. Sabia que Seonghwa deveria nutrir um ódio por si, dizia o tempo todo que iria demitir Kang e aquela era a oportunidade perfeita, não durou um dia após o filho gostoso de seu chefe aparecer na empresa e isso era humilhante. Teria que voltar para sua casa em Busan e abandonar Paris, admitir aos pais que estava errado e voltar a fazer medicina. Estava condenado.

Mon CheriOnde histórias criam vida. Descubra agora