Kang Yeosang
Yeosang observou o quarto branco do hospital, alguns tons cinzas se diferenciavam, ou faziam um breve esforço para se diferenciar do branco. Seonghwa havia saído e Kang preferia que ele tivesse saído mesmo, ou tinha certeza que vomitaria de novo. Estar apaixonado por um homem era assim? Pelo visto, era. Não entendia porquê agia assim, era uma droga, que diferença tinha entre o sexo e o amor? Decepcionava sua família de qualquer jeito e amar não era um pecado, mas amar alguém da família Park era sim um. Não por Deus, mas tinham níveis diferentes, Park Seonghwa podia comprar um carro em uma segunda feira qualquer no final do mês, Kang Yeosang lutava para poder comprar comida após um imprevisto como o amassado em seu carro verde limão. Eles não eram do mesmo mundo, mesmo se fosse uma garota, não teriam um final feliz. Sabia do encontro dele com a modelo, ouvia as coisas que os funcionários falavam, nada ficava escondido naquela empresa, e tinha certeza que veria a notícia do casamento em breve.
Não estava bravo com ele, dizendo de modo sincero, até porquê era assim que o mundo funcionava desde o início dos tempos. Reis não se casavam com camponeses. Príncipes se casavam com princesas, não com outros príncipes, como todo filme da disney que assistiu quando era menor. Kang sempre adorou as princesas e as vezes se perguntava se seus mais realmente não desconfiavam nem um pouquinho de sua orientação sexual, nem que fosse apenas um olhar diferente, tinha certeza que sabiam e apenas estavam a espera do momento certo até que finalmente se assumisse um homem gay.
— Graças a Deus! Você me deu um baita susto — Yeosang sorriu quando escutou aquela voz familiar, olhando Wooyoung passar pela porta, usando uma calça jeans surrada e uma camisa social laranja, com uma faixa em sua testa e o cabelo penteado para trás, se assemelhando a um cantor dos anos 90. Kang na cama do hospital agradeceu por ver um pouco de cor naquele lugar branco e cinza — não acredito que comeu no Pierre de novo, você sempre passa mal! E o falafel daquele cara é podre, quando tiver vontade a gente vai no L'As du Fallafel, é mais seguro e eu pago pra você!
— Eu não comi nenhum falafel , Woo, o Seonghwa queria me comprar um carro e eu fiquei nervoso e vomitei quase nos pés dele. — seu rosto estava vermelho de vergonha
— Você é um desastre! — Jung riu, se sentando na beirada da maca, tinha a mão em frente a boca — eu teria aceitado o carro, você foi bem besta, isso sim! Quem não quer ganhar o carro de um ricaço assim de graça?
— Não seria totalmente de graça...nada nessa vida é de graça.
— Ele quer te comer de novo
Imediatamente Yeosang estapeou o melhor amigo. Isso lá era coisa de se dizer? Wooyoung era um sem vergonha, mesmo que tivesse razão sobre Park desejar ter outra noite com ele. Era engraçado, o homem poderia ter quem quisesse e quando quisesse, mas o ser humano era movido a falta e o que faltava para Park era o estilista beijando seus pés.
— Cale a boca! Esta atrapalhando a minha recuperação, vá embora! — empurrou Wooyoung, que não cessou a risada enquanto saia do quarto de hospital.
...
Kang Yeosang nunca foi o exemplo de um homem cristão, mesmo assim, ainda era devoto ao seu Deus. Caminhava de uma forma lenta, observando o campo coberto de flores, junto a uma estrada com tijolos avermelhados, e no fim dessa estrada, uma igreja com paredes pintadas de branco, sinos dourados e uma cruz marrom no topo. Podia ver sua família em frente ao grande portão de madeira da igrejinha, eles riam e brincavam, se sentia em paz e estava em paz. Estava renovado, recuperado. As noites com Park eram uma mera ilusão, uma lembrança do passado, o dia em que vomitou havia passado e estava bem, muito bem. Ao menos deveria estar.
Alguma coisa estava errada, andava e andava e nunca chegava a igreja, ela apenas parecia estar ainda mais longe, tentava andar depressa, apertando o passo e finalmente próximo ao portão. Sentiu o seu corpo ser puxado, suas costas bateram em algo duro e firme, braços grandes e vermelhos lhe rodeavam, Kang tentava se soltar e falhava, se debatia e chorava, chamando seus pais, seus amigos e sua família. Olhou para cima, o ser não tinha um rosto, ou se tinha não conseguia ver.
— Por favor, piedade — estava sem voz após tanto gritar sem ser atendido, mas a pouca voz que tinha pedia misericórdia e Ele atendeu.
Estendeu sua mão forte, coberto de luz e o livrou do pecado. Kang piscava, tentando se acostumar com a iluminação, a luz de seu Deus. Quando se acostumou, podia ver os cabelos negros, os lábios delineados e o nariz empinado, prestou atenção, Yeosang conhecia aquele rosto, estendeu sua mão, tocou sua bochecha, com o dedão contornou seus lábios...
— Estava com tanta saudade de mim assim, gatinho? — Park Seonghwa riu e então Kang notou, não estavam mais no campo de flores, não tinha um demônio o assombrando. O que tinha era ele em um hospital, deitado em uma maca enquanto acariciava os lábios do filho do seu chefe.
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Mon Cheri
FanfictionYeosang era um homem simples e certo, nunca quebrava regras e vivia bem assim. Foi dessa forma que conseguiu ser um dos melhores estilistas da Étoile, seguindo as regras. Sua vida era pacífica e perfeita, até o filho do chefe bater em seu carro. Seo...