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     Capítulo 5

A viagem para Gusu foi mais longa do que Wuxian  esperava.

O trem o levou para o oeste, mas apenas até certo ponto. Seu assento era duro e desconfortável. Não tinha comido nem bebido muito porque tinha muito pouco dinheiro. Mas não desistiu. Viajou de trem por tantos dias que logo perdeu a conta.
Mas, finalmente, após uma jornada exaustiva, chegou à pequena Vila Cayi em Gusu.

Demorou mais do que o necessário para chegar, mas já estava lá. Agora só esperava que alguém o buscasse. Ou melhor, que seu futuro marido viesse ao seu encontro.
Ao pensar nisso, estremeceu, metade com nervosismo e metade com antecipação. Como ele seria? O que pensaria dele?

Olhou em volta e viu que não havia ninguém a esperando. Mas não desanimou, seu noivo já havia avisado que o trem não costumava ser preciso nas chegadas e os passageiros muitas vezes tinham que esperar por horas.
Mas o sol de Gusu estava escaldante e logo Wuxian  desejou uma limonada fresca.
À distância, avistou um restaurante e o que parecia ser uma taverna. Embora fosse jovem e não tivesse visto muito do mundo, sabia que não devia se aproximar desse tipo de lugar. Então decidiu que iria ao restaurante pedir limonada.

Ele apenas tinha que ficar longe da taverna e dos dois alfas parados do lado de fora de suas portas conversando e rindo alto.
Não gostou da aparência deles e do fato de estarem bêbados, então pegou seus pertences e caminhou propositalmente pelo outro lado da rua, ainda olhando para frente.

Mas algo em Wuxian atraiu muita atenção, porque conforme ele caminhava pela rua, as pessoas paravam para olhar.

Por alguns segundos, Wuxian  se perguntou se o seu chapéu ou a roupa tinham algum problema. Ou talvez um botão de sua blusa tivesse se aberto e ele estivesse dando um espetáculo.
Envergonhado, abaixou a cabeça disfarçadamente para verificar se cada botão estava no lugar e se a a calça estava esticada. .

Mais calmo agora, pensou sobre o motivo daqueles olhares curiosos e pensou ter encontrado a resposta.
Aparentemente, a Vila Cayi era  menor do que pensava, e era estranho ver um  recém-chegado e desacompanhado caminhando por suas ruas. Imaginou que não receberiam passageiros com frequência, e por isso sua presença era estranha para eles. Mesmo assim, ergueu o queixo e continuou andando, determinado a começar sua nova vida sem abaixar a cabeça.

— Olha quem está vindo para cá. — A voz de um dos homens assegurou-lhe que não tinha passado despercebido.

— Onde você está indo, precioso? Venha tomar uma bebida conosco.
— Vamos cuidar bem de você.

A risada dos alfas o deixou mais tenso, mas ele continuou andando como se não os tivesse ouvido.

— Parece que não somos do agrado desse ômega — zombou um deles ao vê-lo passar.

— Deixe ele, Ronco, a Madame Ling tem ômegas complacentes que vão te dar menos trabalho.

Outras risadas foram ouvidas novamente, desta vez atrás dele, mas Wuxian  continuou a ignorá-las.

Na verdade, estava a apenas alguns metros do restaurante quando ouviu outro som que chamou sua atenção.
Por um segundo, pensou que era um gato gravemente ferido, mas quando o ouviu novamente, percebeu que era algo completamente diferente.
Infelizmente, ele estava muito curioso e não podia simplesmente ir embora até ter certeza do que era, especialmente porque parecia um bebê chorando.
Wuxian  olhou em volta e viu que o som vinha dos fundos do restaurante. Sem poder evitar, aproximou-se um pouco mais e, entre as latas de lixo, encontrou um embrulho coberto por uma manta esfarrapada.

Não podia ser verdade. Não podia ser o que pensava que era.
Caminhou lentamente para o lado de onde vinha o som, abaixou-se e descobriu o embrulho.

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