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      Capítulo 19



Wangji  estava fora há apenas quinze minutos quando Mingjue chegou galopando no rancho.
Estava obviamente levando notícias, então Wangji  o abordou, de modo que Mingjue teve que parar seu cavalo.
— O xerife acabou de chegar — disse ele a Wangji .
— Ele contou alguma coisa sobre os pais de Yanli?
— Não — respondeu Mingjue. — Só que ele nos espera em seu escritório.

Wangji  olhou para a casa, com medo de sair. O cigano provavelmente não voltaria, mas queria estar lá para se certificar de que Wuxian  não corria perigo.

— Eu ficarei vigiando. — Ao ouvir a voz de seu capataz, Wangji  se virou para olhá-lo.

— Não creio que demore muito — falou, embora na verdade o tenha dito a si mesmo, como se quisesse justificar a sua saída.
Olhou de volta para a casa e viu a luz do quarto de Wuxian  se apagar, então supôs que ele já estaria na cama.

Nesse caso, Wuxian não sairia mais para fora, e os peões estavam por toda parte fazendo rondas. Seria impossível alguém entrar no rancho sem que alguém visse. E menos ainda com a descrição de um beta cigano.
— Está bem. Eu vou com você para ver o xerife.

Quinze minutos depois, Wangji  já havia selado seu cavalo e estava montando para ir para a cidade.
Quando chegaram, o lugar estava deserto, já que estava quase amanhecendo, e tanto Wangji  quanto Mingjue foram diretamente para o escritório do xerife.
À medida que se aproximavam, perceberam que algo estava errado. Não apenas porque a luz estava acesa e a porta aberta, mas porque havia algo no ambiente que não era um bom presságio.
— Vamos nos aproximar com cuidado. Não gosto dessa porta aberta e de tudo tão silencioso — observou Wangji  enquanto reduzia a velocidade do cavalo.
Ambos os cavaleiros continuaram, mas desta vez observando tudo ao seu redor. A lua cheia iluminava a larga rua principal e os prédios. Era intensa o suficiente para não deixar as vielas e telhados, bem como o interior das casas ao redor, na escuridão.
Os dois homens estavam inquietos, não apenas por causa das estranhas condições em que haviam encontrado o escritório, mas porque era de manhã cedo antes da reunião na ravina.

— Eu vou primeiro e você me dá cobertura — disse Wangji  a Mingjue.

Ele acenou com a cabeça e, descendo dos cavalos, os dois se arrastaram em direção à porta aberta.
Wangji  encostou o corpo na parede e olhou para dentro do escritório. Sabia que havia muitas áreas que ele não podia verificar de sua posição, mas pelo menos poderia ter uma ideia.
Não vendo ninguém, ele sentiu um arrepio. De acordo com Mingjue, o xerife deveria estar esperando por eles.
— Xerife? Está aí? — Perguntou Wangji .
Ele pensou ter ouvido um gemido e se virou para Mingjue imediatamente, caso ele também tivesse ouvido.

Mingjue, de olhos arregalados, assentiu silenciosamente para não trair sua presença.
— Xue Yang , é você? — Wangji  perguntou de novo, desta vez chamando o xerife pelo nome.
Quando ouviu um segundo gemido, Wangji  não esperou mais confirmação. Como uma bala, ele entrou na delegacia, olhando ao redor até se aproximar da mesa, de onde julgou ter ouvido o lamento.

— Meu Deus! — Ele não pôde deixar de exclamar na cena.
Ao lado da mesa, em uma poça de sangue, estava o corpo de Xue Yang , e sentado no chão, com as costas contra a parede e uma arma não lhe apontando, estava Wen Chao .
Wangji  congelou ao vê-lo, fazendo Mingjue também parar e ficar tenso. Mingjue estava alguns metros atrás dele e dali não conseguia ver os dois corpos. Mas depois da exclamação de surpresa do amigo, não precisava vê-los para saber que não poderia ser uma coisa boa.

— Nossa, que visita inesperada — disse Wen Chao , que então começou a tossir e cuspir sangue.
Wangji  podia ver que o corpo de Wen Chao  também estava ensanguentado, mas acima de tudo, notou o monte de carne deformado que era seu rosto. Parecia que uma manada de vacas o atropelara e quebrara boa parte dos ossos de seu rosto.
— Você não parece bem.

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