Inesperado

018

     Capítulo 18

A noite já havia caído quando o xerife Xue Yang chegou a Gusu.
Cansado de sua longa jornada, sentia cada osso doer. Pela milésima vez, pensou que estava velho demais para o trabalho e que logo deveria se aposentar e entregar o cargo a seu jovem assistente, Xiao Xingchen.

O problema era que Xingchen não era muito inteligente e poderia ser facilmente enganado. Qualidades que ninguém apreciaria em um xerife de uma cidade próspera e tranquila como Gusu.
Soltou um suspiro e disse a si mesmo que, por enquanto, estava satisfeito em ir para o escritório e, assim que tivesse certeza de que tudo estava em ordem, iria para casa, comeria um bom bife e dormiria por horas.
Com essa decisão tomada, entrou na rua principal sem cruzar muitos transeuntes. Algo que não o surpreendeu, pois era dia de semana e já era tarde da noite.
Cumprimentou alguns colocando a mão na aba do chapéu e acelerou o passo do cavalo para chegar o mais rápido possível.

— Xerife, estou feliz que você voltou. — A voz de Ning Mingjue o fez parar sua montaria e estremecer. Estava ansioso para chegar e temia que esse encontro o atrasasse.
— Também estou feliz por estar de volta.
— Traz notícias?
Xue levantou a aba do chapéu e olhou sério para o outro.
—Trago muitas coisas, Ming, entre elas uma grande vontade de sentar quieto e tomar um café. .

Mingjue abaixou a cabeça tristemente.
Xue o conhecia desde que era um alfa adolescente e, ao vê-lo parado ali, lembrou-se das vezes em que o repreendeu por ter feito uma travessura com seu amigo Wangji.
— Por que você não me deixa descansar por uma hora e depois vem para o escritório para conversar?

O rosto de Mingjue se ergueu novamente e ele sorriu agradecido para Xue.
— Me parece bem. Vou para casa dizer ao meu esposo que volto tarde e depois vou buscar o Wangji. Ele também vai querer ouvir o que você descobriu.

— Claro. E traga metade da maldita cidade, se quiser — disse em voz baixa. — Afinal, por que eu iria querer descansar?

Sem acrescentar mais nada, Xue continuou seu caminho enquanto Mingjue acelerava o passo para chegar em casa o mais rápido possível.

Uma vez na frente de seu escritório, Xue Yang ficou grato pela luz estar acesa. Dessa forma, só teria que perguntar a Xiao se algo de interessante havia acontecido durante sua ausência, bem como informá-lo que não teve sorte em encontrar o casal que supostamente eram os pais da menina abandonada. Sobretudo se Wangji, no caso de se inteirar sobre sua chegada, aparecer em busca de novidades.

A verdade é que se surpreendeu com o fato das investigações não darem frutos, pois foi o próprio Pastor Ryu quem o colocou na pista.

Resolveu que quando acordasse, no dia seguinte, sua primeira tarefa seria visitá-lo e perguntar mais detalhadamente sobre a pessoa que havia lhe dado essa informação.
Seus instintos lhe diziam que havia algo que não cheirava bem em todo esse caso, embora não pudesse entender por que alguém mentiria para ele sobre os pais da garota.

Mas estava cansado demais para pensar com clareza, então amarrou o cavalo ao poste como fazia todos os dias e se dirigiu para a porta do escritório.
Quando ele girou a maçaneta e a encontrou fechada, franziu a testa espantado.

Por que Xingchen viraria a chave e deixaria a luz acesa? — Ele se perguntou.
Então Xue balançou a cabeça, pensando que tinha entendido.
O simplório de seu assistente havia ido para casa e se esquecido de apagar a lamparina.

— E eu queria dar a você o trabalho de xerife — disse ele suavemente, continuando a sacudir a cabeça. — Você provavelmente acabaria queimando o escritório e a cidade inteira, se eu não estivesse de olho.