Capítulo 28

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Christian

Três anos atrás

Foram três dias sem nenhuma mudança. Fiquei de lado,observando o grupo de médicos que vinha todos os dias para suas rondas matinais. A Dra. Rosen abriu um dos olhos de Leila e moveu a luz de uma caneta para frente e para trás.Primeiro um, depois o outro. A carranca me deu a resposta antes mesmo que ele falasse.

— Nenhuma mudança — disse ela. — Eu sinto muito.

Eu balancei a cabeça.

Ela me olhou de cima a baixo. — Você já saiu do hospital?

— Não.

— Parece que isso vai ser um longo caminho. Você pode querer considerar descansar um pouco. Se você não se cuidar no início da maratona, não conseguirá percorrer toda a distância.

Eu balancei a cabeça. — Eu não quero deixá-la sozinha caso ela acorde. A amiga dela está vindo hoje, então talvez eu vá embora por um tempo.

Dra. Rosen levantou o iPad que sempre carregava e começou a digitar nele. — Gostaria de considerar iniciar um curso de metilfenidato. É um estimulante do sistema nervoso central. Em
alguns casos, pode ajudar a tirar a pessoa do coma. Ainda não chegamos lá, mas é algo para você considerar, talvez em mais alguns dias, se não houver novos desenvolvimentos.

— Ok. E isso é seguro para o bebê?

— Há um estudo recente que mostrou que é relativamente seguro durante a gravidez.

— Relativamente?

— Existem possíveis efeitos colaterais com praticamente qualquer medicamento. É raro, mas medicamentos desta classe podem causar defeitos cardíacos em um feto, embora o que foi
estudado sejam principalmente os efeitos no primeiro trimestre, do qual Leila já passou.

Eu soltei uma respiração profunda. — E se não dermos a ela?

— Bem, há riscos muito reais para pacientes em coma de longo prazo. Coágulos de sangue, infecção, perda de funções cerebrais superiores... — Ela fez uma pausa e olhou para Leila. — Ainda
não chegamos lá. Mas essas decisões são difíceis, e muitas vezes leva um tempo para a família tomá-las. Como procurador de saúde de Leila, isso cabe a você. Então é algo para começar a
considerar.

Suspirei. — Ok.

Dra. Rosen tirou um pequeno bloco do bolso e rabiscou algo antes de rasgar a folha e me entregar. — Este é o nome da droga e um site onde você pode ler sobre isso.

— Obrigado.

Depois que ela saiu, voltei para a cama e olhei para a barriga de Leila. A protuberância mal era visível, especialmente com os cobertores sobre ela. Já era ruim o suficiente eu ter que tomar
decisões de vida ou morte por ela, alguém que de repente eu sentia como se nunca tivesse conhecido. Mas agora eu tinha que tomar
decisões por uma criança que talvez nem fosse minha.

****


Elena parou na porta, olhando para Leila por um momento antes de entrar na pequena sala de vidro da UTI.

— Ei. — Ela forçou um sorriso. — Como você está indo?

Eu estava um caco, mas eu assenti. — Estou me mantendo firme.

Ela colocou a bolsa na cadeira de visitas, caminhou até a cama e pegou a mão de Leila. Lágrimas caíram de suas bochechas. — Lamento não poder vir mais cedo.

O ChefeOnde histórias criam vida. Descubra agora