Bônus

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De volta ao começo

Christian

Dezenove anos atrás


— Ei. — Minha irmã entrou na garagem onde eu estava praticando tacadas na velha mesa de sinuca do meu avô. Ela pegou a bola de cinco quando me inclinei para a tacada. — Vovó
precisa que você vá ao mercado para comprar um pouco de açúcar.

— Você pode colocar a bola na mesa? — falei. — Estou no meio de um maldito jogo.

Ela jogou a bola laranja sólida no ar e a pegou. — Você não fica sentado no seu quarto brincando com suas bolas o suficiente?

Eu peguei a bola na próxima vez que ela a jogou para cima. — Você é engraçada. Mas a aparência não é tudo.

Ela revirou os olhos. — Original, criança.

Criança. Minha irmã Mia tinha quinze anos, apenas dois anos mais velha que eu, mas agia como se nossa diferença de idade fosse de pelo menos uma década. Olhei pela janela da garagem.Tinha acabado de começar a chuviscar. — Por que você não vai à loja?

— Acabei de secar meu cabelo.

Dei de ombros. — Então? Use um capuz.

— Se você não calar a boca e sair logo, vou ter que ligar para Dave...

Eu coloquei a bola cinco de volta na mesa. — Bom. Peça a ele para me trazer um Big Mac. Você sabe que a ameaça parou de funcionar quando eu tinha seis anos, certo?

— Big Macs são do McDonald's, idiota. Não de Wendy.

Dei de ombros e me inclinei para dar minha tacada, acertando a bola no buraco do canto. — Vovó teria vindo aqui para me pedir se ela quisesse que eu fosse. Eu sei que ela pediu a você, e você está apenas tentando jogar isso em mim.

Mia deu de ombros. — Não importa. Você tem que me ouvir porque eu sou mais velha.

— Eu odeio dizer a você, mas isso não é uma justificativa. Você não pode me dar ordens só porque é um pouco mais velha. Mas enquanto estiver na loja, traga-me um pouco de manteiga de amendoim. Estamos sem.

Ela torceu o nariz. — Como você come essas coisas três vezes ao dia?

— Não julgue até você provar. — Caminhei até minha irmã e fiquei perto, olhando para ela. Eu já era pelo menos quinze centímetros mais alto. — Talvez, se você comesse um pouco, pudesse crescer até atingir um tamanho normal.

— Eu tenho um metro e meio. Esse é um tamanho normal para uma menina.

Eu sorri. — Se você diz…

Ela cruzou os braços sobre o peito. — Se eu for, não vou trazer manteiga de amendoim para você. Só vou comprar açúcar para a vovó.

Revirei os olhos. Claro. — Tudo bem — eu resmunguei. — Eu irei quando eu limpar a mesa. Mas só porque eu quero um sanduíche.

Um pouco depois, fui de bicicleta até o mercado, a três quarteirões de distância, e comprei açúcar e manteiga de amendoim. Mas enquanto eu estava na loja, a garoa se transformou em uma chuva torrencial. Eu coloquei minha bicicleta debaixo do toldo. — Ótimo.

Quando voltei para a casa da minha avó, estava encharcado da cabeça aos pés. Apertei o botão para abrir a porta da garagem, mas quando o fiz, um lampejo de longos cabelos castanhos cruzou o quintal da amiga da vovó ao lado. Eu assisti através do aguaceiro quando uma garota deslizou pela grama molhada e subiu correndo a escada até a casa da árvore nos fundos. No quarto degrau, ela escorregou e perdeu o controle, e caiu de bunda no chão. Mas ela se levantou imediatamente, olhou por cima do ombro em direção à casa e começou a subir novamente. Na segunda vez, ela quase chegou ao topo antes que seu pé escorregasse. De alguma forma,ela chutou a escada debaixo dela enquanto tentava agarrá-la com as pernas. Achei que ela ia cair, mas ela agarrou a casa da árvore e agora pendia dela.

O ChefeOnde histórias criam vida. Descubra agora