Capítulo 30

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Christian

— Eu sou um covarde do caralho — eu resmunguei, olhando para o fundo do meu copo vazio. Bem, não vazio, considerando que o gelo que eu joguei quando enchi o copo com três quartos de uísque quinze minutos atrás ainda não teve a chance de derreter. Agora a garrafa –aquela merda estava quase vazia.

Olhei para a mesa de centro, para a caixa de cabeça para baixo e seu conteúdo que eu tinha espalhado por todo o lugar duas noites atrás, depois que Ana me pediu para sair de seu escritório. Inclinando-me para a frente, eu peguei uma foto da pilha, uma que eu tinha encarado por horas a fio nos últimos dois dias, tentando
encontrar meu nariz e meu queixo, os que eu sabia claramente que eram meus no dia em que minha pequena menina nasceu. No entanto, agora tudo o que eu via era o rosto de Leila; seu nariz, seu queixo, seus olhos azuis escuros e distantes. Eu queria rasgar a maldita foto e nunca mais vê-la. Mas eu apreciei o dia em que foi tirada ainda mais do que odiei os que vieram depois.

O álcool começou a bater, ou isso ou meu apartamento estava girando mais rápido do que um passeio na Disney.Então me deitei no sofá com a foto ainda em minhas mãos e fechei os olhos com um pé no chão para me manter firme. Não demorou muito até que eu adormeci. Algum tempo depois, uma batida forte na minha porta me acordou.

Pelo menos eu pensei que alguém estava batendo. Mas quando me sentei e olhei ao redor, meu apartamento estava em silêncio.Merda. Mas minha cabeça. Aparentemente, as batidas que eu
pensei que vinham da porta estavam vindo do meu cérebro.

Tha-tump, tha-tump.

Porra. Parecia que um pequeno baterista estava dentro do meu crânio praticando um solo. Deixei cair minha cabeça em minhas mãos e massageei minhas têmporas. Mas então o barulho alto na
minha cabeça se transformou em som ambiente, e uma voz se juntou à banda.

— Grey, abra a maldita porta antes que eu a derrube. Eu sei que você está aí.

Porra.

Eu precisava de Flynn pegando no meu pé agora como eu precisava de um buraco na cabeça.

— Vá embora! Eu estou bem — eu gritei de volta.

— Não está bem o suficiente. Levante sua bunda e abra a porta.

Fechei os olhos e balancei a cabeça, sabendo que a dor de cabeça não ia a lugar nenhum. Basicamente, quanto mais rápido eu arrastasse minha bunda até a porta, mais rápido eu poderia me livrar dele.

Quando me levantei do sofá, mal parei em pé.

Porra, eu sou péssimo para beber.

Tentei mover minha cabeça o mínimo possível enquanto caminhava até a porta da frente e a destrancava.

Flynn abriu a porta e me olhou de cima a baixo. — Jesus Cristo, essas são as roupas que você estava usando há dois dias. Eu sabia que você não estava fora da cidade. — Ele se inclinou para frente e cheirou. — E você fede como licor velho. — Ele balançou sua cabeça. — Quantas vezes eu tenho que dizer para você deixar a bebida para mim? Você nunca poderia desenvolver uma tolerância
que valesse a pena.

Comecei a voltar para o sofá sem dizer uma palavra. Infelizmente, ver que eu estava vivo não era bom o suficiente. Flynn fechou a porta atrás dele e me seguiu.

— O que diabos está acontecendo com você?

Sentei-me no sofá com a cabeça baixa. Era muito pesada para aguentar.

Flynn olhou para a merda espalhada por toda a mesa de centro.

— Ah, porra. O que aconteceu? — Ele se inclinou e pegou a pequena touca de bebê que Eloise usava no dia em que nasceu.

O ChefeOnde histórias criam vida. Descubra agora