Entre o Certo e o Errado (Versão MonSam)

Paraíso

- Jao só está preocupado - Song dizia a mim enquanto passava manteiga em uma torrada. Ela tinha acabado de acordar, mas continuava linda como sempre. voltar pedindo desculpas. Ele vai

Tentei forjar um sorriso e dei um longo gole na xícara de café que eu tinha em mãos.

- Espero sim, não aguento ficar muito tempo sem aquele babaca.

Song sorriu.

- Hey, você ainda tem a mim!

Apenas sorri e assenti com a cabeça enquanto ela ainda sorria na minha direção. Ela tinha razão, eu ainda tinha ela.

O fim-de-semana passou rápido. Fiquei com Song na maior parte do tempo. Ainda era agradável ficar com ela, mas eu sentia um pequeno vazio dentro de mim que só seria preenchido pela volta de Jao.

(...)

Duas semanas haviam se passado. Agora, eu estava encontrando-me com Sam quase todos os dias da semana após o expediente, o que gerava centenas de perguntas de Nop que eu sempre dava respostas diferentes. Desde hora-extra até um show em outra cidade com Song - que tinha que me cobrir sempre.

Era seis e vinte da noite, em um domingo, eu já estava usando um vestido vermelho, com um sapato de salto alto de sete centímetros e, claro, com minha arma presa à minha coxa direita.

Song estava em casa naquele dia, dando-me apoio moral para que eu não tivesse uma crise epilética.

Mesmo depois de tantos encontros com Sam, ela ainda conseguia me deixar extremamente nervosa. E Jao me ignorando sempre que eu tentava falar com ele - mesmo através de Song - era insuportavelmente frustrante.

- Uau, você tá linda - Song dizia enquanto eu andava pela casa dando os últimos retoques na maquiagem e passando as mãos no cabelo a cada dez segundos. - Relaxe Mon!

Ela veio até mim e me parou no meio do caminho que eu estava fazendo até o banheiro e me olhando fixamente nos olhos. Respirei fundo e olhei-a também.

Você deve estar se perguntando qual o motivo de tanta euforia. Bem, naquela manhã eu havia recebido mais um bilhete daqueles que tinha recebido duas semanas atrás, que dizia claramente: "esteja pronta às 18:30" e mais nada.

- Mas o que será que vamos fazer? Err... Como eu vou ter certeza de que é a roupa certa? Como eu vou... AAAAARGH. E se nada der certo? Ah, meu Deus!

Song me olhou por um instante e um segundo depois, começou a rir escandalosamente.

- O que você é, afinal? Uma garotinha de quinze anos esperando que o capitão do time de futebol venha te buscar para um encontro romântico e que te dê o primeiro beijo?

- Já passamos dessa parte, acredite falei, indo até o espelho e repassando o batom vermelho que eu havia escolhido para a ocasião. Nesse caso,  eu não estou esperando um jogador de futebol, ela tá mais praquela garota marrenta que roubava o dinheiro da merenda e derrubava os livros dos nerds, e que todos odiavam, mas que fingiam gostar, porque morriam de medo.

Olhei pelo espelho Song sorrindo.

- Ah, espera aí, você era uma dessas ela falou.

Virei pra ela quase imediatamente.

- Como ousa?

Ela só riu e deu os ombros.

O relógio de parede marcava seis e vinte e nove. Instantaneamente, quando o ponteiro pulou para o número seis, uma buzina alta soou do lado de fora da casa.

Dei um pulo no lugar onde eu estava. Meu coração estava batendo tão forte no meu peito que parecia que ia pular. Song me olhou sorrindo e em seguida saiu correndo pra porta, enquanto eu chamava-a tentando pará-la, inutilmente.