Sequestro

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A semana que passei com Nop acabou rapidamente. Passamos a semana inteira juntos, pois ele também tinha feito eu tirar a semana de folga. Ele mesmo tinha ligado para a delegacia e pedido para Nutti tomar o meu lugar.

Eu agradeci por isso. Estava passando mal todos os dias e mal tive vontade de levantar da cama. Eu me levantava uma vez ou outra apenas para correr ao banheiro e vomitar. Nunca tinha me sentido tão mal em toda a minha vida. De repente, tudo me fez lembrar a minha família, a minha adolescência no orfanato, as noites que passei chorando, agarrada em meu travesseiro. Eu não queria pensar naquilo logo naquele momento, na verdade, não queria pensar nisso nunca.

Nop ficou sempre do meu lado, na cama. Não perguntou sequer uma vez do que tinha acontecido, acho que estava esperando eu ficar melhor para perguntar. Tentei pensar e repensar em algo pra dizer a ele, mas não fazia ideia do que dizer.

No domingo seguinte, eu já estava me sentindo ligeiramente bem. Minhas dores de cabeça não haviam cedido ainda e às vezes eu ainda sentia meu estômago da e às vezes eu virar. Mas pelo menos não estava mais vomitando nem tendo crises de febre.

Nop se despediu de mim a noite, pois tinha que voltar para o trabalho. Ficar uma semana fora deixa bastante trabalho acumulado. Ele recebia uma ligação a cada cinco minutos da empresa em que trabalhava, de seu chefe, reclamando e reclamando sobre como ele estava prejudicando os casos, tendo que ser substituído e adiando as audiências. Nop apenas concordava com tudo e dizia que voltaria na segunda de manhã pra tentar recuperar tudo o que tinha perdido. Eu me sentia mal com aquilo. Mas, agradecia muito por ele estar comigo. Song tinha vindo me ver três vezes na semana, e no sábado, dormiu em casa, por isso, quando Nop se despediu, ela estava comigo, me abraçando por cima dos ombros.

- Eu cuido dela, Nop - ela dizia enquanto ele me dava um beijo cuidadoso na testa claramente com medo de pegar a minha "doença" - e saía pela porta.

- Obrigado, Song. Eu venho assim que der para vê-la.

Eu estava me sentindo tão fraca que mal consegui dizer "tchau". Song me puxou até a sala e me sentou no sofá, me olhando com preocupação.

- Ok, agora que Nop foi embora... me diga o que, diabos, aconteceu? Foi a Sam, não foi?

Olhei pra ela, sentindo meus olhos lacrimejarem assim que ela disse o nome dela. Eu estava me recuperando muito bem sem que alguém viesse e dissesse "Sam" pra mim. Respirei fundo e tentei mandá-la embora dos meus pensamentos, assim como ela havia ido embora da minha vida.

- Ela foi embora - falei, respirando fundo novamente. Simplesmente foi. Sem motivos, sem explicações, sem... sensibilidade...

Song me olhou demonstrando mais preocupação ainda.

- Você devia saber que podia acabar assim, Mon. Na verdade, você sabia que um dia ia abar assim - ela sussurrou, pegando minha mão e apertando-a.

Eu apenas assenti. Eu sempre soube que talvez não fosse durar pra sempre, mas eu estava disposta a tentar, e pensava que ela também estava. Mas não, ela simplesmente se foi.

Levantei e fui até a minha cozinha, pegar um copo de água, mas antes que pudesse bebê-lo, meu estômago revirou. Joguei o copo na pia e apoiei minhas mãos no muro que separava a cozinha da sala. Respirei fundo e tentei me acalmar.

Song se levantou e veio até mim, sentando-se do outro lado do muro, do mesmo jeito que Jao tinha se sentado na manhã em que eu tinha brigado com ele. A lembrança da briga fez minha cabeça doer. Tentei não pensar, mas Song acabou com a minha tentativa com apenas três palavras:

- Falei com Jao - ela disse.

Levantei minha cabeça pra ela na hora. Como assim ela havia falado com Jao?

Entre o Certo e o Errado (Versão MonSam)Onde histórias criam vida. Descubra agora