Capítulo 4

1.4K 248 94
                                    

- Quer que eu traga alguma coisa de Tokyo?

Jin parou de colocar roupas na mala e se virou para Toji, que estava apoiado na porta do quarto.

- Não precisa - falou Jin, sorrindo. Ele se voltou para a mala. - Vejamos... roupas para uma semana, dinheiro, comida enlatada em caso de emergência, um celular extra em caso de emergência, sapatos, pasta de dente, shampoo, sabonete... Acho que falta alguma coisa.

- Acho que já tem coisa demais - murmurou Toji, olhando a mala quase estourando de tão cheia que estava.

- A escova de dentes! - Jin exclamou. Ele se levantou e correu até o banheiro, voltando instantes depois com a escova em mãos. Colocou-a junto da pasta de dentes e fechou o zíper da mala com certa dificuldade. - Pronto! Sua mala está feita!

- Eu podia ter feito ela, sabe - disse Toji, se aproximando da cama e pegando a mala. Eles saíram do quarto e andaram até às escadas.

- Você colocou, literalmente, uma muda de roupas, a carteira, um par de sapatos e uma escova de cabelo - censurou Jin, seguindo Toji até o andar de baixo.

- Sou autossufuciente - retrucou Toji.

- Meu pai é autossufuciente e sempre bota mais coisa na mala do que eu vi você botar - disse Jin.

- Seu pai? - riu Toji. - Sério?

Jin assentiu com a cabeça.

- Ele mora em um chalé sem internet no meio da montanha, lembra?

Toji franziu o cenho, se lembrando vagamente da viagem que fizeram duas semanas atrás até uma montanha para visitar o pai de Jin. As únicas coisas com eletricidade no chalé de Itadori Wasuke eram a geladeira, o freezer e as lâmpadas. Até mesmo o fogão era à lenha. Eles tiveram que dormir na sala de estar, onde ficava a lareira, naquela noite porque era o único cômodo aquecido do chalé.

- Touché - resmungou Toji. - Vai querer alguma coisa de Tokyo?

- Não preciso de nada, mas traz alguma coisa pras crianças. Eles vão gostar de um brinquedo novo.

Toji se perguntava seriamente se bebês tinham esse negócio de "gostar" ou "não gostar", mas não disse nada.

Ele olhou para Jin e disse, baixinho:

- Realmente não quer saber o que vou fazer em Tokyo?

Jin tombou a cabeça para o lado, pensativo.

- Hmm... Na verdade, não. Não acho que você vá fazer algo errado. Eu, particularmente, não acredito que me casei com uma pessoa ruim, e é isso que importa, no final. - Ele sorriu. - Então termine logo o seu trabalho e volte para casa, onde eu, o Yuji e o Megumi estamos.

Toji encarou Jin, que corou furiosamente.

- V-você entendeu o que eu quis dizer! - gaguejou. - Anda, vai logo! O carro tá te esperando!

Toji soltou uma risada baixa e deu um peteleco na testa de Jin.

- Vou trazer lembrancinhas para você, pro Yuji e pro Megumi.

Ele se virou e saiu pela porta. Entrou no carro que esperava para levá-lo até a estação e olhou pela janela, vendo Jin parado na porta de casa, segurando Yuji e Megumi no braço, como se estivessem se despedindo. Sorrindo, Toji abaixou o vidro da janela e acenou.

- Acho que vou comprar uma coisa cara para ele... - murmurou, pensativo.

...

O arroz estava sem sal. De novo.

A menina encarou o prato. Mesmo com o estômago roncando, não sentia a mínima vontade de comer aquela... aquela coisa que serviam para ela e para sua irmã. A irmã, por outro lado, ao menos fazia um esforço para engolir a comida.

Casamento por ConveniênciaOnde histórias criam vida. Descubra agora