Capítulo 05

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Não dormi muito bem a noite, estava agitada por conta da escola.

Como ainda não tinha uniforme, optei por uma coisa mais formal, até pq não sabia como eles se vestiam lá, precisava fazer um estudo de campo. Por isso decidi ir o mais neutra possível.

Optei por uma calça preta jeans lisa,  blusa branca, um coturno preto.

Coloquei minhas argolas de prata, junto com meu anel de namoro e uma corrente fininha tbm de prata, nela tinha um pingente de rosa vermelha,  ele era da minha falecida vó, mãe da minha mãe. Tinha certeza que ele me daria sorte.

Meu cabelo só prendi um pouco em um coque mais alto na cabeça e o resto deixei solto,  maquiagem só fiz uma pele básica mesmo e um delineado bem fino nos olhos, junto com um gloss suave.

A temperatura estava amena, mesmo assim decidi levar um casaco.

Ao sair, minha mãe notou meu nervosismo

-Vai dar tudo certo filha, não tenha medo

-Vai sim mãe, você vai ser um sucesso lá na empresa

Nos abraçamos e saímos rumo a escola.

Na noite anterior,  conversei muito com o Gui em como estava me sentindo ansiosa e apreensiva com a escola.

Ele me deu todo apoio do mundo, disse que estava com saudades e me fez prometer que daria notícias mais tarde.

Como esperado, a escola era enorme, tinha muitos alunos andando de um lado pro outro, me senti muito deslocada, era horrível.

Noa dirigimos a sala de orientação, onde se localiza tipo uma secretaria da escola, com uma área voltada para adaptação de novos alunos.

Quem nos recebeu foi Aytira, a mesma nos apresentou brevemente as partes mais importante da escola.

-Agora vou te levar em sua sala

Enquanto andávamos pelo corredor, eu tentava me obrigar a decorar o caminho, com medo de me perder depois.

Paramos em frente a sala que já estava fechada e antes da orientadora abrir, minha mãe me deu um breve abraço e susurrou:

-Boa sorte filha

-Pra vc tbm mãe

Respondi a abraçando de volta

Aquele dia seria desafiador pra nós duas.

Quando a porta se abriu e a mulher falava com a professora em nossa frente,  meu coração disparou, confesso não me lembrar de nada que ela tenha dito

Sentia que todos os pares de olhos presentes na sala me observavam.

Enquanto caminhava até a mesa a mim indicada, parecia que eu pisava alto.

Graças a Deus consegui entender o que falavam e interagir sem incidentes, querendo ou não meu alemão era quase nativo.

O que matavam eram as perguntas genéricas:

-De onde vc é?
-Qual seu nome?

O mais engraçado era ouvir eles falarem que a língua materna do Brasil é espanhol.

E a cara deles de chocados quando eu dizia que não

Era cada pérola que nossa senhora.

Na hora do intervalo, orientada por alguns colegas como chegar,  me dirigi  até a sala de documentações,  pois precisava entregar alguns papéis, muita burocracia.

Descobri que a mesma era junto com a coordenação da escola, era um longo balcão com vários atendentes de acordo com a necessidade.

Quando cheguei com a pasta na mão,  empurrei a pesada porta de vidro,  me deparei com algumas pessoas no balcão.

Enquanto aguardava minha vez , me sentei em um dos estofados ali presente s, nisso reparei que logo a minha frente estavam de costas para mim conversando com uma funcionária que estava do outro lado do balcão.

Uma mulher e dois rapazes.

Os dois tinham estilos bem diferentes, um usava roupas largas,  suas  calças largas pareciam mais duas cortinas rsrsrs, um boné virado para trás com uma touca por baixo e Dreads ( fiquei tipo? Quem em sã consciência faria uma combinação dessas?) O outro tinha o cabelo espetado, roupas mais justas, parecia mais dark, usava coturno tbm.

Quando os meninos fizeram menção de se mover de frente pra mim eu disfaceu o olhar mirando na pasta que tinha no colo, fingindo remexer os documentos.

Por incrível que pareça, ambos sentaram no sofá ao lado da cadeira estofada que eu estava , onde o que separava os dois móveis era um vão entre eles.

Próximo o bastante que até dava pra entender o que diziam:

-Poxa Tom, estamos fudidos agora

-Parece que sim, a mãe tá dando umas olhadas furiosas pra cá

-Logo agora que a banda tá começando a ter visibilidade, se a gente se prejudicar na escola, sem dúvida ela vai proibir a gente de seguir.

-Relaxa Bill, vai dar tudo certo,ela não vai ter essa coragem

-Sabia que falar esse monte de aula pros ensaios ia dar ruim Tommy.

Parecia que eles tinham uma banda e estavam falando muito na escola por causa disso e a responsável por eles foi chamada lá....a coisa não tava fácil pra ninguém.

Não vi o rosto deles , pois não tive coragem de encara direto, não queria parecer doida.

A voz do que se chamava Bill era mais suave e do Tom era mais grave , mais forte .

Deduzi que eram o de cabelo espetado e o de boné respectivamente.

Logo depois a mãe os chamou e os três saíram do local.

Fiquei observando os mesmos sumirem no corredor pela porta de vidro.

Don't Hurt MeOnde histórias criam vida. Descubra agora