Capítulo vinte

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Lucien ~

    — Amo você, desculpa... — murmurou Azriel sem ar. — Você está livre de mim.

Quando o illyriano fechou os olhos e ficou imóvel em meus braços, eu gritei.

Gritei tanto que parecia que as minhas cordas vocais haviam se rompido e nunca mais eu voltaria a falar.

Meu poder ondulou pelo campo de guerra queimando todos os inimigos em um raio de distância. Chamas alaranjadas, douradas e brancas se espalharam por todo o lado.

Sacudi Azriel beijando seus lábios, seu rosto, seus olhos... e nada. Ele não se mexia.

Aquela ferida em sua pele era como se fosse no meu peito, rasgando-me. Sentia meu próprio coração enfraquecer. Minha alma estava se partindo e caindo em um vazio infinito.

Minhas lágrimas caiam por todo o rosto de Azriel como se fosse respingos de uma chuva fria.

Não escutei nada. Não vi que Rhysand havia morrido e voltado e que agora estava envolta deles, devastado pelo amigo.

Não vi Helion matar Beron. O Grão-Senhor da Corte Outonal havia me enviado a adaga de fogo por ser filho bastardo da sua esposa adúltera e por tê-lo ofendido.

Implorei para o universo que trocasse a minha vida pela de Azriel. Ele era meu parceiro.

Ele era o macho que eu amava desde a primeira vez em que vi parado do lado de fora da minha janela tantas décadas antes.

Não percebi falar tudo aquilo em voz alta quando Mellaria chegou correndo como se tivesse sentido que a presença de Azriel não existia mais.

Ela se jogou de joelhos no chão, ao lado deles. Virei meu rosto sentindo nada além de um buraco em minha alma. Minha mente era apenas um borrão enquanto a fêmea falava e gesticulava.

Lucien — ela gritou, desesperada. — Preciso que se afaste dele.

Rosnei na cara dela mostrando meus dentes enquanto meus dedos se enterram na pele fria e pálida do illyriano. Cassian e Rhysand, ensanguentados e chorando, tentaram se aproximar de mim, mas eu não permiti.

— Ninguém vai tocá-lo — grunhi com a garganta ferida e a língua pesando na boca. — Se afastem!

As pessoas envolta se entreolharam, mas foi Mellaria que pegou meu rosto entre as mãos e implorou:

Por favor! Se afasta dele.

Ela me empurrou, e nessa oportunidade Helion e Morrigan me arrastaram para longe. O cheiro de sangue, morte e fumaça se espalhava pelo ar.

Cai de joelhos não sentindo meu corpo. Não sentindo nada. Eu estava vazio. Era apenas uma casca descartável.

Mor chorava segurando um dos meus braços e Helion se ajoelhou ao meu lado segurando minha nuca e encostando a testa na minha têmpora.

— Quero ir junto com ele, pai — sussurrou tentando escapar dos seus apertos. — Não posso viver sem ele.

Aquele laço havia partido. Eu sabia mesmo não sentindo mais nada.

Mellaria fechou os olhos e colocou a mão no peito de Azriel. Thesan caminhou totalmente fraco e colocou a mão no peito do macho, curando aquela ferida.

Thesan tinha poderes curativos e milagrosos, mas não trazia mortos a vida. Mellaria parecia saber o que fazer. Ela estremeceu e caiu para trás parecendo pálida. Mor me soltou e correu segurando a fêmea entre os braços.

Elas pareciam tão próximas... Era aquela pessoa que Helion havia mencionado despertar o interesse da fêmea?

Um clarão surgiu, vindo do peito de Azriel, fazendo meus olhos apertarem. Escapei de Helion quando ele se distraiu por um momento, me arrastei no chão até chegar em Az.

Corte de Desejos Sombrios | luriel (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora