Capítulo doze

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Lucien ~

Velaris

     "O que você ganhou com a aposta?"

Essa pergunta ainda me perturbava enquanto eu caminhava de volta até a Casa do Vento.

Subir aqueles degraus era um inferno, mas pelo isso serviria para afastar os pensamentos que me corroíam há dias.

Quem Azriel achava que era para me julgar?

Pelo que eu havia entendido da história toda; tanto Cassian quanto Azriel haviam ficado nessa linda cidade sendo protegidos, enquanto os outros se fodiam durante o reinado ditador da Amarantha.

Não queria pensar em Tamlin e o que havia deixado para trás no momento que traí ele junto com a Feyre. Além de ajudá-la, eu tinha outros interesses.

Durante o tempo que passei Sob a Montanha, escutei uma discussão dos meus pais, que eles não soubessem que eu estava por perto. E descobri que não era filho do Beron, e sim do Helion da Corte Diurna.

Fiquei dias transtornado por aquela informação. Toda a minha história parecia distorcida e fora da realidade. Passei décadas sendo criado por um macho que me odiava e com razão, afinal, minha mãe o havia traído.

Não que não merecesse em troca cada segundo que Elene, minha mãe, havia passado nos braços de outro macho. Que bom que ela foi feliz durante uma época.

No entanto, Beron tinha suas justificativas porque eu era um filho bastardo e um tanto diferente dos meus irmãos, apesar de ter os mesmos olhos e tom de cabelo que meus irmãos.

Agora eu queria ir para a Corte Diurna e conhecer melhor meu pai. Com o avanço dos hybernianos não saberíamos até quando iríamos sobreviver.

O Caldeirão havia sido roubado e tudo estava indo para o inferno desde muito antes de Amarantha ter dado um golpe em todos os Grão-Senhores.

Quando voltei naquele dia ao pedido de Andras. Tamlin estava enlouquecido pela proposta indecente de Amarantha, e para não piorar a situação me enviou como seu emissário e cortesão.

Nessa brincadeira acabei perdendo um olho e um pouco da sanidade que ainda eu tinha. Desde aquele ataque, não fingi ser outra pessoa que não eu mesmo.

Foi chocante para as pessoas da Corte Primaveril saberem que eu gostava de machos. Não me importei em foder qualquer um que me desse moral.

Não quando Tamlin jogou na minha cara que ele desconfiava de Rhysand. Naquela época, eu tinha ficado por décadas com remorso por não ter escutado Tamlin.

Mas em uma noite tudo que eu pensava sobre Rhysand e sua corte era uma mentira. Uma máscara que o macho usava para esconder aquela cidade e proteger os inocentes.

Eu estava confuso e irritado quando cheguei no último degrau. Entrei na casa encontrando pelo corredor a víbora, mais conhecida como Nestha Archeron.

Ela nem mesmo me cumprimentou quando passei por ela. Quando entrei na sala com enorme estantes de livros encontrei Cassian, Rhysand, Elain e Mor.

Os dois machos estavam olhando na direção que Nestha passou, eles me cumprimentaram com desconfiança. Quase reviro meus olhos com isso.

A fêmea com os cabelos iguais ao da Feyre e os olhos castanhos como de uma corça estava abatida em um vestido amarelo sentada no sofá.

Eu lembrava daquele dia em Hybern. Não fiz parte dos planos e não tinha ideia de que Ianthe iria aprontar uma daquelas. Mesmo eu desconfiando da fêmea nunca imaginei que ela envolveria pessoas inocentes.

Corte de Desejos Sombrios | luriel (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora