Capítulo seis

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Azriel~

    Merda.

Como as sombras não me avisaram de que havia uma tábua solta na varanda daquela cabana onde Lucien estava escondido?

Irritado, expulsei as sombras dos meus ombros. Poderia jurar que escutei uma risadinha sinistra de uma delas.

Agora era rezar para Lucien não ter percebido que eu estava ali como um idiota o espionando depois do beijo que tivemos na Corte Estival.

Eu nem mesmo estava pensando naquele beijo. Era o que eu dizia para mim mesmo enquanto ficava parado escutando se Lucien tinha escutado algo.

Repentinamente senti o cheiro de Lucien com lavanda. Franzindo a testa me aproximei silenciosamente da porta da frente vendo tudo escuro dentro da cabana.

O que aquele macho estaria fazendo sozinho no meio do nada? Será que ele estaria armando alguma coisa?

Ele estava muito estranho nos últimos dias. Aquilo era um fato que Azriel desconfiasse, ainda mais com a conversa estranha que Lucien teve com o Andras  naquela sala um dia antes.

No céu um raio partiu no meio da noite fazendo um barulho ensurdecedor. A cabana ficou iluminada momentaneamente quando um temporal se aproximava.

Aquilo era uma puta falta de sorte porque de tanto que atravessei nos últimos dias seguindo os passos de Lucien, acabei ficando drenado e cansado. As próprias sombras havia me abandonado quando comecei a xingá-las mentalmente.

Outro raio cortou o céu, Azriel levou um susto quando se virou e encontrou o rosto de Lucien colado na janela da frente, encarando-o. O ruivo maldito o viu ali como um idiota parado.

Respirando fundo nem tentei fugir.
Lucien abriu a porta da frente com uma toalha amarrada na cintura e com uma expressão de diversão no rosto.

Os olhos avermelhados brilharam quando percebeu meu desconforto por ter sido um péssimo espião, parecia até que o universo estava conspirando contra mim.

— Uau! — começou Lucien. — A que devo a honra da presença do mestre-espião da Corte Noturna?

Encarei o macho com a minha melhor expressão de tédio. Lucien estava com o cabelo curto molhado que pingava água pelo peito largo e escultural.

Desviei o olhar do corpo dele para os olhos zombeiteiros que me encarava.

— Gosta do que está vendo? — Lucien riu dele.

Queria mandá-lo para o inferno. Porra. Realmente estava dando uma olhada no macho.

— Vendo o que exatamente? Como se eu nunca tivesse visto um macho nu — atirei, cruzando os braços na altura do peito.

Lucien riu com escárnio ainda segurando a porta aberta quando uma chuva começou. Os dois olharam para o céu vendo o tempo fechando de vez.

— Acho que você deve voltar para a sua corte e fingir que nunca viu este lugar — a voz dele continha agressão velada em cada palavra.

Voltei meu olhar para o macho, estreitando os olhos tentando entender qual era a dele. Lucien deu uma última encarada em mim e fechou a porta na minha cara.

Ousado da parte dele agir dessa forma, nenhuma pessoa jamais fez aquilo. Jamais de desafiaram como o macho de cabelos ruivos fazia. E aquilo estava me deixando louco.

Tentei atravessar, mas não consegui, levaria mais tempo para conseguir. Soltei um resmungo me encostando na parede da cabana tentando pensar o que faria a seguir. Não tinha nenhuma residência ou lugar para ficar por perto. O macho estava em um lugar distante demais.

Corte de Desejos Sombrios | luriel (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora