Capítulo dois

483 67 27
                                    

Lucien~

      — Você precisa ver com as outras cortes o que eles estão achando dessa reunião medíocre que tivemos — resmungou Tamlin sentado na sua enorme poltrona.

Eu estava encarando as chamas que dançavam na lareira da sala exuberante de Tamlin, enquanto segurava uma taça de vinho nas pontas dos meus dedos.

Os meus pensamentos estavam no macho illyriano. Eu sabia que estava sendo observado por alguém estranho na noite anterior, invés de contar para os sentinelas da corte e até mesmo para Tamlim, preferi desfrutar dos olhos avelã em meu corpo.

Eu não sabia o motivo de aquilo não tem me preocupado, afinal, ele poderia contar para todos que o emissário da Corte Primaveril dormia com machos.

Pollos e Tate eram dois machos dispostos e sedentos que me provocaram a noite toda. Como meu amante fixo estava longe, tive que desfrutar de outros corpos. Os machos estavam famintos por sexo e eu estava disponível para dar o que eles queriam.

Desde que me entendia por um macho feito, só dormia com machos. As fêmeas chamavam minha atenção por beleza, inteligência e força, mas nunca havia me sentido atraído por elas. Eu gostava de sentir os corpos musculosos contra o meu e dos lábios masculinos pelo meu corpo.

Azriel era um macho interessante... Fazia parte da Corte Noturna. O lugar mais temido em Prythian, com um Grão-Senhor babaca e arrogante que circulava em suas túnicas pretas. O Círculo Íntimo era temido por boa parte dos feéricos.

Mas... aquele macho alado tinha algo que fez meu sangue ferver. Fazia quase cinco décadas que havia sentido aquilo. O sentimento de culpa e traição latejou em meu peito.

Jesper. Meu amado parceiro morto pelo meu pai.

— Lucien? Estou falando como você — a voz de Tamlin saiu em um rosnado.

Nem percebi estar de olhos fechados perdido em recordações.

— Desculpa, estava pensando sobre o encontro com a Amarantha — desconversei ao olhar para o meu amigo.

Tamlin salvou a minha vida uma vez. Ele me deu um lar e um propósito após perder o meu parceiro. Era graça aquela generosidade que eu ainda aturava os surtos dele.

Presta atenção! O Rhysand deve estar aprontando alguma — murmurou Tamlin mais para si mesmo que para Lucien.

O pai do Rhysand e ele mesmo mataram a família do Tamlin. O macho na sua frente nunca superou o ódio que sentia do Grão-Senhor, na verdade, ninguém das cortes suportava o príncipe estrelado.

— Rhysand deve estar se perguntando o que falamos com a Amarantha — eu disse. Tomei um gole do vinho que estava agora quente.

Sim, eu sabia que tinha espiões da Corte Noturna coletando informações, por isso a reunião com a víbora foi feita de forma discreta e sem jeito algum de ser ouvida por terceiros.

— Aquela vadia quer o que jamais irei dar. Não irei me deitar com ela ou me tornar amante dela — rosnou Tamlin, irritado.

Amarantha queria tomar Tamlin como seu, até mesmo se ofereceu para mim. Jamais ficaria com uma víbora como ela, mesmo se gostasse de fêmeas.

— Ela está insistindo memos, você percebeu? — perguntei ao cruzar as pernas e limpar um fiapo da minha bota preta.

— Acho que ela está desistindo — disse Tamlin raspando as garras na pobre madeira da poltrona. — E que acha de expandir mais o comércio?

Eu não quis falar para ele que estava se iludindo com a ideia da Amaratha estar desistindo dele ou do poder. Ela estava tramando algo, eu sentia de longe as intenções atrás da máscara sedutora.

Corte de Desejos Sombrios | luriel (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora