A noite chegou, e mais uma vez os jovens foram reunidos em volta da fogueira. O pastor e sua esposa estavam felizes por verem alguns jovens que antes se mostravam desinteressados, agora com bastante interesse em ouvir a Palavra de Deus. Quando todos estavam sentados, o pastor deu início a pregação:
–Hoje percebi que muitos se divertiram. Até aqueles que quando chegaram aqui, se mostraram um tanto rebeldes e sem interesse algum em estar aqui – começou ele e dando continuidade, abriu a sua Bíblia. – Apesar de estar feliz em ver vocês se sentindo à vontade aqui, eu preciso dizer a vocês que eu ficaria mais feliz se todos tivessem a Verdadeira paz e Alegria dentro de si. Não me refiro a algo momentâneo, mas algo constante. Em João 14;27, Jesus disse: " Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou: não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize."
Ao ler aquela passagem, o pastor direcionou o seu olhar em direção aos jovens ali presentes.
–Sei que existem jovens aqui que já possuem essa Paz, mas também sei que existem jovens que se sentem incompletos e vazios. Eu gostaria de orar por cada um que está aqui. Se você deseja verdadeiramente ter essa Paz inundando o seu ser, peça para Deus.
Quando o pastor e sua esposa levantam, os jovens também decidem se levantar. Fechando os olhos, o pastor começa a orar para que os jovens venham estar mais próximos de Deus. Ele também orou por aqueles que ainda não conheciam o Criador.
Entre muitos jovens que oravam, Karina levantou-se e fechou os olhos. No entanto, não abriu a sua boca em nenhum momento para orar.
Não sabia ao certo porque tinha se levantado. Não sabia se era por respeito ao pastor e aos demais, não sabia se era porque os outros jovens também estavam de pé,simplesmente não sabia. Mas sabia de uma coisa, queria paz.
Paz.
Uma palavra pequena, com apenas três letras. Mas que faz muita diferença na vida de uma pessoa. Jamais admitiria em voz alta, mas queria se sentir completa e feliz.
O que a jovem temperamental não imaginava, era que naquele mesmo momento, há alguns quilômetros de distância dali, em sua casa, sua mãe se encontrava no quarto, com os joelhos dobrados, orando pela filha. Ela estava pedindo para que aquele coração de pedra que havia em Karina fosse arrancado. E era o que acontecia, pouco a pouco.
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Na manhã seguinte, houve mais brincadeiras. Para a tristeza da equipe laranja, a equipe verde estava com uma pontuação bastante alta.
–Eu não acredito que vamos perder!– disse Abel inconformado.
As equipes haviam acabado de participar da brincadeira do Soletrando. Que a verdade fosse dita, soletrar Filipenses e Habacuque em dez segundos era bastante difícil.
Apesar de saber que se tratava apenas de uma competição, todos queriam ganhar.
–A equipe de vocês tá muito devagar, sabia?– provocou Bruno, que fazia parte da equipe verde.
–Não se preocupe, a gente vai dar o troco em vocês na próxima competição– disse Abel.
Aquela provocação só fez Karina rir. Era engraçado ver uma equipe afrontando a outra.
Uma pausa foi feita no momento da gincana. Os jovens que quisessem tomar água ou ir ao banheiro aproveitavam esse momento. E o pastor verificava as pontuações enquanto pensava na próxima competição.
Ao se dirigir ao bebedouro que ficava no refeitório, Karina avistou Midara. A garota asiática fazia gestos com a mão para chamar Karina, que por sua vez, foi até ela.
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KARINA
EspiritualProblemática. Rebelde. Briguenta. Temperamental. Esses e outros adjetivos eram dados a Karina, uma jovem de dezesseis anos que não consegue superar a dor do luto e por isso, revestiu-se de uma capa que expressava ódio, revolta e um vazio de Deus. Be...