Verônica olha para seu marido surpresa. Jamais imaginaria que ele seria tão rígido no castigo. Apesar de se questionar por que seu marido tinha dado um castigo tão severo, a esposa Verônica, nada falou.
–Isso é injusto! Eles não fizeram nada!-disse Karina disposta a defender a sua equipe. Ela não queria que Midara, Abel e os outros pagassem por algo que não fizeram.
–Esta punição servirá de exemplo para que o que aconteceu não volte a acontecer-disse o pastor Cláudio com tom calmo, porém, ainda firme.
Karina não queria acreditar no que ouvia.
–Você já pode ir agora– disse ele.
Por impulso, Karina se levanta, mas não vai embora. Ela simplesmente diz:
–Me perdoe, mas eu não posso deixar que o senhor puna os outros, pastor- disse olhando para o pastor.– Eu vou limpar tudo sozinha. Mesmo que demore,mesmo que eu seja inocente, mas eu vou limpar tudo sozinha.
O pastor e sua esposa a olham com bastante admiração. Naquele momento, o pastor teve a certeza de que Karina não era a culpada.
–Karina, o refeitório é muito grande.Talvez seja melhor os outros ajudarem você– disse a esposa.
–Não é necessário. Eu vou conseguir. Só, por favor, não castigue os outros.
–Pois bem–disse o pastor a encarando.– se você se garante limpar o refeitório sozinha depois das refeições, então vá.
Com uma expressão nada feliz, porém aliviada de conseguir livrar seus colegas de equipe do castigo, Karina deixa o escritório.
Sozinhos, o pastor e sua esposa se olham, até que Verônica fala:
–Cláudio, você estava mesmo disposto a punir todos os outros que fazem parte da equipe dela?
O pastor apenas sorri e diz:
–Se fosse necessário, sim–disse ele
Antes que sua esposa falasse algo, ele revela:
–Foi apenas um teste. Agora eu sei que Karina é inocente.
A afirmação de seu marido fez com que Verônica se sentisse aliviada. Tudo fazia sentido agora. Se fosse necessário punir a todos, ele obviamente o faria. No entanto, ela estava ciente de que seu objetivo era descobrir quem era inocente e quem não era.
–Mas, e agora? O que você vai fazer?– perguntou ela.
Cláudio riu e respondeu:
–Não é o que eu vou fazer, e sim o que nós vamos fazer- disse tocando no rosto de sua esposa.– Não vamos perder tempo! Temos que ir pegar panos e baldes com água, até porque, nós dois sabemos que Karina vai precisar de ajuda.
Sua esposa abriu um enorme sorriso e o abraçou. Ambos se apressaram para ir ajudar Karina.
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Limpar as paredes pichadas não era tão difícil. Difícil mesmo seria limpar o refeitório inteiro depois das refeições. Naquele exato momento, a garota de cabelos e olhos escuros dirigia o seu olhar por todo o refeitório. O café da manhã havia terminado a aproximadamente uma hora. E o refeitório precisava urgentemente de uma limpeza.
A garota viu alguns farelos de alimentos no chão e mesas que também estavam.
Não podia reclamar, afinal, ela mesma pediu para limpar tudo sozinha.
Karina foi atrás dos materiais de limpeza e conseguiu achá-los com a ajuda de uma das cozinheiras do acampamento. Com o material em mãos, ela começa a limpar as paredes. Apesar de não gostar de ser culpada por algo que não fez, Karina se sentia bem e com a consciência tranquila. Talvez demorasse, mas todos iriam saber quem era a verdadeira culpada.
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KARINA
SpiritualProblemática. Rebelde. Briguenta. Temperamental. Esses e outros adjetivos eram dados a Karina, uma jovem de dezesseis anos que não consegue superar a dor do luto e por isso, revestiu-se de uma capa que expressava ódio, revolta e um vazio de Deus. Be...