Capítulo 9

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"Nas penumbras de Dark Garland, há um cenário imerso em uma solidão, a atmosfera sombria permeia. Nenhum organismo vivo pode existir com sanidade por longo tempo em condições de realidade absoluta. A estrutura rígida da realidade contrasta com a vulnerabilidade da mente, enquanto o silêncio se torna testemunha da solidão imposta aos que se aventuram. A definição convencional de "sanidade" é desafiada, revelando um ambiente que desafia as fronteiras da compreensão ordinária."

Amélia ao acordar pela noite na residência de Dark Garland, o ar quente da noite evocava a mágica que paira sobre São Francisco em dias claros. O vento noturno, persistente em afastar qualquer resquício de chuva, dando lugar a um possível dia de domingo robusto , que será banhado pelo sol. Mais na casa dos Draytons, que de natureza sugeria ser escura, obviamente iria resistir ao céu claro e promissor, mantendo-se envolta na sombra e na frieza de seus grandes cômodos.

Seus olhos fechados estão inchados, enquanto seus cabelos curtos e castanhos, agora bagunçados, estão colados à sua testa molhada, formando uma cortina que obscurece seu rosto, muito menos cansado. Sua fome é audível, ecoando pelo quarto, como uma nota alta e desafinada, lembrando um piano arranhado, sendo acompanhado pelo som de sua sucção. O medo havia sumido, apenas desaparecerá de sua postura hesitante.

Para a jovem, que havia passado as últimas semanas imersa sobre a mansão colonial marrom de três andares dos Draytons, seus cômodos e seu clima, não pareciam lá tão novos; Agora, sentada no meio do casal, observa a mulher de cabelos brancos naturais e o homem que havia se esquecido de retirar os óculos, apenas adormecidos, ao seu lado da cama e pela primeira vez, vulneráveis.

Apenas à mercê de seus próprios sonhos, uma sensação de coragem se apoderou dela, e por um segundo, Amélia não se sentiu intimidada por eles, não eram mais a personificação do medo, agora eram apenas seres humanos adormecidos, não poderiam imobilizá-la, só dormiam, com os dentes apertados numa contração de maxilares aguda, respirando calmante.

Enquanto os olhos da jovem navegam pelo quarto, depara-se com às sacolas da Nordstrom, uma rede americana de lojas de departamentos de luxo, jogadas sobre o chão. A falta de habilidade para ler adiciona uma camada de desconhecimento, e Amélia tenta recordar os sons das vogais ao observar as sacolas, deixando-a intrigada com o seu conteúdo e nome.

O quarto dos Draytons exala uma personalidade discreta. As cortinas verde claro, movimentadas pelo vento, refletem uma atmosfera tranquila. A cama, majestosamente grande, é adornada com lençóis brancos, contendo cheiro de lavanda. Objetos cuidadosamente selecionados decoram o ambiente, com pequenos detalhes como abajures e móveis bem trabalhados, mesmo no escuro, era visível o luxo do ambiente.

Ao fincar os dedos no colchão e engatinhar para fora da cama, e se dispuser ao lado dos objetos dispostos, observava algumas fotografias, encapsulando momentos que, à primeira vista, transmitiam a imagem de um casal feliz. Sobre a cômoda, um quadro mostrava Doom e Mildred sorrindo, suas silhuetas abraçadas em um cenário que irradiava alegria.

Ao lado da cama, uma mesinha de cabeceira exibia mais registros emoldurados. Nessas imagens, o casal Draytons posava em diversas situações: em eventos sociais, viagens e até mesmo nos dias corriqueiros da vida doméstica. A luz forte das fotografias parecia capturar momentos de ternura, sorrisos e gestos de carinho.

Amélia, ao explorar esse ambiente pela primeira vez, percebeu uma normalidade diferente, um vislumbre de uma vida comum. As fotografias capturam momentos de alegria, sorrisos genuínos e gestos de carinho.. quem visse tais fotos, nunca diriam que o casal obtinha uma vida tão fora do comum. Apenas uma fantasia reconfortante de uma vida simples e comum, representada pelas fotografias sorridentes do casal de aristocratas.

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