𝖼𝖺𝗉𝗌 𝖾́ 𝖺 𝗌𝗈𝗅𝗎𝖼̧𝖺̃𝗈.

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Após o banho, saí do quarto e caminhei pelo corredor vazio e calmo do hotel, pela enorme janela pude ver a avenida e alguns carros passando vez ou outra, o céu noturno e estrelado mostrando um horizonte vazio. Olhei para meu pulso e ele estava menos inchado, mas era melhor evitar uma dor que me faria gritar insanamente igual um doido e ficar parado.

Minha atenção foi pra o final do corredor, Christopher estava parado ali e sorriu pequeno para mim, e sua mão carregava um pequeno saco de gelo.

— Ei, desculpa a demora mas aqui está, consegui pegar na cozinha do hotel. — ele me entregou o pequeno saco gelado e eu segurei. — Você está melhor? Ou... Sei lá.

— Estou. Não se preocupe. — Sorri de leve e suspirei, pressionando calmamente o gelo contra meu pulso. — Bambam me ligou, contei que só chegaríamos amanhã e ele entendeu.

Bang Chan balançou a cabeça e concordou, se encostando na parede e olhando para fora da janela, uma brisa suave entrou e me arrepiou, enquanto um frio na barriga se instalava em mim. A conversa que eu tive com Jisung veio a tona e eu me perguntava se esse era o momento certo para conversar com Bang Chan sobre tudo, tudo mesmo.

— Desde que nos reencontramos naquela avenida... Eu me pergunto o que você pensa sobre tudo o que aconteceu. — Minha voz era baixa, incerto de estar puxando aquela conversa.

Chan me olhou novamente e senti seu olhar me analisando, estudando o Seungmin que provavelmente mudou muito de alguns anos para cá. Chan tocou meu queixo e me fez olhar para ele, aquele toque simples que fez meu coração palpitar.

— Seungmin, sei que tivemos desentendimentos constantes, que terminamos quando acho que um precisava demais do outro... — pausou, pensativo. — Meu amor por você sempre foi imenso, o meu problema era que eu queria... Minha mãe faleceu assim que pisei os pés na Alemanha.

Meus olhos se arregalaram e eu quase deixei o saco de gelo cair, segurando o mesmo contra mim. Vislumbres de momentos magníficos com Crys vieram, a mulher mais doce e agradável que já conheci, e tenho certeza em falar que Chan puxou ela por inteiro. Meus olhos se perderam na imensidão dos de Chan, enquanto eu tocava sua mão.

— Chan...

— Você sabe que eu saí por aquela porta naquele dia por conta do papai. Ele me infestava de mensagens, dizendo que era pra eu continuar na empresa, que eu jamais iria ganhar algo andando pelo mundo. — Bang Chan apertou de leve minha mão. — Passei anos da minha vida deixando que os outros ditassem o que eu tinha que fazer, de quem eu deveria ser...

Bang Chan suspirou e eu pude ver seu estado cansado, de quem teve que aguentar muitas guerras internas.

— Confesso que eu te deixei de lado por um certo tempo, a relação ficou fria por minha causa, mas a cada segundo meu pai me enviava uma mensagem falando que se eu desistisse da faculdade de administração eu ia se ver com ele... — Chan se aproximou e tocou minha bochecha, seu polegar acariciando minha pele. — Todos aqueles poemas das férias de verão, tudo, tudo foi pra você... A casa da floresta, os ciúmes dos meninos que tentavam ficar com você. Seungmin eu sempre te amei.

Meu coração explodiu de tanto palpitar, eu engoli minha saliva e senti uma lágrima escorrer, eu abracei Bang Chan com força, o gelo pressionando contra nós dois, o que me fazia rir internamente. Chan tinha seu sonho de viajar pelo mundo, ele dizia que queria conhecer a si mesmo, tivemos um pequeno namoro a distância, eu não tinha certeza se ele voltava, mesmo que ele falasse que ainda estava no seu processo de autoconhecimento.

E quando ele voltou, fiquei feliz demais naquela época, mas acho que não soube como amar ele, como conhecer profundamente a pessoa que eu amava. E sabe se lá como ficará nossa relação daqui adiante, eu apenas quero ser paciente com ele e comigo mesmo.

𝗇𝖺 𝖾𝗌𝗍𝗋𝖺𝖽𝖺 𝖼𝗈𝗆 𝗈 𝖾𝗑 ( 𝗰𝗵𝗮𝗻𝗺𝗶𝗻 ! )Onde histórias criam vida. Descubra agora