Capítulo cinco.

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"Quando a saudade apertar, se lembre,
Que eu tô nessa vida pensando na gente.
Tipo a fênix eu vou ressurgir das cinzas, e voltar pra te buscar, minha menina..."

                            Duarte 🍁

Deixei o local enquanto trocava ideia com o Gabriel, que se ofereceu para buscar a Mel no trabalho, já que ela não queria esperar por um Uber. Batemos um toque e e dei meia-volta. Para minha surpresa, avistei a última pessoa que imaginava encontrar.

Ela estava ali, parada na minha frente, prestes a se afastar. A espera por esse momento pareceu durar uma eternidade, e minha reação ficou pendente, afogada em anos de questionamentos. Mas a necessidade de desabafar era urgente, grande pra caralho. Precisava soltar tudo que engoli por tanto tempo, e perguntar o porquê dela ter acabado comigo da maneira mais cruel que uma pessoa poderia ser destruída.

Num impulso, acelerei meus passos, chamando pelo seu nome. Um nome que esperei meses e anos para poder ouvir novamente.

Duarte: Thaís? - Ela hesitou por um instante, como se o peso da culpa a mantivesse imóvel. - Quer que eu te dê dez segundos para correr, ou vai virar a porra da cara na minha direção?

Thaís: Breno, eu... - Interrompo o restante da sua argumentação ao vê-la virar seu rosto. Aqueles olhos... Eles não tinham brilho, e seu rosto não expressava alegria, mas ela continuava linda, se pá até mais impressionante. Uma pena beleza não valer tudo. Se fosse só por isso, ela me teria de volta fácil fácil.

Duarte: Coé, tu que sumiu e nunca mais apareceu, meteu a porra dos pés pelas mãos e disse que ia me procurar, cadê que procurou? Procurou porra nenhuma, garota. - Sua expressão denunciava que não era isso que ela esperava, mas eu não podia dizer outra coisa, não depois de tudo.

Thaís: Cara, tenta me entender. Me deixa explicar e tenta entender. A vida tava corrida pra mim, tudo muito novo. - Lágrimas escorrem por suas bochechas, e eu não sinto compaixão alguma. Apenas o ódio preenche este espaço. Embora a vontade de chamar ela de vagabunda e jogar vários bagulhos na cara dela fosse grande, a ideia de tê-la de volta bem na minha frente e meter um beijo na sua boca, porra... Isso era maior ainda.

Duarte: Corrida por mais de dez anos? - Sorrio sem ânimo. - Quer meter esse migué sujo logo pra criminoso. Isso que te fode, tu é sonsa!!

Thaís: Eu sentia sua falta, Breno. Eu ainda sinto muito essa falta ardendo no meu peito. - Sua voz embargada toma conta dos meus ouvidos, e eu fecho os olhos, apertando as mãos no meu fuzil.

Duarte: Tu me abandonou, pô. Pegou todos os planos que eu estava construindo pra nós e jogou pro alto. Você não pensou em mim quando fez o que fez, por que agora eu tenho que pensar?

Thaís: Você tá sendo injusto comigo. Tem noção do quanto eu vivia me perguntando se talvez nos reencontraríamos um dia? - Dou risada, virando-me e posicionando meu corpo de frente para o seu, me aproximando ainda mais.

Duarte: Porra de reencontro, menina. Vai tomar no seu cu. Eu só tenho isso pra te dizer, vai tomar no cu. Reencontro é pra quem mora longe, em outro país, cidade. Você simplesmente acordou um dia, decidiu que o Breno não importava mais e me deixou. Então não mete essa de reencontro, senão eu juro que quebro tua cara de tanto ódio que tô sentindo. - Ela recua com a proximidade do meu rosto ao dela. Seu perfume... Ele continua sendo o mesmo, eu posso senti-lo.

Thaís: Me desculpa... Desculpa por todo o estrago que te causei. - As lágrimas começam a escorrer livremente pelo seu rosto, e eu me seguro para não voltar atrás, pois presenciar ela chorando acabava comigo. Porra, é uma tortura.

No Alemão 3 (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora