Capítulo sete.

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                              Sophie 💫

Dou uma mãozinha para a Sarah conseguir sair hoje. Juntas, pegamos um balde com água e vários produtos para limpar toda a casa, na esperança de que o pai dela sinta pena e a deixe sair conosco. O 'não' nós já tínhamos, então fomos atrás da humilhação.

E advinha? Recebemos ambos, só que o 'não' foi menos doloroso do que a humilhação, coberta de xingamentos pelo mesmo. A gente é tão azarada que, se comprarmos um anão, é capaz do bichinho crescer.

Sophie: Pô, que vacilo! Limpei tudo isso à toa? - Sento na pilastra de pedra da varanda, suando pelo esforço que fiz. Ouço a voz do Heitor surgindo, rindo do nosso papel de palhaça após o tio Gabriel sair pelo portão e ir para a rua.

Holandês: Faltou meu quarto, vai lá vai. - Igor se junta a ele, fumando um baseado entre os dedos.

Sophie: Vai tomar no seu cu, Heitor. - Digo frustrada, deslizando as mãos pelos fios do meu cabelo que insistiam em permanecer eriçados. Estavam sujos, podre. - Paguei de empregada à toa. Na moral, Sarah, nunca mais. Certa foi a Anna que meteu o pé.

IG: Ela dispiou porque tava dando perdido no JP pra poder se meter dentro da caxanga de vagabundo. Rum, quem não conhece essa aí que a coma.

Holandês: Nós tínhamos que dedurar, papo só. Apoio ir lá e bater o rádio. Pt tá pelo CPX? - Igor dá de ombros, enquanto eu desfaço meu rabo de cavalo, prendendo os fios novamente na esperança de que ficassem mais apresentáveis.

IG: E ele vai fazer o quê? Até parece que tu não conhece. Vai mandar um foda-se na nossa cara. Menor tá ligando nem pra ele, quem dirá pra curupira.

Sophie: E vocês vão mesmo, né? Quero geral lá. - Mudo o rumo do assunto. Ninguém estava interessado nesse papinho; meu foco hoje é aproveitar a noite, beber até tarde e provavelmente acabar dormindo novamente no varal de casa, e ainda enrolada na toalha de banho porque no dia estava chovendo.

Holandês: Tô pensando ainda se a Sarah merece ir. - Faz uma careta ao mencionar isso, dando a entender uma indecisão que parecia mais uma provocação dirigida à garota.

Sarah: Ruindade come solta nessa família. Que isso, cadê a união? - Tenta beijar o Heitor, mas ele suavemente puxa seus cabelos para trás, afastando-se dela.

IG: Deve que tá lá no inferno. Quer procurar não? - Sarah manda o mesmo ir chupar um canavial de rola.

Sophie: Vou pra minha casa me arrumar que eu ganho mais. Meu pai tá lá? - Indago meu irmão.

IG: Quando eu saí ainda estava, e sóbrio, por incrível que pareça. Deus tá lembrando de exaltar os humilhados.

Sophie: Então eu vou, tu vai não? - Ele recusa, terminando de fumar sua maconha. A marra esconde os esporros que levou da minha mãe após a confusão com o Abelha.

IG: Depois. Tô afim de me ajeitar agora não. Se pá, eu me arrumo aqui e só passo pra te buscar.

Sophie: Maitê, Safira e Anna vão no carro com a gente. A Sarah vai com o Holandês, e o Pietro só Deus sabe. - Igor me olha franzindo o cenho.

IG: Você me perguntou se eu quero levar elas? Já chega alugando meu carro assim. Entendi legal não.

Sophie: Carro nem é teu, é do nosso pai. - Estiro a língua.

Holandês: Tu não ia pra casa se arrumar? Já perdeu cinco minutos aqui. - Ouço o Igor bufando quando a Sarah se aproxima dele pedindo ajuda para guardar todas as coisas que usamos pra lavar a varanda. Ele vai reclamando, mas vai.

No Alemão 3 (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora