Guerrilheiro 🥋
Corri para fora do carro ao perceber uma confusão na curva da esquina do morro. Destravei a pistola da minha cintura e avancei na direção do tumulto, instruindo a Mel a ficar dentro do carro. Contudo, minha orientação foi em vão. Pisquei, e a malucona já tava atrás de mim, querendo saber o que estava acontecendo. Às vezes, questiono por que ainda perco tempo explicando os bagulho pra ela.
Guerrilheiro: Qual foi dessa porra aqui? - No chão, Abelha sangra com um tiro que pegou de raspão em seu braço, enquanto o outro quase acerta a mão de Maitê, que está ferida e encolhida, chorando próxima ao irmão.
Pt: Nem me olha com essa cara de doidão porque dessa vez eu não fiz nada. - Dá de ombros com o fuzil atravessado pelo peito e desce o olhar para a cena feia que se desenrola.
IG: A bala saiu do meu pente, pô. Eu que dei os dois tiros, se tiver que broncar, vem na minha direção. O Pt chegou depois. - Esses moleques são comédião demais, vivem soltando papinho gostoso pro meu lado só porque sou responsável pelo armamento deles.
Guerrilheiro: Desfaz a pose, jogador. Não tem nenhum coleguinha teu aqui. Virou o que agora, atirador de elite? Acha que vai resolver tudo metendo bala? - Desarmo ele, girando o pulso e travando a arma no lugar. Entrego-a na mão da Melissa, que a prende na cintura, se achando a malandrex. - Só não esquece que quem te ensinou a usar essa porra fui eu, então, fecha a cara pro meu lado. - Bato no braço do IG, que estava com o rosto vermelho e os olhos fixos no Abelha.
Pt: Coé, GB, se quer cobrar o certo, então se informa sobre o que tá rolando. Tu tá ligado que não é a primeira vez que esse cara arruma confusão com a gente.
Guerrilheiro: Passa a visão, porra é essa? - A minha arma oscilava conforme eu tentava me expressar.
IG: O menor chegou falando várias merdas pra mim. Meteu meu pai e minha mãe no meio, pessoas que nem estão aqui, ficou puxando pro desenrolo. Quero ver ele ser homem de repetir o que falou. - Chuta a sola do pé do Abelha e o Pietro afasta o mesmo. - Ele não disse que duvidava se eu era o brabo pra atirar, então porra, descarreguei.
Fgt: Por que não entrou na porrada? Só se garante nisso? - Peita o Igor, que tira a mão do Pt do seu braço, xingando. - Quero ver sair no desenrolado no teti a teti, batendo braço e não pistola.
Guerrilheiro: É, pô, vai, reboca o Igor na porrada. Tô botando na tua frente pra você descer a madeira. - Me esquivo e aponto para o IG, que está com os braços cruzados. - Depois tu arruma alguma desculpa pro V2 e pro Portuga quando eles perguntarem qual foi do caô.
Pt: Botar mão nele é tocar em mim também. Não tem terror não. Armado ou no mano a mano, nossa disposição continua sendo a mesma. Se eu tivesse medo de piroca, não teria uma grudada no meio das minhas pernas.
IG: Não precisa chamar ninguém não, pô. Eu sou homem o suficiente pra sustentar meus B.O sozinho. Eu não atirei? Então, se tiver que cair pra madeirada, nós cai sem muito leme. - Dá alguns passos, ficando mais próximo do Fgt, sem vacilar. - O filho dele teve peito pra falar o que falou, e eu tive mais ainda pra disparar minha bala. Mesma postura que eu fiz, eu assumo.
Pt: Esse moleque tinha que estar de pé, juntar uma porrada sinistrona em cima dele. Pregar sem dó no meio da favela pra dar exemplo.
Fgt: Vou bater bolação mais não. Levanta aí, Abelha. - Seu dedo cutuca-o. O impacto do tiro deixou o menor malzão, mesmo que de raspão.
Abelha: Braço tá ardendo, caralho. - Ao sentir o agudo desconforto, ele fechou os olhos com força, tentando conter qualquer vulnerabilidade.
Fgt: Foda-se, vai com ele ardendo mesmo. Bora também, Maitê. - Olho de relance para ver onde a Mel estava e observo ela quietinha prestando atenção na confusão. A glockada maior que o tamanho dela.
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No Alemão 3 (DEGUSTAÇÃO)
Non-FictionDuas décadas se passaram, e agora eles ressurgem. Situados na Zona Norte do Rio de Janeiro, um policial se infiltra em meio a eles, com o objetivo de urdir um plano para pacificar a região, onde visa criar condições para que os militares possam circ...