Gurunga 6

Gurunga 2 de 14

Viaporã, Centro, 03:25 PM

Lélé estava tomando uma dose de cachaça no bar Água que passarinho não bebe, localizado no centro da cidade, perto da delegacia de polícia. A bebida havia sido paga pelo próprio Lélé com dinheiro ganho com a venda de latinhas de alumínio, em sua maioria de refrigerante e cerveja.

— Cê ficô sabên que Tiago de Juraci foi preso ônt, as puliça desceu o cacete nêl e jogô numa cela, êl tá lá até agora. — Disse Rivaldo, um alcoólatra assíduo frequentador daquele bar —

Lélé fez uma expressão de desprezo e disse.

— Por mim as puliça pudia trancá êl na cela e jogá a chave fora! Aquela disgraça não vale o que o gato interra! — Disse Lélé —

Lélé odiava Tiago, mas ele não era o único, muita gente em Viaporã e região adorariam ver Tiago morto. Todo esse ódio não era gratuito, Tiago era um encrenqueiro de primeira, era raro ele passar mais de duas semanas sem arranjar confusão. A lista de atrocidades cometidas por Tiago é extensa; brigas, furtos, danos ao patrimônio público e privado, calotes, agressão física e verbal a própria mãe, agressão física e verbal a diversas outras pessoas, abuso sexual a mulheres, abuso sexual a meninas menores de idade, entre outros delitos.

— Uma veiz esse fila da puta sismô que eu tava óiân fêi pra êl, e eu nem tava óian pra êl, intão êl vêi pra cima de mim e mim deu um murro da cara... eu vi o mundo rodá e caí no chão, depois êl cumêço chutá minha cabeça, a minha sorte foi que a prima dêl apareceu e reclamô êl pra êl pará de mim batê...

Lélé fez uma pausa para finalizar seu copo de pinga e prosseguiu com o relato.

— ...êl ainda me deu mais uns trêis chute nas custela e depois foi inbora xingân, eu levei mais de um mêis sintino as dô das pancada que êl mim deu. — Concluiu Lélé —

Rivaldo já sabia desse ocorrido relatado por Lélé, porém não com tantos detalhes.

— O bicho é ruim mêrm! Uma hora dessa ele vai achá um do tipo dêl o pió e aí êl vai se lascá... só Deus pra tê misericórdia de um cabra desse. — Comentou Rivaldo —