—— Seu grande parrolo! —— Octávio gritou batendo no ombro de Rodolf. Octávio estava fumegando de raiva com o seu irmão mais novo, havia ajudado o mais novo a ser um cobrador de impostos da sua aldeia mas não esperava que a sua ganância fosse longe demais.
—— Não estava a espera que alguém descobrisse, quase nenhum nobre vai a Nacate —— Comentou com o desespero nítido na sua feição assustada.
—— Não interessa! Se o duque ou o rei descobre nós os dois vamos para forca, seu imbecil —— Disse irritado.
—— O André disse alguma coisa sobre estar prenho e não contar para o senhor Filipe, acho que podemos usar isso ao nosso favor —— Incrédulo Octávio deixou cair o copo de madeira de onde bebia a sua cerveja.
—— Você disse prenho? —— Apertou o copo irado, “como Filipe se atrevia a tocar em André?” Pensou jogando o copo contra o chão.
—— Aquele teimoso! —— Rodolf sentiu um pouco de medo ao ver os olhos de Octávio repletos de raiva, aquilo não era bom.
O céu estava escurecendo mostrando que a noite se aproximava. Taberna estava muito movimentada naquele dia talvez fosse por ser domingo mas o ambiente estava agradável para Octávio.
Haviam mulheres de todos os feitios e tamanhos, qualquer uma poderia agrada-lo mas não chegava perto da satisfação que André havia lhe dado mesmo sabendo que foi puramente um acordo.
—— É a carruagem do duque! —— Gritou uma mulher quando se escutou o barulho das rodas da carroça se arrastando pelo chão.
Octávio caminhou até a saída da taberna para ver os inúmeros guardas protegendo a carruagem do duque Valentim D’Ávila, o homem mais influente e frio que aquela cidade já conhecera.
—— Acabei de ter uma ideia —— Sorriu perverso quando viu André vindo de longe com Aquiles e Rodolf sabia que seria alguma coisa maldosa.
Enquanto isso, Filipe esperava ansiosamente por André no seu lugar de encontro. Era um campo aberto com o chão coberto pela grama verde logo mais a direita e tinha algumas macieiras em fileiras perfeitamente alinhadas no lado esquerdo.
Por ser primavera as árvores tinham flores brancas, uma época que Filipe particularmente gostava era a primeira pois foi ali onde encontrou André pela primeira vez.
—— Sonhando acordado? —— Filipe sorriu bobo quando viu Aquiles bem na sua frente e em cima dele estava André com um sorriso enorme.
O loiro não esperou André descer e montou em Aquiles pegando as rédeas do cavalo puro sangue. Filipe distribuiu beijinhos pelo pescoço do mais velho que gargalhou alto com o gesto.
—— Pára, alguém pode ver, Filipe —— Contrariado o filho do duque obedeceu. O gordinho sabia que o namorado adorava contacto físico, era a sua linguagem de amor mas André não conseguia parar de pensar na opinião de terceiros.
—— Tenho um presente para ti —— Aquiles começou a galopar assim que recebeu o comando de Filipe. O cavalo negro corria majestosamente entre as macieiras alinhadas.
Filipe sabia que o seu namorado adorava andar a cavalo e vê-lo sorrindo de orelha a orelha com os braços abertos, o fez sentir como se tivesse feito a maior das conquistas.
O maior parou quando sentiu que estava longe o suficiente da mansão e desceu de Aquiles que concentrou em comer o capim.
André ficou tímido quando o seu namorado estendeu os braços para recebê-lo e desceu do cavalo.
—— Posso beija-lo agora? —— Perguntou passando o polegar pelo lábios carnudos de André, a ponta do seu dedo fez um desenho imaginário pelos lábios escuros e depois subiu para o nariz meio aberto do namorado.
André sentiu o seu coração batendo a mil, ele parecia estar vivendo um conto de fadas, aquele amor proibido que insistia em crescer. Passou os seus braços pelos ombros largos de Filipe, fechou os olhos e permitiu que os seus lábios se conectassem.
Filipe apertou a cintura macia do mais baixo aproximando os seus corpos. O homem negro sentiu como se estivesse derretendo de tão bom que estava se sentindo.
O filho do duque suspirou durante o beijo, ele desejava mais. Afundou a língua na boca do gordinho que gemeu baixinho com o acto.
—— Nós fizemos essa manhã, Filipe —— Disse quando sentiu a excitação do namorado, separassem deixando apenas um traço de saliva que os conectava por uns segundos.
—— É inevitável não ficar excitado quando se tem um namorado tão belo quanto você —— André mordeu o lábio inferior quando o mais alto foi trançando beijos molhados pelo seu pescoço, a sua pele esquentou e seus joelhos fraquejaram quando Filipe apertou a sua bunda. André acabou cedendo e fizeram amor ali mesmo.
—— Ela está muito bem e os remédios ajudam muito —— Disse entusiasmado quando o namorado começou a fazer perguntas sobre a visita que fez a Eloísa.
—— Ela pediu para conhecer-te! —— Disse receoso, André sabia que Filipe jamais iria à uma aldeia cheia de camponeses pobres só para conhecer a sua mãe.
—— Seria óptimo, eu também quero conhecer a minha sogra —— Os olhos castanhos brilharam com a declaração sincera de Filipe.
—— Iria à minha aldeia por mim? —— Questionou erguendo o rosto para encontrar aqueles olhos azuis de Filipe. Os seus lindos fios dourados estavam um bocado bagunçado e descansando na sua testa.
Filipe sentou-se fazendo o gordinho seguir o seu movimento já que ambos estavam deitados. O homem negro observou atentamente enquanto o filho do duque procurava alguma coisa.
—— Dá-me a tua mão —— Pediu o maior e André assim o fez sem questionar. O gordinho ficou boquiaberto quando o seu namorado mostrou o anel dourado e o passou no dedo anelar de André.
—— Esse anel foi me oferecido pela minha falecida mãe e somente aquele que roubasse o meu coração poderia usá-lo —— Após colocar o anel segurou a sua mão delicadamente e o mais velho estava se controlando para não chorar.
—— Filipe… Você me daria a honra de ser o seu marido? —Lágrimas escorreram dos seus olhos com o pedido do loiro.
—— Eu aceito casar com você, eu aceito, eu aceitooooo! —— Gritou pulando para os braços de Filipe que suspirou aliviado, passou meses se preparando para fazer um pedido mas o seu coração ficou quentinho ao ver a alegria no seu noivo.
André afastou-se do maior, pronto para contar que esperava um filho seu. Ele sabia que não seria fácil, talvez Filipe rejeitasse a criança ou mesmo terminasse consigo mas no fundo ele sabia que o loiro não faria tamanha barbaridade, assim ia falando foram interrompidos.
—— Filipe! —— Gritou uma voz que André conhecia muita bem e odiava a dona daquela voz.
Os dois arrumaram-se as pressas e Filipe ajudou o namorado a montar em Aquiles porém ele se manteve no chão e guiou o cavalo em direção a mansão.
André desceu do cavalo assim que viu a entrada da mansão dos D'Ávila, revirou os olhos quando viu a mulher mais chata que já tivera o desprazer de conhecer.
—— Aí está você! —— Filipe sussurrou um pedido de desculpas quando a mulher pulou nos seus braços.
—— Adorava ficar assim por mais tempo mas estou fedendo a suor e a minha roupa está suja —— Disse sincero, a camisa estava amassada, o seu cabelo desarrumado e estava mesmo suando e o calor infernal não ajudava.
—— Que isso, Filipe? Nós seremos casados em breve e esse criado pode lavar a sua roupa —— Declarou Lucrécia.
André sentiu como tivessem dado um banho de água fria quando escutou aquilo.—— André! —— Filipe chamou quando viu a dor nos olhos do mais velho, o gordinho afastou-se dos dois a passos rápidos, se recusava a chorar na frente de Lucrécia.
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Rebirth
RomanceEm um reino de apaixonante aristocracia, Filipe, herdeiro do prestigiado duque, encontra amor proibido nos braços de André, o humilde criado de seu pai. Nesse romance clandestino, a paixão floresce, mas um mal-entendido trágico os afasta. Cinco anos...