Capítulo 07

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—— O que diabos você faz aqui? —— André cruzou os braços indiferente a Octávio que estava mais do que surpreso.

—— Essa casa é minha caso não tenha percebido —— O homem robusto engoliu seco, ele havia recebido ordem de chamar um renomado homem de negócios não André pobre que conhecia.

—— Mas como? —— Octávio podia notar que André havia mudado bastante principalmente os seus olhos que antes eram cheios de vida agora continham um brilho cheio de ódio que era difícil acreditar que eram a mesma pessoa.

—— Eu adoraria ficar o dia todo explicando mas tenho outros afazeres a minha espera. Sendo assim, o que o traz a minha humilde casa? —— Falou sentando no sofá aconchegante.


—— A baronesa Isabella faleceu na semana passada e numa das suas cartas dizia que convocavam a sua presença para abertura do seu testamento —— André levantou-se abruptamente quando Octávio terminou de falar.


—— Ela morreu?! —— Perguntou incrédulo. Era impossível, ela tinha vindo visitá-lo e parecia estar bem.

—— Infelizmente é verdade. Ela andava doente nos últimos anos e acabou não resistindo —— André limpou uma lágrima que escorria dos seus olhos.

Octávio arregalou os olhos quando viu uma criança correndo até André e se escondeu atrás do gordinho. O miúdo tinha olhos castanhos que lembravam a cor do mel, cachos da mesma cor dos seus olhos preenchiam a sua cabeça.

—— Ele é uma cópia perfeita de vocês dois —— Octávio disse com a mão na boca. André abaixou-se e carregou o seu filhote que olhava para o outro com curiosidade.


—— Vá se aprontar com a Glória enquanto o pai resolve umas coisas, tá bom? —— Disse olhando para a babá que esperava pacientemente por Amal. Glória, a babá era uma mulher com a pele mais branca que a neve, tinha lindos olhos da cor da noite e lindos olhos castanhos.


—— O prepara para viagem, iremos partir hoje mesmo —— Glória, pegou no menino e saiu da presença dos dois.


—— Então você teve um filho dele —— Octávio disse ainda surpreso por causa de Amal. André sentou-se no sofá aconchegante à espera que o barbudo respondesse.

—— A minha pessoal não diz respeito ao senhor —— Respondeu sério.

—— Senhor? Você me conhece há anos e até dormimos juntos, não sejam assim, André —— O gordinho trincou o maxilar.


—— Foi uma troca de favores nada mais que isso. Se é tudo, por favor se retire da minha casa —— Octávio balançou a cabeça em incredulidade, aquele não era o André que havia conhecido?

—— Fui enviado pelo senhor Filipe para informar sobre a morte da baronesa Isabella —— André ergueu-se imediatamente e mordeu a cunha mostrando o seu nervosismo.


—— Não pode ser verdade! Ela enviou uma carta para mim não fazem nem duas semanas —— Disse se recusando a acreditar na fala de Octávio.


—— Ela faleceu faz uma semana e para poder ser feita a abertura do seu testamento, ela fez uma carta dizendo que o filho, neste caso, o senhor teria que estar presente —— Explicou calmo.

André dispensou Octávio assim que terminou de falar e Eloísa veio acolher o filho assim que notou os seus olhos marejados.

—— Ela se foi, mãe —— Eloísa abraçou fortemente o filho que chorava baixinho. A mulher negra seria eternamente grata por Isabella ter sido uma mãe para o seu filho no momento mais difícil da sua vida.

André via Isabella como uma segunda mãe, ela e Eloísa tinham sido as únicas pessoas a não abandoná-lo quando todos o fizeram.

—— A vida é assim, meu filho. As pessoas vêm e vão, mas tenho a certeza que ela está num lugar melhor agora —— O gordinho limpou o rosto.


—— Preciso me despedir dela —— Eloísa preocupado segurou o ombro do gordinho.

—— Irás encontrá-lo. Tens a certeza que estás pronto? —— André olhou para o anel que estava no seu dedo desde o momento que Filipe havia lhe dado.

Depois de estarem todos prontos, entraram na carroça que os levaria para a mansão dos D'Ávila e somente demoraram duas horas para poder chegar.

André ficava mais nervoso à medida que via as ruas que muito bem conhecia e quando passavam pelo portão, as suas mãos começaram a suar.


—— Está tudo bem, pai? —— Amal segurou o rosto do seu pai quando notou que ele estava tremendo. Eloísa segurou a mão do seu filho o encorajando.

—— Está sim, bebê —— André forçou um sorriso para esconder o seu nervosismo.

—— Precisas enfrentar isso, só assim darás um fim ou um novo começo para vocês —— A mulher negra disse assentindo levemente para o seu filho que respirou fundo antes de descer da carroça.



Filipe tinha uma carranca na testa em pura frustração de ter que receber o convidado misterioso enquanto o seu pai desfrutava da festa que havia organizado com os seus amigos, sendo que a irmã morreu em menos de um mês.

O loiro endireitou-se quando viu a primeira pessoa saindo da carroça. Era uma linda mulher negra com alguns fios brancos misturados ao cabelo negro, trajava um vestido simples cinzento que terminava um pouco abaixo dos joelhos.

Em seguida saiu uma jovem dos seus vinte anos mas nada preparou Filipe para o que vinha a seguir.

Filho do duque mal percebeu mas já estava caminhando em direção ao homem que tem procurado pelos últimos cinco anos. André apertou o filho que segurava no colo quando o seu coração começou a bater loucamente no seu peito.

André somente sentiu a textura extremamente familiar dos lábios de Filipe contra os seus e as mãos frias segurando o seu rosto.

O menor sentiu a pele arrepiar quando o homem mais alto chupou o seu lábio inferior com força e André estava fazendo um esforço enorme para não deixar Amal cair dos seus braços.

—— Tenham modos! —— Eloísa bateu nas costas do loiro com toda a força e puxou a orelha de André os fazendo gemer de dor.

Todos os criados que presenciaram a cena olhava incrédulos, a mulher havia dado um belo tapa nas costas do filho do duque, um nobre, nunca ninguém havia feito isso.

—— Estás-me envergonhado, mãe —— Filipe podia sentir o latejar no local onde Eloísa havia batido e ao escutar o gordinho chamando-a de mãe o fez despertar.

—— Vergonha é o que devia sentir ao fazer isso em público —— Repreendeu após soltar a orelha do filho.

—— Papá! —— Gritou Amal ganhando a atenção de Filipe que ainda não havia notado o menino nos braços de André.

Amal desceu do colo do seu pai e correu até o loiro que ficou surpreso e encarou a criatura mais fofa que já tinha visto. Ajoelhou-se para alcançar o menino.

—— Ele não é o seu pai, Amal —— Caminhou para tentar levar o filho mas o filho do duque o carregou nos braços.

—— Mas você diz que só beijaria o meu pai —— Respondeu inflando as bochechas e Filipe ergueu a sobrancelha para o gordinho.

—— Oh ele disse? —— Filipe provocou dando atenção para o menino que assentiu energético.

—— Você é o meu pai, não é? —— André tirou o seu filho dos braços de Filipe e Amal ameaçou chorar.

—— Glória, cuide dele por mim enquanto converso com o senhor D'Ávila, por favor —— A babá levou Amal.

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