Capítulo seis

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Eva tomou nas mãos o cabo de metal da minha espada, enquanto eu analisava cuidadosamente suas expressões. Ela parecia entusiasmada, como uma criança que ganha um presente.

— Uau… onde conseguiu isto?— fitava a espada segurando-a com cuidado, enquanto corria os dedos pelo meio da lâmina. 

— Ah… é uma longa história. Agora concentre-se no que eu vou dizer — aproximei-me, ficando diante dela— isto — apontei para espada — não é um brinquedo. É uma arma que pode matar. Se não manusear direito, pode se machucar, ouviu bem?— ela assentiu e pela sua expressão, parecia determinada a ouvir cada palavra — primeiro sinta o peso da espada em suas mãos.

— É bem pesada…

— Sim. E como você não tem força, precisará desenvolver técnica. Afaste os pés e flexione os joelhos.— ela obedeceu um pouco hesitante, enquanto eu estudava sua postura, caminhando em torno dela.

— Está flexionando demais!— apontei, percebendo que ela tornara-se ainda mais baixa que antes— sutileza, Eva. A postura é crucial.

— Assim?— moveu-se sobre os joelhos, olhando para mim.

— Uhum. Agora, segure o cabo com as duas mãos— ela obedeceu, fitando-me com um olhar sisudo em seguida — precisa sentir que a espada é uma extensão de você. A lâmina é uma extensão da sua vontade. Não a force, deixe que o movimento flua naturalmente. 

— Tudo bem. — assentiu.

— Pronta?

— Sim.

— Agora— aproximei-me da figueira— golpeie o tronco… bem aqui— apontei para uma das últimas lascas que deixei na árvore, apoiando uma mão no tronco em seguida, ao passo que ela se aproximava.

— Se prepara. Pés afastados, joelhos levemente flexionados e leveza nas mãos. Sinta a espada, deixe-a te guiar.

— Certo— respondeu um pouco nervosa, concomitante aos movimentos que fazia para se ajeitar — lá vai! — ela ergueu a espada, porém o movimento que ela fez em seguida, foi tão fraco que mal arranhou a árvore. 

— Ridículo.— respondi, diante de seu olhar confuso sobre mim. 

— M-mas eu fiz o que você mandou — titubeou e eu achei engraçado vê-la titubear, logo ela que sempre tinha uma resposta afiada na ponta da língua.

— Não. Você não fez o que eu mandei. Eu disse para golpear a árvore, não para fazer carinho nela.

— Você me disse para não usar força!— retrucou indignada.

— Arg!— esfreguei os olhos com a mão direita e em seguida a barba por fazer. “Isso funciona comigo. Todavia, mesmo se ela empenhar força, ainda não terá nem um décimo da minha” — Certo. Você não tem força.— concluí. — sendo assim, use toda a força que tem. 

— Como? Primeiro me diz para não usar força, agora quer que eu use toda a força que tenho?— questionou, franzindo o cenho.

— Exatamente.

— Isso não faz sentido algum! 

— Não é para fazer sentido. Apenas faça o que mandei!

— Uau! Certo mestre!— escarneceu, imitando uma reverência— vou fazer o que o senhor mandar.

Mestre… gostei disso — ergui os lábios num sorriso presunçoso — Continue me chamando assim.

— Arg…— ela revirou os olhos e em seguida se concentrou na árvore novamente, ajeitando a postura da forma que ensinei. A espada estava apontada para o chão ainda, quando observei que faltava uma coisa.

Uma Jornada Pela Fé (Pausado)Onde histórias criam vida. Descubra agora