☆ esperança ☆

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Musiquinhas do capítulo:
⭑Lost Stars - Adam Levine
⭑Everything I Wanted - Billie Eilish

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Um sorriso vitorioso é escondido pela xícara de bebida de Jimin. Espuma adorna seu lábio superior que ele prontamente limpa com a própria língua e prende o lábio inferior com os dentes. Me amaldiçoo por ter prestado tanta atenção em um simples movimento.

A culpa é dele por ser tão malditamente e genuinamente lindo.

Ele retira o celular de um bolso interno da jaqueta e me olha por entre os cílios compridos, um palpitar mais forte me arrebata.

- Pode falar, gatinho.

Os dígitos saíram quase automáticos pela minha boca enquanto eu prestava atenção a cada mínimo movimento de Jimin. Creio que a noite em claro teve um efeito maior do que eu esperava em relação ao meu juízo.

O celular foi bloqueado e colocado em cima da mesa. Jimin se remexeu na cadeira, colocou os braços atrás da cabeça e Deus... Como eu desejei saber ler comportamentos humanos para entender o que aquele olhar quis me dizer.

- Obrigado. - Seu timbre saiu baixo, com um tom singelamente animado.

- Agora me diz, qual era o segredo? - Uma risada alta sai de dentro dele, vibra no meu peito e me permito rir junto dele.

- Ainda não saímos, Jeon. - Largou o garfo manchado com alguns resquícios de torta azul e se levantou. - Sei que pedi para sairmos no próximo fim de semana mas você topa passar o dia comigo? Quebra meu galho só para eu ter uma desculpa para não cuidar dos bêbados lá da praia. - Um sorriso amarelo e travesso adornou os lábios levemente manchados de corante azul.

Levantei-me calmamente ignorando o incômodo e a sensação tenebrosa que assolou o meu espírito. O arrependimento quase instantâneo das consequências que isso posteriormente me causará ao chegar em casa. Entretanto, a vontade de ser livre por mais algumas horas de mim mesmo e daqueles que me aterrorizam dentro de casa. Engoli toda aquela vontade repentina de querer colocar todas as minhas vísceras para fora, todo o gosto amargo da bile tirou o doce do que eu tinha comido há apenas alguns minutos atrás. O frio na barriga foi inevitável quando joguei todo o desconforto para dentro de uma das gavetas mais bagunçadas desse móvel tosco que fiz com minhas próprias mãos dentro de mim - e eu não tenho o mínimo conhecimento de marcenaria. Sorri o meu sorriso mais bonito e me enchi de graça.

- Por que não?

Meus passos trêmulos seguiram os dele para fora do estabelecimento. Não nos despedimos de Soojin já que não estava em nenhum lugar visível do estabelecimento assim, o cheiro de café foi deixado para trás e substituído pela maresia de Calisto, o barulho da moto e a colônia de Jimin.

A cidade acordava e o asfalto se tornava quente com o peso de tanta gente. Paramos em um semáforo e aproveitei a oportunidade:

- Onde vamos?

- Para a casa da Pandemonium. - Respondeu, simples. Me aqueci em expectativa e voltei ao meu silêncio, feliz.

Nem nos meus sonhos mais malucos algum dia eu pensaria que Park Jimin, em carne e osso, com todo o seu mistério e charme estaria perdendo o seu tempo comigo. Nem mesmo chegaria perto de pensar que, sim, eu conheceria um dos meus ídolos, minha inspiração. Nunca fui de ter grandes ambições e meus sonhos sempre são apedrejados com toda a força e outros não se importam e não me incomodo em compartilhar o que penso. O que acontece é que o mundo está recheado de gente egoísta, de meias pessoas, meias verdades, meias paixões, meios ideais. Aqueles que se esforçam para se tornarem pessoas completas já deixaram muito de si pelo caminho.

Todas As Estrelas Que Eu Vi Em Seus OlhosOnde histórias criam vida. Descubra agora