Todas As Estrelas Que Eu Vi Em Seus Olhos

☆ é um prazer te conhecer ☆

⭑ Musiquinhas do capítulo:

⭑ Losing My Religion - R.E.M

⭑ Lovesong - The Cure

⭑ Dancer in the Dark - Chase Atlantic

⭑ LA girls - Charlie Puth

⭑ Double Fantasy - The Weeknd (with Future)

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Nunca imaginei que sentiria paz com as aceleradas que Jooheon dava sem dó na Belina amarela. O vento batendo em meu rosto trazendo o cheiro da maresia pelo oceano que se estendia no horizonte, bagunçando meus cabelos e me trazendo a sensação de que, porra, eu estava vivo e melhor do que nunca. Foi como se o mar, mesmo que distante, lavasse o meu peito cheio de medos e angustias, levando para longe todo o meu desalento. 

As praias de Calisto sempre me serviram como um ponto de sanidade para mim, me lembravam de que tudo valia a pena. Gosto de andar descalço na areia, afundar minha bunda nela e tocar até o Sol se pôr, minha guitarra. Os postes de Calisto começavam a se ascender e as lojas adjacentes às avenidas se iluminavam com piscas-piscas, placas chamativas e o cheiro de comida fresca invadia minhas narinas, fazendo com que meu estômago roncasse sofrido.

O ruivo ao meu lado tamborilava os dedos no volante cantarolando Losing My Religion. Ele jogou a cabeça para trás e riu quando ouviu, mesmo pelo som do carro, agora consideravelmente alto, minhas entranhas se contorcendo pedindo por alimento.

- Qual foi, Jeikei, tá passando fome? Quer uma cesta básica? - Dei um soco no seu braço e quase sofrendo um infarto quando ele vira com uma brusquidão desmedida o coitado do carro em um Fast-Food aleatório. Alguns carros que estavam atrás de nós buzinam, com razão.

- Jamais. Ouse. Fazer. Isso. Novamente. Seu cuzão do caralho. Tá ligado que hoje é o dia de ver OS caras, né? Não me mate antes de acontecer, bro. - Me acomodo mais tranquilo no banco enquanto Jooheon continua a rir. Não sei como nos tornamos amigos, mas às vezes questiono realmente se vale a pena arriscar minha vida desse jeito.

- Relaxa, cara. Tá comigo, tá com Deus. - Fez o sinal da cruz e apontou para o céu. Olhei pela janela ignorando o idiota ruivo ao meu lado. Ouvi quando ele fez o pedido da comida. Não era atoa que Jooheon era meu amigo, ele pediu meu combo favorito, com direito a queijo e bacon extras, ensinei direitinho. Esqueça o que eu disse antes.

Bati os pés inquieto no assoalho do carro, ansioso pela comida e pelo show. Quando tive meu lanche em mãos comecei a devora-lo, afoito, e agradeci Jooheon de boca cheia, arrancando-lhe aquele sorriso bonitinho de covinhas. Tomei do refri ainda observando a paisagem lá fora, as batatinhas estavam meio murchas, mas você sabe, as batatinhas são sagradas. Juro que tento manter minha alimentação saudável mas em situações como essa, é impossível recusar um belo hambúrguer. 

Amassando as embalagens sujas e colocando novamente dentro do pacote de papel amarronzado, mantenho o lixo em meu colo enquanto dou batidinhas na minha barriga levemente inchada, completamente satisfeito. Já estávamos perto de minha casa, meu estômago deu uma reviravolta, ansioso. Pretendo deixar um bilhete na bancada da cozinha para avisar meus pais de minha saída, provavelmente irei me arrepender de tal feito, mas será melhor levar bronca de avisar que ficarei a noite fora do que levar bronca por não dizer que saí. Pois é, família é algo que gostaria que fosse menos complexo.

Quando Jooheon para o veículo, pulo para fora, com pressa e entro em casa, sei que ele não estava brincando em relação aos vinte minutos. Ninguém dentro do imóvel esperava minha chegada, como sempre. Pego o bloco de notas preso na geladeira, arranco uma folhinha deixando o bilhete pronto na bancada de mármore brilhante. Jogo o lixo, obviamente no lixo e subo as escadas correndo, deixando Escanor no cantinho especial do meu quarto. Entro no banheiro quase arrancando as vestes para fora do meu corpo e me coloco embaixo da água quente do chuveiro. Estava feliz mas algo em meu âmago continuava a reclamar. Estava com medo também.