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Sempre invadindo o meu quarto.
A mão pesada não liga para o meu estado, se eu estou dormindo não importa, se eu estou bem ou mal não importa, o que importa é sempre me tocar.

Eu ouvi seus passos, lentamente até a cama. Senti o peso do seu corpo, ao se sentar na cama, meu coração disparou de imediato, mas decidi não me mover. Primeiro, passou a mão pela coberta, acredito que para me perceber por completo, e eu? Não ousei nem respirar.

Suas mãos foram subindo, e fizeram as mesmas coisas de sempre. As suas mãos não precisavam estar no meu pescoço para me sufocar... sufocando até de mais, na verdade, sufocando muito, tanto que eu não pude fazer nada, além de gritar e tentar procurar meu fôlego. Foi quando meu grito me fez perceber que tudo não passava de um sonho.

Mais um sonho sobre ele.

Eu me sentei assustada, meu coração palpitava como se quisesse sair de dentro de mim. A minha boca estava seca, e meu corpo estava tremendo.
Coloquei a mão no meu pescoço, a estranha e horrível sensação da mão dele ainda estava em mim.

Vaso ruim não quebra. Padrasto ruim também não.

Levantei da cama, ainda recuperando-me do sonho angustiante. Minha mente tenta afastar as imagens perturbadoras, focando no presente. "Mais um desses sonhos", murmuro comigo mesma, enquanto decido enfrentar a realidade do dia.

Decido que a melhor maneira de dissipar as sombras é mergulhar naquilo que me faz feliz: a música. Vestindo-me, escolho um conjunto confortável e adequado para o ensaio.

Ao chegar ao estúdio, cumprimentei a equipe com um sorriso resoluto.

- Bonjour, Hugo!- Exclamei próximo do Homem, fazendo ele encolher os ombros e por os dedos nos ouvidos, me olhando bravo.

- Tinha que ser você, Sn. Bonjuor! - O barbado berrou de volta, com o seu sotaque forte.

Me joguei na cadeira perto dele, fazendo Hugo me lançar um olhar de repreensão, por ver meus pés indo diretamente para cima da mesa de som.

- Talvez seria bom se a Petite fille tirasse os pés de cima da mesa, isso não é apoio.

Falou, arrancando meus pés do lugar com uma certa força.

- Então velhinho, nós vamos ensaiar ou você vai ficar de 'blá,blá,blá?'- Falei irônica, fazendo o mesmo pestanejar.

- Vamos logo Mon Chéri, não estamos com tempo. Você tem que ensaiar, não é pelo motivo das suas corriqueiras férias de voz, que você vai ficar sem nada para aquecer ela. Você não tem shows marcados, mas a sua voz não pode descansar muito, se não, o trabalho para mim vem carregado. Sua falta de responsabilidade ultimamente tem me atingido e me magoado sabia?

O homem falava, se expressando mais com as mãos e com as caras que fazia, que com as palavras que saiam de sua boca. Suas sobrancelhas se ergueram, e ele me olhou paralisado, quando viu que eu não me movi para ir para o meu "lugar".

- Anda, anda Sn. Você está pior que uma criança, Mon Dieu!

Levantei e fui para o meu lugar, afinal, repreensões são algo que eu não quero receber nesse momento, é melhor evitar.

Observando o espaço onde transformo minhas emoções em melodias, eu sinto uma mistura de gratidão e responsabilidade. Afinal, a música sempre foi minha fuga e também minha forma de comunicar verdades que nem sempre podem ser expressas com palavras.

Enquanto ajusto os fones de ouvido no estúdio, a melodia começa a fluir, afastando lentamente qualquer resquício do sonho angustiante. Mergulho suavemente nos acordes de "I Wanna be your girlfriend".

Stardust (SADIE SINK.)Onde histórias criam vida. Descubra agora