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A cozinha ecoa com os sons de talheres e risos, enquanto eu me sentava à mesa com minha família, tentando saborear cada momento de normalidade. Meu padrasto, uma sombra constante em minha vida, me observava com um olhar penetrante.

Com um tom ácido, ele falou. - De volta à terra natal, Sn? Espero que não tenha esquecido de onde realmente pertence. Todos podemos estar afastados, mas você não consegue se esconder por muito tempo. Eu vi certas... fotos, e eu quero explicações sobre.

Respirei fundo com as falas dele, os anos passam, mas ele continua um merda.
- Apenas aproveitando um momento com a família, se me permite. Eu não devo nada a ninguém, que eu saiba.

Minha mãe ouviu tudo, tentando mudar de assunto, disse. - Vamos focar nas coisas boas hoje, por favor.

Celso ignorou completamente o que ela disse. - Coisas boas? Parece que esqueceu quem sustenta essa casa. Agora, pelo visto, nem eu posso mandar na minha casa.

Eu me segurei ao máximo para não dizer na cara dele tudo o que eu queria. - Estou ciente. Mas isso não significa que eu deva esquecer quem eu sou.

O ambiente tenso persistia, cada garfada era acompanhada por olhares carregados de ressentimento.

Heitor, que já estava desconfortável, falou. - Sn, viu meu desenho na geladeira?

Sorri para o menino. - Claro, Heitor, está incrível. — Desviei o olhar de Heitor, para Celso. - Parece que o talento na família não é apenas para manipulações e segredos.

O homem, irritado, apontou o dedo para mim, na tentativa de me intimidar.
- Cuidado com suas palavras, Sn.

O meu celular tocou, trazendo uma breve pausa no clima pesado.

Atendi o celular, disfarçando a tensão.
- Sim, estou indo. Olhei para Celso, que estava claramente focado na minha conversa. - Parece que há coisas que não posso deixar para trás.

Mantendo a cabeça erguida, me levantei da mesa, deixando para trás não apenas o café da manhã, mas também um animal que deixavam se alimentar e sentar na mesma mesa que as pessoas.

[...]

Ao bater na porta, a ansiedade e a expectativa se misturavam dentro de mim. Henrique abriu, e sem hesitar, nos envolvemos em um abraço reconfortante, como se cada segundo afastado fosse apagado naquele gesto.

- Sn, minha prima, que saudade! Estava mesmo precisando de um pouco da sua alegria por aqui. - Henrique sorria, transmitindo genuína felicidade.

- Também senti sua falta, Henrique. Parece que estou finalmente em casa. - Respondi, devolvendo o sorriso.

Entretanto, ao se afastar, Henrique segurou meus ombros, seu olhar perspicaz indicando que algo o intrigava.

- Sn, precisamos conversar. Que fotos são aquelas? Sempre soube que tu era, mas 'tá muito explícita. - Seu semblante sério contrastava com a atmosfera leve que eu esperava encontrar.

Tentei explicar, mas Henrique interrompeu meu relato com uma expressão curiosa e surpreendente. - Você tá namorando? Quem é aquela? É famosa?

- Calma aí, Henrique. Não é bem assim. Não é namoro. - Tentei dissipar o mal-entendido com um sorriso.

Henrique, por sua vez, pegou minha mão para verificar se havia algum sinal de um relacionamento, e seu rosto iluminou-se de alegria.

- Eu sabia! Tu sempre foi discreta. Quem é a sortuda? Você tá namorando? - Ele brincou, dando pulinhos animados.

- Não é sobre um relacionamento, Henrique. São coisas complicadas, eu não sei direito. Não é um relacionamento, mas é algo, só que é algo recente, e eu não quero me iludir ou confundir as coisas. - Ri, mas a  expressão de brincadeira de Henrique deu lugar a uma compreensão mais profunda.

Stardust (SADIE SINK.)Onde histórias criam vida. Descubra agora