Ainda sentia aquela dor de cabeça latejante, uma lembrança constante das semanas que passei no Brasil.
— Luna, mesmo depois de tantas semanas, essa dor de cabeça não passa — desabafei, esfregando as têmporas com uma expressão de cansaço.
Luna lançou-me um olhar preocupado, franzindo a testa.
— Você já deveria ter ido ao médico, Sn. Isso não é normal. — Havia um tom de urgência em sua voz, algo que não passou despercebido por mim.
Antes que eu pudesse responder, Helena entrou na sala, carregando uma bandeja com chá e biscoitos. Ela colocou a bandeja na mesa de centro e sentou-se ao nosso lado.
— Mas e o seu celular, você encontrou ele? — perguntou Helena, enquanto servia o chá.
Balancei a cabeça, frustrada.
— Não, acho que perdi ele. Desde o dia que voltei do Brasil, não vi mais. Talvez seja até bom... Pretendo ficar longe das redes sociais por um tempo. — Havia uma mistura de alívio e frustração na minha voz.
Helena assentiu, mas notei um vislumbre de preocupação nos olhos dela. Luna e Helena trocaram olhares, claramente preocupadas comigo.
...
Estava sentado em um restaurante movimentado no centro de Nova York, saboreando uma fatia de pizza enquanto olhava atentamente para Sadie. O burburinho ao redor parecia distante, quase irrelevante, comparado com a intensidade da nossa conversa.
— Descobri mais coisas, Henrique — disse Sadie, inclinando-se sobre a mesa com um olhar determinado. — O dinheiro realmente ajuda a abrir a boca das pessoas.
Arqueei uma sobrancelha, interessado. Sabia que Sadie era persistente e estava disposta a fazer o que fosse necessário para ajudar Sn.
— O que você descobriu?
— Descobri onde Odete mora. — Sadie abaixou a voz, como se temesse que alguém pudesse ouvi-la. — É uma casa no Brooklyn. Achei que deveríamos ir até lá.
Senti uma onda de excitação e preocupação. Odete podia ser a chave para desvendar todo o mistério envolvendo o padrasto de Sn.
— Eu vou para lá — disse, decidido, empurrando o prato vazio de lado.
Sadie segurou minha mão, seus olhos cheios de preocupação.
— Não vá sozinho. Pode ser perigoso. Só eu e você queremos continuar sabendo sobre Odete. Sn não está muito bem com isso, Helena e Luna também não, e eu realmente não quero bater de frente com Helena.
Sorri, tentando parecer confiante, apesar da pontada de nervosismo no estômago.
— Eu vou sim, pela Sn. Mas não conte nada para ela, ok?
Sadie hesitou, mordendo o lábio, mas finalmente concordou com um aceno. Levantei-me, jogando alguns dólares na mesa para pagar a conta, e me despedi de Sadie com um abraço rápido.
Pouco tempo depois, estava parado em frente a uma casa comum em um bairro tranquilo do Brooklyn. A fachada era modesta, com janelas pequenas e uma porta de madeira desgastada. A casa de Odete parecia tranquila, com todas as luzes apagadas. Bati na porta algumas vezes, mas ninguém respondeu. Um vizinho, saindo da casa ao lado, olhou curioso para mim.
— A senhora que mora aí não está em casa há alguns dias — disse o homem, coçando a cabeça. — Acho que foi visitar uns parentes.
Agradeci com um sorriso e esperei o vizinho entrar em casa. Olhei ao redor, certificando-me de que ninguém mais estava por perto, e aproveitei um vão na janela entreaberta para entrar na casa. A sala de estar estava mergulhada na penumbra, com móveis antigos cobertos de poeira. O silêncio era quase opressivo.
Movi-me com cuidado, indo direto para o quarto de Odete. A porta estava entreaberta, e eu empurrei suavemente, entrando no cômodo escuro. As cortinas pesadas bloqueavam a pouca luz do lado de fora, deixando o ambiente quase totalmente escuro. Liguei a lanterna do celular, iluminando a pequena mesa de madeira ao lado da cama.
Enquanto mexia nos papéis, buscando algo que pudesse ser útil, senti uma vibração no bolso. Tirei o celular e vi uma mensagem de um número conhecido.
— "Você, Henrique, invadindo a casa das pessoas? Preciso da sua ajuda urgente." — li, confuso. A mensagem vinha do número de Sn. Meu coração disparou. — Merda, Sadie, você já contou.
Suspirei, saindo do quarto e fazendo o caminho de volta pela sala de estar, sentindo uma crescente sensação de urgência. Esgueirei-me pela janela, fechando-a atrás de mim, e segui rapidamente para o local indicado na mensagem. O endereço me levou a um beco estreito e sombrio, cercado por prédios abandonados. O lugar parecia estranho e deserto, aumentando minha desconfiança.
Enquanto caminhava, mandei uma mensagem para Sadie.
— "Você tinha que dizer para Sn que eu fui a Odete, não é?"
A resposta veio rápida.
— "Que? Mas eu não disse nada em momento algum."
Franzi o cenho, a confusão crescendo. Parei por um momento, olhando ao redor. O beco estava silencioso, exceto pelo som distante do trânsito. De repente, senti uma pancada forte na nuca. Minha visão escureceu e desabei no chão frio e duro, a consciência escapando-me rapidamente.
Continua.
Deu para perceber um "salto temporal" né? Esse cap não foi depois da "briga" da Sadie com a Sn, foi semanas depois da Sn vir do Br com o Henrique. Gostei disso de dar a narrativa para outro personagem, dá para fazer a história correr bem melhor.
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Stardust (SADIE SINK.)
FanfictionA jornada de Sn Beaumont, uma talentosa cantora brasileira, que embarca em uma jornada de auto descoberta ao se mudar para os EUA, para escapar do ambiente tóxico de seu padrasto abusivo. No coração da trama, ela encontra um inesperado raio de luz:...