- Chega disso! - A voz firme da minha mãe, cortou o ar tenso da discussão. Ela se aproximou, encarando Celso e Henrique com seriedade. - Não vou permitir que estraguem o aniversário do Heitor com suas brigas. Parem com isso agora!
- Elisa, eu só estou defendendo a Sn. Esse cara não tem limites. - Henrique manteve a postura, enquanto Celso soltava um riso de deboche.
- Henrique, eu agradeço, mas não quero mais confusões. - Minha mãe olhou para mim com seriedade. - Sn, precisamos conversar. Vamos para o escritório.
Aceitei o convite, ignorando o olhar desafiador de Celso. Enquanto caminhávamos em direção ao escritório, minha mãe, entre suspiros, tentava manter a calma.
Ao entrarmos no escritório, ela fechou a porta, criando um pouco de privacidade. Sentei-me, esperando que ela começasse a falar. O silêncio parecia pesar sobre nós.
- Mãe, eu preciso te contar o que acontecia quando eu era criança. Eu sofria nas mãos do Celso, ele...
- Sn, não inventa histórias! Celso sempre foi um bom pai para você. Não vou aceitar essas acusações infundadas. - Minha mãe interrompeu, sua expressão endurecida.
- Mãe, não são inventadas! Ele me abusava, me ameaçava. Eu tinha medo dele! - Desabafei, as lágrimas começando a rolar. - Você não tem coragem de defender a sua filha, está defendendo aquele monstro! E eu, mãe, e eu? - Questionava, sentindo uma dor profunda.
- Claro, quando você era pequena, você era doce, meiga. Você cresceu e nem olhava na cara dele, nem "oi" você dizia! - Ela respondeu com desdém.
- Eu tinha medo dele, mãe, eu sempre tive medo dele! - Explodi, incapaz de conter a angústia.
- Isso é absurdo, Sn. Se não consegue aceitar Celso como parte da família, então talvez seja melhor seguir seu caminho. - Ela olhou-me com dureza, como se eu fosse a culpada por tudo.
- Eu não posso acreditar que você está tomando o lado dele. - Minha voz tremia, as palavras da minha mãe eram como facadas.
- Você precisa aprender a lidar com as coisas, Sn. Não podemos simplesmente jogar fora tudo o que construímos por causa das suas fantasias. - Ela falou com frieza, ignorando minha dor.
- Elisa, por favor, não me abandone assim. Eu preciso de você. Você vai fazer de novo a mesma coisa? - Minha voz tremia, implorando por uma conexão que parecia perdida.
Elisa suspirou cansada, virando-se para encarar-me com uma expressão de frustração e descrença.
- Sn, você precisa entender. Essas acusações são graves demais para serem simplesmente aceitas. Celso é parte da nossa família, e não posso simplesmente ignorar isso. - Ela falou com uma dureza que aprofundava ainda mais a ferida em meu peito.
- Mãe, eu só queria que você acreditasse em mim, que me apoiasse. - Minhas palavras saíam como um lamento, enquanto as lágrimas continuavam a cair pelo meu rosto. Minha respiração descompassada, minha pele fervendo, meu coração acelerado.
- Eu te amo, Sn, mas não posso cegar-me diante do que parece ser uma fantasia sua. - Elisa cruzou os braços, mantendo-se firme em sua posição.
- Fantasia? Mãe, eu vivi com esse peso por anos, com medo, com cicatrizes emocionais. Isso não é uma fantasia! - Eu tentava fazê-la enxergar a realidade.
- Sn, talvez seja melhor você dar um tempo. Refletir sobre suas próprias emoções. Não podemos deixar que isso destrua nossa família. - Ela fez menção de sair do escritório, deixando-me ali, com a dor de uma verdade não reconhecida.
- Meu pai sempre esteve certo sobre você. Ele tentou te tolerar, mas você é uma imunda que na primeira oportunidade de largar ele por um cara com dinheiro, assim você fez. O dinheiro do Celso te cega! Eu prefiria mil vezes não ter nada, e ter uma família normal, que ter dinheiro e ter você e ele como "família"! - Minha voz, carregada de amargura, cortou o silêncio, ecoando no escritório vazio enquanto minha mãe se retirava, deixando-me sozinha com a dor de uma família desfeita.
O silêncio que se seguiu foi perturbador, apenas quebrado pelo eco solitário das minhas palavras no espaço vazio do escritório. Minha mãe, ao sair, deixou-me com a certeza de que a verdade que eu esperava que ela visse estava perdida em meio da sua lealdade a Celso.
Enquanto eu estava saindo do escritório, vi Henrique que estava justamente vindo me procurar.
- Henrique, precisamos sair daqui. Vamos para a sua casa. - Eu falei, olhando para ele com urgência.
- Claro, Sn. Estou com você. Vamos nessa. - Henrique respondeu.
Descemos as escadas, evitando os olhares curiosos dos convidados.
Enquanto andávamos, pude reparar em Heitor, em um canto. O menino me olhou, e pude notar seu semblante triste, isso realmente me despedaçou, mais talvez do que eu já estou. E as últimas expressões do garoto, que eu provavelmente irei demorar meses, ou até anos para ver, foi me lançar um sorriso que não chegava aos seus olhos.
Heitor, o mesmo menino que me lançava sorrisos contagiantes pelas chamadas de vídeo, era o mesmo que me lançava, agora, um olhar vazio, um olhar de tristeza completa.
Chegamos à parte de baixo da casa, e eu puxei Henrique para um canto mais reservado.
- Henrique, preciso ir para os EUA. Agora. Eu não posso mais ficar aqui. - Falei rapidamente, sentindo a necessidade de agir.
- Eu vou com você, Sn. Não vou deixar você enfrentar isso sozinha. - Henrique disse, sua expressão séria.
Peguei meu celular e liguei para Elena. A voz dela ecoou do outro lado da linha.
- Elena, preciso de ajuda. Compra duas passagens para os EUA, a mais rápida que encontrar. Eu e Henrique vamos pegar o próximo voo.
- O que está acontecendo, Sn? - Elena perguntou, preocupada.
- Não posso explicar agora, mas preciso sair daqui. Estamos indo para a casa do Henrique e depois para o aeroporto. Por favor, compre as passagens. - Implorei, sentindo a urgência na minha voz.
Elena concordou, prometendo providenciar as passagens. Henrique me olhou, ele era meu apoio naquele momento.
Chegamos à casa de Henrique, e ele, prontamente, pediu um Uber enquanto lançava uma piada para aliviar a tensão.
- Parece que estamos vivendo um episódio de 'A Grande Família', só que sem final feliz.
Ri, agradecendo pelo leve momento de descontração. Enquanto estávamos na sala, meu celular tocou. Era Sadie.
- Sn, Helena me contou que você está voltando para os Estados Unidos mais cedo. O que está acontecendo? - A voz de Sadie soava preocupada.
- Não é o melhor momento para explicar, Sadie. Vamos conversar assim que eu chegar. - Respondi, tentando manter a calma.
Quando terminei de falar com Sadie, Henrique me avisou que o Uber avia chegado.
- Não vai levar nem uma mochila com suas roupas? - Henrique perguntou.
- Dinheiro não é um problema. Agora, vamos para Nova York.
Henrique riu, e logo estávamos a caminho do aeroporto. A viagem até o aeroporto não foi longa, mas foi quieta, engraçado, o menino brincalhão estava sério, e a menina que ria de tudo, bem... Não ria mais tanto assim.
Chegamos ao aeroporto, e Henrique, tentando aliviar a tensão, brincou.
- Não tem problema, Sn. Quando você chegar nos Estados Unidos, vai estar na companhia do seu amorzinho.
Ambos rimos, encontrando um breve momento de descontração antes de embarcar para Nova York. Nesse momento eu realmente pude agradecer pela existência de Elena e por seus contatos com empresas de aeroportos. Na verdade, eu sempre tive certeza que ela dava para algum dono de companhia aérea, mas isso não vem ao caso.
Dando ou não, Elena sempre conseguia de forma rápida o que ela queria. Ela sempre foi o tipo de garota que beijava o feio, apenas para ir para a área vip. Elena's version.
------------------------------------------------------------------
Sim, eu estou puta com uma personagem que eu mesma criei😁. Elisa é uma vaca sem amor no coração, se ela existe em algum universo paralelo(na minha cabeça, todos eles existem de verdade)eu quero que ela morra e apodreça no colo do capeta.
Capítulo treze DIVO. Tô amando os divos daqui e os divos de Crown weight. Pelo visto, eu tive que realmente ameaçar as pessoas, para elas lerem.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Stardust (SADIE SINK.)
Fiksi PenggemarA jornada de Sn Beaumont, uma talentosa cantora brasileira, que embarca em uma jornada de auto descoberta ao se mudar para os EUA, para escapar do ambiente tóxico de seu padrasto abusivo. No coração da trama, ela encontra um inesperado raio de luz:...