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Iɴᴄᴏᴍᴘʀᴇᴇɴsɪ́ᴠᴇʟ

- Vocês são umas imprestáveis, não possuem utilidade nenhuma! - disse a grisalha, com seu veemente senso de autoridade. - Onde querem chegar sendo desse jeito?

A mais velha soltava gritos constantes para mim e a menina de cabelos cor de ébano ao meu lado.

- Vovó, é somente um prato. - rebateu Nanako, em sua própria defesa.

- Somente um prato? - questionou com um olhar severo. - Imaginem que isso seja sua vida, e por uma decisão não pensada, você pode arruiná-la de uma vez só. E então quebra. Assim como esse prato quebrado aqui. - apontou para o prato.

Eu respirei fundo, tentando não acumular isso na minha cabeça.

- Vocês não servem pra nada. - reclamou, interligando o olhar entre mim e Nanako.

Pouco tempo depois a grisalha foi embora, deixando apenas eu e Nana no cômodo. O ambiente ficou quieto após sua partida, salvo pelo som do meu próprio suspiro, que pareceu ecoar pelo local.

Logo, peguei os utensílios para poder limpar o vidro do chão. Enquanto juntava os cacos na pá, a morena se aproximou.

- Desculpa... - murmurou meio tristonha. - A culpa nem foi sua, mas você acabou levando bronca também.

- Não precisa se desculpar. Esse sermão não foi nada mais do que algo desnecessário em nossa vida. Não deixe que isso lhe afete, é exatamente o que ela quer, então não vamos dar esse gostinho para ela. - respondi com um sorriso para descontrair.

- Tem razão. - ela ficou encarando o chão por uns segundos como se estivesse pensativa, até que voltou a se mover de novo. - Deixa eu te ajudar.

𓇢𓆸

Após o atentado lá em casa, fui para a faculdade onde curso Moda. Faltam alguns semestres equivalentes a um ano para eu me formar.

Minha vó não me apoia, mas eu sou indiferente a isso. Eu não vivo para agradar ninguém, a não ser eu mesma.

Assim que coloquei os pés no lugar, escutei o som do alarme nos alertando para irmos às nossas salas. No caminho para minha sala, encontrei meu melhor amigo, seu cabelo platinado destacava-se de longe.

- Ei, Mit! - acenei para o platinado.

Ele devolveu o cumprimento, enquanto mantinha um sorriso ladino em seus lábios.

- E aí, como vai? - perguntou.

- Bem... Melhor impossível. - apressei os passos para ficar ao seu lado.

- Isso foi sarcasmo?

- Não, eu estou ótima.

- Sei... - ele arqueou uma sobrancelha.

- É sério, não aconteceu nada.

- Quando você fala isso é porque aconteceu.

Revirei os olhos e me posicionei em sua frente, o fazendo parar de andar e me olhar.

- O que foi dessa vez? - perguntou levemente preocupado.

- Olha, não é nada demais. - ergui os ombros. - É só minha avó perturbando minha mente, apesar de repetir para mim mesma que não tem importância. - respirei fundo. - No entanto, meu cérebro é traiçoeiro.

- Nisa, você precisa se mudar. A sua avó não faz bem pra você. Se você quiser, pode vim morar comi-

O interrompi.

ᴍᴏᴛɪᴏɴ ᴘɪᴄᴛᴜʀᴇ ꜱᴏᴜɴᴅᴛʀᴀᴄᴋ (𝑺𝒂𝒏𝒛𝒖 𝑯𝒂𝒓𝒖𝒄𝒉𝒊𝒚𝒐)Onde histórias criam vida. Descubra agora