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Rᴇᴄᴏᴍᴇᴄ̧ᴏ

– O quê? – o rosto da morena era uma mistura de surpresa e confusão. – Aquele Haruchiyo?

– Sim, esse mesmo.

Eu não iria contar para ela sobre a Bonten, tanto que já pedi ao Sano para não envolvê-la, precisamente porque eu não quero que ela se preocupe.

Apesar de não ter culpa, isso é responsabilidade minha, por isso eu fiz uso da ideia de Haruchiyo.

– Onde você encontrou ele?

– Quando saí da universidade. – batucava os dedos na almofada do sofá. – O encontrei no caminho pra casa, ele se mudou pra essa cidade e me contou que estava levando o que faltava para a transferência ficar completa.

– E que curso ele faz?

– Eu não perguntei. – bocejei fingindo estar com sono para poder sair dessa conversa. – Estou morta de sono...

– Ah, tá. – levantou-se do sofá. – Eu também vou ir dormir. Boa noite, Nisa.

– Boa noite. – eu disse e logo a morena subiu escada a cima.

Subi as escadas também e fui em direção ao meu quarto, porém, um som de porta se abrindo foi ouvido, revelando a grisalha de cara franzida e com um ar furioso.

– O que estava fazendo? Por que não chegou no horário certo? – a mais velha questionou.

– Horário certo? O que a senhora quer dizer com isso?

– Exatamente o que eu disse. – fechou a porta e se aproximou mais de mim. – Assim que acabar seu turno na faculdade, venha direto pra casa, entendeu?

– Com todo respeito, vó... – pausei. – Onde eu estava não é da sua conta, eu já sou uma mulher adulta e posso fazer o que eu quiser.

– Não enquanto estiver embaixo do meu teto! – gritou. – Já não basta o curso sem futuro que você faz, ainda tem que ser rebelde. Isso é ridículo!

– O que é ridículo é você tirar a total liberdade de expressão de mim e da Nana, diminuir nossos sonhos e nossos feitos, apenas para suprimir toda sua frustração do passado! – a mais velha me olhou com um olhar de indignação, como se ela fosse a pessoa mais ofendida do mundo. O olhar dela me fez sentir como se eu não fosse uma pessoa própria, mas ao mesmo tempo, também me fez sentir muito mal comigo mesma, porque eu sentia que eu estava sempre sendo inferior a ela.

– Pois bem... então se você é tão responsável assim, não conte comigo pra nada. Eu não quero saber mais nada de você ou de qualquer coisa que você possa me dizer. Se é tão responsável, então você pode se virar por conta própria e resolver tudo sozinha.

“Como se eu já não fizesse isso”, pensei, mas nada disse. Não quero prolongar esse assunto, estou cansada de tudo isso.

Entrei no meu quarto e me preparei para dormir, o banho me deu a ilusão de que tudo isso não é tão ruim assim, o que é uma mentira, mas foi o suficiente para me tranquilizar e me permitir dormir em paz.

𓇢𓆸

As luzes do sol penetraram pelas frestas da cortina, iluminando o quarto com a luz. Eu acordei de modo suave, sem o barulho de um despertador irritante, apenas o toque gentil do sol nos meus olhos.

Eu me levantei da cama, pronta para iniciar o dia. Realizei minhas necessidades pessoais e me arrumei para ir para a loja, colocando meu uniforme de trabalho. Quando eu estava pronta pra ir, escutei batidas na porta, eu me apressei para abri-la, porque normalmente não vem muitas pessoas pra essa casa, então pensei que poderia ser algo importante.

ᴍᴏᴛɪᴏɴ ᴘɪᴄᴛᴜʀᴇ ꜱᴏᴜɴᴅᴛʀᴀᴄᴋ (𝑺𝒂𝒏𝒛𝒖 𝑯𝒂𝒓𝒖𝒄𝒉𝒊𝒚𝒐)Onde histórias criam vida. Descubra agora