|O Solitário Deus do Vento 🍃|

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 Venti estava sentado ao lado de sua estátua na Origem do Vento, o sol estava caindo do céu e, diferente do normal, não havia nenhum animal andando pelo lugar e tudo que era ouvido era a canção solitária do vento.

— Hah... — Ele riu tristemente enquanto encarava os presentes deixados pelo viajante.

Uma Cecília, suas pétalas brancas estavam perfeitamente preservadas, era difícil vê-las assim, às vezes o vento machucava sua delicadeza e deixavam-nas com uma aparência mais rude, porém sua forma natural e recém nascida era branca como leite com seu pólen brilhante esverdeado.

Venti passou seu dedo na flor, o toque era suave e delicado, porém ao mesmo tempo prejudicial. O brilho inocente da flor começou a sumir com o toque, como se o vento soprasse e levasse a magia.

O Arconte se perguntava o porquê do viajante ter lhe dado tal flor, uma que tantas vezes demonstrava tão bem o passar do tempo.

O sorriso sem jeito se manteve mesmo quando a pétala cor de leite desbotou um pouco de sua cor e se tornou acinzentada, ele apenas viu o pó brilhante ser arrastado pelo vento em direção ao mar.

— Delicada e resistente. — A voz melódica soou baixa.

Cecílias só cresciam em lugares com ventos fortes, por isso eram tão raras de se encontrarem preservadas.

Mais uma vez, o vento soprou e Venti finalmente mudou seu olhar. O som das folhas da grande árvore o fez olhar para cima. A noite estava linda, cada estrela marcada com o destino de alguém brilhava de modo único e distante, aquilo era algo em que nem o vento poderia danificar. Elas sempre estariam no céu, guiando viajantes por terras sombrias e iluminando noites de famílias unidas.

Venti fechou seus olhos e apenas sentiu a brisa que acompanhava aquele mundo, ele conseguia ouvir gritos de crianças que corriam pelas ruas de Mondstadt brincando; a risada dos bêbados que se escondiam nas tavernas, onde se divertiam juntos; brigas de irmãos, que nunca foram resolvidas mesmo após tanto tempo; o som cansado dos guardas e trabalhadores que passariam a noite inteira acordados para concluírem suas tarefas...

O vento ecoava para cima do Arconte que apenas ouvia quieto, ele imaginava a vida daquelas pessoas, humanas por natureza, não apenas uma imitação. Venti olhou para seu corpo e depois para a flor ao seu lado, lágrimas começaram a escorrer de seus olhos tristes. Era tão dificil entender de onde vinha aquele maldito sentimento de solidão que o acompanhava a todo momento, no final a pessoa que todos conheciam era só uma casca de um velho amigo, a pessoa a quem a pequena particula Anemo jurou proteger na época em que o bardo, Venti, sequer pensava existir.

Era estressante e solitário, Venti nunca seria uma pessoa e nunca perderia aquele vazio tenebroso que ardia em seu peito e que o fazia se afastar de tempos em tempos.

O arconte acalmou sua mente, fazia tanto tempo, mas ainda parecia ontem a última vez que ele havia visto seu sorriso.

Com a mão, Venti pegou cuidadosamente a flor e a levou para perto do nariz, o cheiro parecia o mesmo de sempre, não importava o quanto o vento a ferisse, ela sempre teria a mesma essência.

As grandes lágrimas caíram sob as pétalas, era triste a flor tomar uma cor mais amarelada como papel, mas ainda fazia parte de sua vida, algo impossível de se interromper, ela estava destinada a desbotar, o vento só acelerava esse destino.

Um pouquinho de tudo! - One-shots e HeadcannosOnde histórias criam vida. Descubra agora