Bruce Yamada nunca imaginou que ficaria presa dentro de uma sala e que a pessoa que lhe tiraria de lá seria Vance Hopper. Sua expressão poderia ser hilária, caso a situação em si não fosse melancólica e frustrante. Poucos segundos antes de ouvir a voz da outra garota, Bruce estava começando a se derramar em lágrimas.
Ela engoliu em seco e se afastou da porta como lhe havia sido mandado, mas esqueceu de avisar a Vance devido ao nervosismo.
— E aí? Saiu?
As maçãs de sua face coraram e Bruce se sentiu ridícula.
— Sim, sim...
Após sua afirmação, Bruce ouviu o estralar da língua entre os dentes de Vance e a porta começou a tremer enquanto a maçaneta subia e descia. Apesar de ter parecido difícil e demorado, principalmente porque Bruce estava se sentindo terrivelmente claustrofóbica - ela nem tinha claustrofobia - e com medo, quase como se estivesse enjaulada com um monstro, eventualmente a luz externa apareceu.
O único monstro ali dentro era a ansiedade, possuindo, tomando, consumindo seu corpo.
A porta finalmente se abriu por inteira com o empurrão que Vance deu, revelando sua figura implacável e de punhos cerrados. Ela não carregava um sorriso debochado, um olhar risonho ou uma vontade de zombar como Bruce esperava. Era diferente, era como se estivesse com raiva através de suas sobrancelhas arqueadas, os lábios encostados para não pronunciar nenhuma palavra sequer e seus olhos pareciam mais profundos do que o normal.
Talvez fosse o perigo em formato de pessoa na saída, mas Bruce não conseguia enxergá-la assim. Naquele instante, sentia como se Vance tivesse se tornado outra pessoa, porque tudo que conseguia enxergar era uma postura forte, um símbolo claro de salvação e uma beleza indomável.
Por alguma razão, Vance Hopper estava linda aos olhos de Bruce Yamada.
Devido a tais razões adicionadas ao temor, medo e ansiedade que Bruce estava sentindo, a garota antes presa se sentiu obrigada a avançar para frente, o rosto cabisbaixo, os lábios comprimidos, os fios quase voando com a força da pressa. Foram poucos segundos até que se encostasse completamente contra o corpo alheio.
E ali, de braços abertos, Bruce repousou e soltou mais alguns soluços. Não havia nenhuma vergonha em si para que impedisse as águas oculares de descerem pelas bochechas e caíssem no chão ou em alguma parte do corpo.
Ela demorou alguns segundos para perceber que estava abraçando Vance Hopper e chorando na frente dela. Tornou-se vermelho o local no qual as lágrimas passavam, ao menos queimando o que estava tão frio.
— Merda! - Bruce exclamou, soltando Vance e finalmente levantando o rosto. Secou todas as lágrimas na pressa. — Eu não sei por que fiz isso. Desculpa. Eu não devia-
— Cale a boca e chore mais um pouco. Acho que você precisa disso. - Vance respondeu e puxou Bruce de volta pelo braço.
As mãos surpreendentemente delicadas de Vance trilharam as laterais da barriga de Bruce e finalizaram no fim das costas, próximo a cintura, para que Bruce não conseguisse sair dali. Garantindo que a garota ficaria parada, Vance soltou uma das mãos e a ergueu para acariciar os fios negros alheios.
Simultâneo ao carinho, Bruce teve seu rosto pressionado contra o colo dos seios de Vance, que, apesar de não estarem aparentes e completamente cobertos, ainda eram notáveis.
Foi então que Bruce percebeu que havia parado de chorar e que havia um sufoco enorme em estar ali. Sua respiração estava ofegante, seus lábios entreabertos para puxar e soltar o ar, seu coração acelerando e bombeando ainda mais seu sangue, que, naquele ponto, já estava carregando uma mistura de vergonha e conforto, e seu rosto, céus, parecia ficar cada vez mais quente.
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Segredos e Exigências
ФанфикBruce Yamada era simplesmente a garota mais popular, encantadora, bela e desejada de sua escola. Seu corpo estava em forma, seu rosto era bem traçado, pincelado e cuidado, suas roupas estavam sempre impecáveis e a personalidade gentil era sua maior...