Segredos e Exigências

Sete

Alerta de gatilho: pensamentos gordofóbicos, distorção de imagem e menção a transtorno alimentar.

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Bruce cortou as cortesias, as indiretas e os cumprimentos. Ela estava ansiosa, perdida, desinformada e extremamente confusa sobre seus próprios pensamentos, então não houve piedade sobre Finney quando a garota chegou à sala, decidida a tirar respostas de seu melhor amigo.

Finney não estava sequer preparado para a bomba de perguntas que receberia, seus pensamentos estavam distantes e seu rosto, pálido. Seus lábios rachados tremiam um pouco, mal havia percebido a chegada de Bruce.

Mesmo assim, Bruce não hesitou, porque sabia que precisava fazer aquilo naquele momento.

— Finney, você tem dez segundos para começar a falar por que mentiu para mim, por que escondeu coisas de mim e por que nunca me contou que estava sendo importunado por minha causa.

E o que restava de tom natural em Finney se esvaiu junto de sua respiração. Seus olhos arregalados demonstravam todo o temor e a surpresa que havia sido reunidos dentro de seu corpo tremido.

Se Bruce pudesse descrever os sentimentos de Finney, diria que ele estava exatamente como ela no dia anterior. Era um pouco engraçado como a vida monótona dos dois amigos estava virando de cabeça para baixo - embora Bruce soubesse apenas o motivo de seus atuais problemas, e não o de Finney.

Outro ponto relevante era a quantidade de tempo que havia se passado desde a última vez que Bruce havia chamado Finney pelo nome inteiro e não pelo apelido, principalmente pelo perigo de alguém de fora escutar. Mas não existia paranoia alguma que tivesse capacidade de interromper os pensamentos curiosos de Bruce.

Ela precisava saber ali e agora. Já havia se passado tempo demais sendo mantida no escuro.

— Bruce... O quê... Como... - Finney gaguejou e balançou a cabeça negativa e levemente, como se estivesse se recusando a acreditar.

— Eu vi tudo, Finney. Eu vi aquele cara te ameaçando e dizendo que ele não é o único a te importunar por minha causa. Eu vi Robin Arellano te defendendo. Eu vi você mentir para mim, dizer que iria passar o intervalo com Griffin quando, na verdade, você estava fugindo de mim!

Finney engoliu em seco e desviou o olhar para alguma coisa embaixo, talvez para o chão ou para suas pernas, Bruce não sabia dizer. Ele estava envergonhado, constrangido e com medo, talvez da decepção, da frustração ou do fim de sua amizade com Bruce Yamada.

E seria a maior mentira se Bruce dissesse que não havia se sentido assim antes; temia o dia em que Finney percebesse que sua melhor amiga era um mamute enorme, horrorosa, feia e cheia de gorduras para dar e vender. Era para ela ter resolvido mais uma vez aquele problema durante o intervalo, mas teve seus planos interrompidos pela exigência de Vance Hopper.

Pensando sobre exigências, Bruce se deu conta de que Vance não havia dito o que iria querer no lugar do último pedido não realizado. Apenas disse que iria querer algo e se foi. Normalmente, Bruce ficaria nervosa, ansiosa e paranoica, imaginando as piores possibilidades, mas, naquele ponto, seu foco estava totalmente centrado em Finney.

Ela se sentia tão traída. Finney não escondia coisas de si, nunca o fazia, e tudo ficou pior quando o segredo envolvia o nome de Bruce. A garota tinha que saber, era seu direito e obrigação, por que Finney havia omitido?

Não sabia se sentia raiva pelas mentiras, melancolia pelo ocorrido ou curiosidade.

— Desculpa, Bruce. - Finney suspirou e continuou sem encarar seus olhos. — Desculpa.