PRÓLOGO

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Sorrio para a câmera enquanto mamãe enlaça seu braço ao meu e papai a abraça ela de lado pela cintura.

- Oh que foto linda, você são uma família muito bonita - o fotógrafo elogia e eu aceno com a cabeça, o dando um sorriso forçado.

- Obrigada, mas toda a beleza está nas minhas meninas - meu pai diz sorrindo, falso como sempre, ele beija a mão da minha mãe que sorri para ele, também falso.

Falso.

Essa palavra define bem tudo ao meu redor, meu pai é falso, minha mãe é falsa e todas essas pessoas sorrindo e acenando também são.

Mentira.

Outra palavra que define minha vida, é tudo uma mentira. Desde o amor dos meus pais até a gentileza que eles mostram para todos esses abutres ao meu redor. Meu pai é um político, muito bem sucedido e minha mãe uma juíza muito talentosa, eles ambicioso, rudes, mentirosos e péssimos pais. Cresci sendo forçada a aprender várias línguas, aprendendo a dançar, a como portar diante as pessoas, eles escolhiam meus amigos, minhas comidas, roupas e quando eu decidi escolher algo por mim mesma, eles surtaram.

Brigaram, gritaram e me xingaram. Eles são pais horríveis e eles tem todo o controle da minha vida e é por isso que estou nesse evento infernal, eles dizem que todo dinheiro arrecadado aqui vai para doação mas a verdade é que vai tudo para os bolsos deles. Estou louca para chegar em casa e pegar meu bebê no colo, minha filha é a única coisa boa que eu tenho na vida e se para ter ela na minha vida eu tenho que abdicar do controle sobre minhas ações, então tudo bem, nunca pensei que eu pudesse amar tanto alguém como eu amo aquele pequeno ser humano.

- Da para você desmanchar essa cara de bunda e sorrir? - mamãe aperta meu braço enquanto sorri para um casal que passa ao nosso lado.

- Estou sorrindo - olho para ela com o sorriso mais falso do mundo e ela bufa revirando os olhos.

- Vá conversar com o filho de Sofia, seja gentil - não foi um pedido, foi uma ordem e eu acato com um sorriso no rosto.

Depois de horas de tortura, finalmente chego em casa e a primeira coisa que faço é verificar meu bebê dormindo no berço ao lado da minha cama, eu tomo um banho e coloco um pijama confortável, uma empregada me trouxe um suco de laranja e eu tomo tudo, pego meu bebesinho cheiroso e vou para cama, não demoro a pegar no sono.

...

Bocejo e me viro na cama, ainda de olhos fechados eu procuro minha filha com minhas mãos passando pelo espaço vazio em meu lado mas não encontro, me sento tão rápido na cama que fico tonta.

Minha filha não está na cama.

Me levando e não a encontro no berço, o relógio na cabeceira da cama marca duas horas da tarde, eu dormi muito, será que Clara pegou ela? Eu acho que sim, minha mãe que não foi. Com calma eu tomo um banho e lavo meus cabelos, depois de meia hora para finalizar meus lindos cachos eu saio do quarto. Passo pelo largo corredor e desço as escadas, a sala está vazia então vou para a cozinha a encontrando vazia também, vou para a sala de brinquedos, biblioteca e quintal e não encontro ninguém.

Onde está todo mundo?

- Ah Clara, estava te procurando - sorrio quando a encontro saindo da área dos empregados - Onde esta Maggie? - minha antiga babá e cozinheira da casa me olha confusa, um vinco se formando entre as sobrancelhas.

- Eu não sei.

- Como não sabe? - pergunto sem entender - Você é a única que pega ela e ela não estava no quarto quando acordei.

- Eu não sei menina, todos os receberam folga e eu nem deveria estar aqui, só esqueci algo e estou saindo - me responde com calma - Eu não entrei no seu quarto, sua mãe deve ter pegado.

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