CAPÍTULO 04

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Estico meus braços e pernas, me espreguiçando cheia de preguiça, quando abro meus olhos levo um susto tão grande que me arrasto para trás na cama e acabo caindo no chão. Os olhos dele estão negros, completamente negros e ele estava tão perto de mim, me olhando de uma forma bizarra.

- Mas que droga - coloco minha mão  esquerda em cima do meu peito, sentindo meu coração acelerado enquanto me apoio na outra mão e ele abre um sorriso, os dentes brancos e pontiagudos amostra para mim.

- Ah - ele fecha os olhos e respira fundo, o sorriso aumenta e ele entorta a cabeça para o lado, abrindo os olhos lentamente, quase como se estivesse drogado - O seu medo é delicioso - a voz dele está mais carregada e arrastada, lambo meus lábios sentindo minha boca seca e ele franze as sobrancelhas e semicerra os olhos para mim.

Ele se levanta e só então percebo que ainda estou no chão, quando me levanto ele já está parado na minha frente, pisco assustada e afastando minha cabeça para trás, ele está muito perto.

Uau. Muito mais bonito de perto.

Mesmo com os olhos estranhos.

- Onde está? Porque sumiu tão rápido? - ele pergunta lentamente, parece que as palavras lançam em seus lábios, é fascinante.

- Oque?

- Seu medo.

- Ja disse que não tenho medo de você.

- Mentira, sentiu quando acordou.

- Qualquer um sentiria medo ao acordar e dar de cara com alguém tão próximo do seu rosto.

- Você é tão estranha.

- O que houve com seus olhos? - ele bufa e se afasta, indo se sentar na cama, ele me olha de cima a baixo e estala a língua.

- Se eu não posso te fazer sentir medo, vou precisar de outro sentimento ruim.

- Porque seus olhos estão negros?

- Traição talvez? Mas como eu faria isso?

- Sua voz também mudou, ficou mais grave.

- Inveja, tristeza, ciúmes?

- Não vai me responder?

- Ah mas eu gosto do medo, o sangue fica tão mais gostoso assim - ele faz bico e cruza os braços, me ignorou completamente.

- EI - grito batendo meu pé no chão e cruzando meus braços, ele salta no lugar e tampa os ouvidos por causa do me grito - Me responda.

Ele fecha a cara e se levanta tão rápido que não consigo registrar o movimento, em um piscar de olhos meus ele já está em cima de mim, minhas costas coladas bruscamente contra a parede e sua mão no meu pescoço, a respiração forte contra meu rosto.

- Nunca mais grite comigo - ele praticamente sussurra as palavras e seria quase impossível eu não ouvir por causa da nossa proximidade, ele aperta meu pescoço e abro minha boca em busca de ar, meu olhos de arregalam e minhas mão vão direto para a sua no meu pescoço tentando aliviar o aperto, sem sucesso - Se fizer outra vez, vou te quebrar inteira, osso por osso e aí sim vou me fatisfazer com seus gritos.

Eu sei. Sei que deveria ficar apavorada, sei que a morte tão próxima de mim deveria me assustar pra caralho e que eu deveria sentir pavor dele mas eu estou quebrada, porra eu to muito quebrada por a pontada que eu sinto não é de medo, vem do meu baixo ventre e me arrepia inteira.

Puta merda isso me excitou.

Ele inspira o ar enquanto fecha os olhos e me solta, com um baque meu corpo cai no chão, levo minhas mãos tremulas até meu pescoço dolorido, meus olhos cheios de lágrimas e o coração a mil. Levo meu tempo para me recuperar do ar roubado e quando levanto ele esta me olhando de cima, uma sobrancelha levanta e o rosto completamente sério. Ele pende a cabeça para o lado e pisca lentamente, os olhos voltaram ao normal, sem dizer uma palavra ele vira as costas e caminha até a porta, o som dela fechando e a única coisa que escuto antes do silêncio sufocante tomar conta de tudo.

Me arrasto até estar encostada na parede e abraço minhas pernas, o medo de estar sozinha aparecendo tão rápido quanto um piscar de olhos, olho em volta e o vazio da sala é tão parecido com o que sinto dentro de mim que tenho que fechar meus olhos, não sei quando mas começo a bater minha cabeça na parede. Os pensamentos ruins, lembranças embaçadas, conversas que não me lembro de ter tido e tudo um borrão que me fazem sentir angustiada e sem rumo.

- Venha comer - sua voz me faz parar me me mover, quando abro meus olhos encontros seus olhos bonitos em mim - Coma antes que esfrie.

A mesa de centro está cheia, tem comida suficiente para três pessoas, tem bolo, pães e suco, café e até frios, além de alguns pacotes fechados de biscoitos. Minha boca enche d'água e em um pulo eu estou de pé, me sento no chão com o estomago roncando e ele senta de frente para mim, comemos em silêncio. Devoro tudo que posso com muita satisfação, faz tanto tempo que não como um bolo ou pão fresquinho, solto um gemidinho ao tomar um gole do café e ele levanta as sobrancelhas e de repente me sinto envergonhada. Encolhi meus ombros colocando minhas mão em cima das minhas pernas.

- Desculpe, eu estava com fome.

- Percebi - sem mais palavras ele volta a comer, dessa vez me ignorando.

Não tenho certeza do que fazer agora, será que posso terminar meu café? Como se lesse meus pensamentos ele aponta para minha xícara e feliz da vida eu a pego para terminar meu café quentinho.

- Posso te fazer uma pergunta?

- Se eu te disse não, você vai fazer do mesmo jeito - dando de ombros ele da uma grande mordida no pão cheio de queijo e eu tomo isso como um sim.

- Qual seu nome? - ele pisca e para tudo o que está fazendo - O meu é Bessie, qual o seu?

- Pra que quer saber? - ele pergunta com a boca cheia, parece estranhamente surpreso.

- Não posso ficar me referindo à você como "ele" - faço aspas com meus dedos e ele semicerra os olhos.

- Se referindo a mim? E com quem é que você fala maluca?

- Com elas - aponto em volta e ele arregala os olhos seguindo meu dedo, engolindo uma golada grande de café.

- Olha só, você para com isso que eu tenho medo de fantasmas - franzo minha testa para ele que se encolhe todo.

- Você disse que vai me matar, é um assassino e tem medo de fantasmas?

- O que tem?

- Você tem medo que as pessoas que matou voltem para te pegar?

- O-o garota, fica quieta - ele se levanta e vai se sentar na cama, longe de mim.

- Você tem não é? Medo que os mortos queiram se vingar de vingar.

- Atticus.

- O que?

- Meu nome é Atticus - levanto uma sobrancelha e sorrio.

- É lindo, como você.

- Ai credo, esquisitinha.

- Atticus - falo e ele me olha sério - Atticus, Atticus.

- Para com isso - ele manda e me calo o encarando, ele engole em seco e desvia o olhar enquanto pisca rapido - Seu leite está  vazando.

A blusa que ele me deu esta molhada e faço bico, com um suspiro eu arranco ela do meu corpo e pego o negócio que estava tampando o bolo, começo com o direito que está mais cheio, coloco debaixo do meu seio e aperto, faço uma careta porque é desconfortável para mim e aos poucos o leite vai saindo. Faço isso com os dois, não sei quanto tempo demora mas quando visto a blusa outra vez e levanto meus olhos para Atticus, encontro ele me encarando com os lábios entreabertos e o rosto vermelho o que me faz sorrir.

- Você esta vermelho - ele pisca rápido e bufa se deitando virando de costas para mim.

- Cala a boca - ele manda e eu faço, vou até a estante e escolho um livro, não tenho muita escolha porque só tem suspense e terro nessa estante mas acabo encontrando alguns de fantasia e encontro um que me chama atenção "O Acordo com o Rei Elfo: A Married to Magic novel, Elise Kova" decido ler esse.

...

Oii gente desculpe pela demora, não estou com muita inspiração para escrever e minha vida ta meio merda, acabo ficando sem vontade de escrever.

Espero que vocês estejam gostando, por favor não esqueçam da estrelinha e se der por favor deixe um comentario. 🙂

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