CAPÍTULO 02

378 56 4
                                    

Meus olhos demoram a se acostumar com a escuridão do local, quando me acostumo não vejo muita coisa pois só tem a luz de uma lâmpada amarela que não faz muito bem o seu trabalho. Com medo eu arrasto meus pés, ando devagar e olho em volta assustada.

Silêncio.

Esse lugar é assustadoramente quieto e escuro, um arrepio passa por minha espinha e paro no meio da sala, não tem nada aqui, só um corredor ao meu lado direito que é um breu completo.

- AH! - grito assustada quando um rato passa por cima do meu pé, sinto arrepios por todo meu corpo - Que nojo, que nojo argh - eu odeio esse bichos nojentos, me viro para trás assustada, escuto os sons dos ratos e me encolho.

Arrepiada, com nojo e assustada eu me abaixo e abraço minhas pernas, meu queixo treme e meus olhos enchem de lágrimas, com o rosto escondido entre minhas pernas eu choro.

- Papai, papai eu prometo ser uma boa menina então por favor me tira daqui - sento no chão e choro baixinho, esperando que por algum milagre ou por um tico de remorso meu pai venha me tirar daqui.

Mas isso não acontece e eu acabo pegando no sono. Acordo encolhida no chão, tremendo de frio e sentindo muita fome, escuto um som estranho e me sento com rapidez sentindo uma leve tontura e quando olho na direção do som percebo que vem do corredor escuro.

Eu não vou entrar ali.

Não sou louca.

Olho na direção da porta e suspiro me levanto e andando para a parede oposta ao corredor, ignoro o medo e curiosidade crescente e vou me encosto na parede, escorregando para o chão, olho fixamente para o lugar escuro e mordo meu lábio inferior, me sinto observada mas quando olho em volta não vejo nada além do que a luz da lâmpada me permite.

Suspirando coloco minhas mãos ao lado do meu corpo para me ajeitar mas acabo tocando em algo estranho e molhado, pelo escuro não vejo o que é, espero que não seja um rato morto porque eu pego e levanto na direção da luz, não deveria ter feito isso.

- AH! AH PUTA MERDA - com o coração a mil e olhos arregalados eu jogo aquilo longe.

Uma cabeça.

Uma cabeça, humana com olhos arregalados e sangue ainda umido, com as mãos molhadas eu me arrasto para longe da cabeça e começo a choramingar, cubro minha boca soltando um grito abafado quando encontro o tronco que deduzo pertencer aquela cabeça.

- Que porra, que porra - me levanto aos tropeços e ando para longe daquele negócio - Puta merda.

Tem um buraco do peito a cintura do tronco sem órgãos ou sangue, somente o sangue ao redor do tronco que está sem pernas ou braços, eu me arrastei naquele sangue. Devo estar cheia de adrenalina pois meu choro foi embora e eu só sinto meu corpo trêmulo enquanto encaro aquela atrocidade.

Quem fez isso?

Escuto um barulho ao meu lado e pulo de susto me virando de costas para aquilo que me assustou, estou muito perto do corredor e foi daqui que veio aquele barulho, limpo minhas mãos sujas no tecido da minha blusa que não se encontra assim tão limpa, e decido que não quero ficar aqui, com partes do corpo de alguém morto, e apesar do pavor que sinto de todo esse escuro, eu começo a andar lentamente porque me sinto mais apavorada ainda em ficar com partes de alguém morto.

Outro rato passa por cima dos meus pés e dou um pulo, gritando assustada, quando olho para trás percebo que estou longe da sala onde me colocaram e na minha frente só tem escuridão, fico parada indecisa do que fazer. Um morto não pode me machucar ainda mais sem pernas ou cabeça, mas ainda assim a ideia de ficar ali não me agrada, só que o medo do escuro não me deixa andar, então me encolho no lugar onde parei e volto a chorar.

- Porque estão fazendo isso comigo? Eu não sou louca então porque tenho que ficar aqui para ser drogada e torturada? Porque fez isso comigo papai? - fungo limpando meu nariz na manga da minha blusa - Eu tenho medo de escuro - abraço minhas pernas e escondo meu rosto voltando a chorar.

Ele ia me machucar, porque eu não podia machucá-lo primeiro?

Escuto um clique e levanto meus olhos piscando rápido para afastar as lágrimas, está claro, todo o corredor está iluminado, quando olho para trás percebo que da onde eu vim ainda está escuro. Fungando eu me levanto e volto a andar, nem um pouco preocupada sobre como as luzes ligaram, o importante é que ligaram e eu não estou no escuro. No fim do corredor tem uma porta mas também tem uma porta um pouco antes do fim, penso em ir para essa porta e até dou alguns passos para ali mas todas as luzes até esse porta se apagam o que me faz correr assustada para a porta do fim do corredor, e cada passo que eu dou faz as luzes apagarem o que me faz entrar com tudo e bater a porta com força.

Encosto minhas testa na porta e respiro fundo sentindo meu coração disparar, me arrasto pelo chão até me sentar e ainda de olhos fechados eu tento controlar minha respiração, coloco minhas mãos no meu peito que sobe e desce com rapidez e sinto a blusa molhada, quando olho para baixo percebo que meus seios estão vazando. Meu queixo volta a tremer e tampo meu rosto com minhas mãos, encostando minha cabeça na porta, eu estou suja e fedida.

- Aff você só chora.

Meu corpo da um sobressalto com o susto e coloco minhas mãos no chão ao lado do meu corpo sentindo meu coração disparar e olho na direção da voz repentina.

- Sim, esse som - o homem na minha frente joga a cabeça para trás e lambe os lábios e sorri com maldade - O som do seu coração disparado pelo medo, o sangue correndo com rapidez por todo seu corpo e sua mente trabalhando rápido para encontrar uma saída... É delicioso - seu sorriso abre mais e seus caninos exageradamente grandes me chamam atenção - Não vai gritar? - ele pende a cabeça para o lado me olhando com curiosidade.

Eu fico muda, aperto minhas mãos em punhos e prendo minha respiração olhando para ele, e de todos os pensamentos que eu poderia ter, o que passa pela minha cabeça é: Puta merda ele é lindo.

TattooOnde histórias criam vida. Descubra agora