CAPÍTULO 01

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- NÃO, NÃO POR FAVOR - grito enquanto os malditos enfermeiros me arrastam pelos corredores brancos da clinica - Por favor, por favor, eu não vou fazer outra vez - imploro enquanto sinto minha garganta arder de tanto que gritei do caminho do refeitório até o corredor do pesadelo.

Quando cheguei aqui, a primeira coisa que vi foi meu quarto, pequeno e todo branco, uma cama e uma mesa de cabeceira com três gavetas pequenas que não serve para nada, um banheiro minúsculo com um vaso sanitário, uma pia e o chuveiro. A segunda foi o diretor e a infeliz da Madre superiora, sim, tem freiras nesse inferno, freiras por todo lado e todos horríveis mas a Madre é a pior de todos, ela me disse as regras que eu deveria seguir e as consequências dos meus atos. Minha memória está estranha, tenho fragmentos de coisas que não sei se é real e de pessoas que eu não sei se existem e tem um bebê que eu não tenho ideia de quem é, estou dopada a maior parte do tempo.

1° Sempre falar baixo e não xingar.
2° Tomar os remédios direito.
3° Não agredir os funcionários e outros pacientes.
4° Se eu não comer na hora certa, então não vou comer mais naquele dia.
5° Ir as consultas com o Psiquiatra e não causar problemas para ele.

Caso eu precise de disciplina

1° Será usado sedativos para me manter apagada por dias.
2° Isolamento na sala da escuridão.
3° O corredor do pesadelo.

- Seu pai disse para que você recebesse nosso tratamento mais intenso, seus dias de paz acabaram querida.

Dias de paz.

Como se eu soubesse o que é isso.

Não demorou muito para eu descobrir que todos o castigos são levados muito a sério, os sedativos me mantém apagada por três dias, o isolamento é um inferno, dura uma semana e eu fico em um quarto todo escuro onde as paredes e o chão são cobertos por algo fofo que impede que eu me machuque quando chocar meu corpo contra eles e acredite, eu fiz isso, ja fiquei dias sem comer mas isso nem é o pior. O pior de tudo é o corredor do pesadelo, nesse lugar de merda eles usam tratamento de choque e ficar presa em um lugar sem nenhuma luz e muito melhor do que ir para esse tratamento, mesmo eu tendo pavor do escuro.

- Por favor, NÃO - grito quando chegamos a maldita sala, esperneio e e chuto mas os dois continuam me arrastando pelos braços - SEUS FILHOS DA PUTA, ME SOLTEM, ME SOLTEM, ME SOLTEM - sem cuidado algum eles me forçam a sentar na cadeira e prendem meu braços e pernas e nesse momento eu começo a chorar - Não façam isso, por favor, não façam isso comigo - mas eles colocam aquele negócio fedido e nojento na minha boca para eu morder quando a tortura começar e eles nem olham para mim quando se viram e me deixam sozinha na sala de choque.

- Quantas vezes vou ter que dizer para você ser uma boa garota? - escuto a voz da velha infeliz e prendo meu choro, cercando minha mandíbula com força, cheia de ódio - Nem adianta me olhar assim, nós vamos tirar o demônio que há em você, quem mandou quebrar o nariz da Irmã Júlia com aquela bandeja?

E então começa, não sei explicar oque sinto mas meu corpo tenciona completamente, meus olhos se reviram, meus dedos dos pés se curvam e aperto minhas mãos em punho, não escuto nada, não vejo nada, é só vazio e dor. E quando acaba está tudo lento e sem foco, não sei quando me pegaram e me levaram de volta para meu quarto, só sinto a cama nem tão macia abaixo de mim e então o click da porta se fechando.

Ele passa a mão em mim aperta minhas coxas e arrasta as mãos por meus quadris e barriga, levanta minha blusa e chupa meus peitos, escuto sons estranhos e então tudo some.

No outro dia acordo desnorteada, o céu ja está ficando escuro, meu corpo inteiro está dolorido e sinto vontade de chorar, me sento na cama e sinto minha blusa estranha no corpo, quando olho ela esta com uma aparência estranha, me sinto incomodada, meus peitos doem e o leite vaza. Porque tem leite nos meus seios? Porque eles doem e incham e vazam? Porque eu sinto esse vazio como se algo estivesse fora do lugar, o enfermeiro Miguel disse que ja vai fazer um ano que estou aqui, porque eu estou aqui? O que eu fiz de errado? Eu sou mesmo louca?

- Oh você acordou, hora do banho - uma enfermeira que eu não faço questão de saber o nome entra no quarto e ja vai logo puxando a coberta.

Com ajuda dela, eu tomo banho e como, me sinto meio lenta e ela nota isso porque diz que vai melhorar logo, ela me tira do quarto e me leva para a sala do Dr. Fill. Sentada em uma poltrona muito confortável eu encaro o psiquiatra que sorri tentando parecer amigável, não gosto dele, na verdade não gosto de ninguém aqui.

- Como você está se sentindo? - ele pergunta e eu permaneço em silêncio, o encarando - Não está de bom humor pelo que vejo, está se sentindo cansada? Tonta? Lenta? Me contaram da sua punição, está com muita raiva?

Continuo olhando para ele em silêncio, não percebo quando começo a balançar meu corpo devagar para os lados, ele fala algo mas não escuto, desvio meu olhar da sua cara feia para sua mesa cheia de papéis, fixo meu olhar em um abridor de cartas é bonito, tem o formato de uma espada, é pequeno e afiado.

- Você quer um pouco de água? Parece um pouco agitada - volto a olhar para ele e desvio o olhar para o bebedouro do outro lado da sala.

- Você pode pegar um pouco para mim? - com a voz mansa e meio perdida eu peço e não demora muito para ele se levantar e ir pegar.

Ele pega um copo de plástico e ainda olhando para ele eu estico minha mão e pego o objeto afiado, coloco no bolso da minha calça no mesmo momento em que ele se vira e me encontra o encarando, eu sorrio e pisco lentamente quando ele me entrega o copo.

- Eu não estou me sentindo muito bem, posso voltar para o quarto.

- Ok, vamos mudar sua consulta para amanhã, você está um pouco perdida não é? É por causa do tratamento - eu concordo e ele não tarda a chamar a enfermeira para me levar de volta ao quarto.

Ja no quarto, sentada na cama e sozinha, eu me escondo debaixo do cobertor para as câmeras não me verem, coloco a mão no bolso e pego a mini espada, semicerro meus olhos para o pequeno objeto cortante e faço um corte pequeno na palma da minha mão, e então faço outro e outro, não sei quanto tempo passa mas o sangue pinga no lençol e o mancha de vermelho, meu corpo fica tenso quando escuto a porta se abrindo, passos leves se aproximam da minha cama e arregalo meus olhos quando sinto uma mão apertar minha coxa, fecho meus olhos com força quando a mão sobe para minha bunda e aperta com mais força ainda, olho para o sangue no lençol e mordo meu lábio com força, seguro o abridor de cartas com força deixo a ponta afiada para fora da minha palma, quando sinto a mão subir para meu seio e o apertar fazendo o leite sair eu me viro na cama e enfio o objeto cortante no pescoço da pessoa que solta um grito e tropeça para trás caindo no chão quando eu me lanço sobre ele.

Com um grito cheiro de fúria e enfio o cortador em seu olho e ele grita me jogando para trás, com raiva eu volto para ele e subo em seu corpo enquanto ele tenta tirar o cortador do olho e então eu começo a enforcar o enfermeiro desgraçado. Com o sangue dele escorrendo e seus gritos sufocados eu tento colocar o máximo de força possível em minhas mãos mas logo sou puxada para longe dele, enfermeiros enchem o quarto e a Madre para na minha frente, ela me da um tapa na cara e com a respiração acelerada eu cuspo em seu rosto.

- Eu vou matar você - falo cheia de raiva - VOU MATAR VOCÊ, EU VOU TE MATAR - luto contra as mão que me seguram mas elas são muito fortes.

- Levem ela para o monstro - ela ordena e os homens que me seguram a obedecem, não sei o que sua fala significa, só continuo gritantando e gritando que eu vou matá-la, que vou matar todos eles e mesmo quando os enfermeiros me arrastam para longe do quarto e dos corredores eu não para de gritar e espernear e então eles me jogam em uma sala e fecham as portas com força, e então tudo apaga.

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